Veteranos de guerra ouvidos

Hermínio dos Santos, 56 anos de idade, líder do grupo de desmobilizados da guerra civil que opôs as forças governamentais e da Resistência Nacional Moçambicana, levou um tiro no pé primeiro dia das manifestações contra a carestia da vida na cidade e província de Maputo. O próprio dos Santos diz desconhecer as razões que levaram a polícia que fazia parte da coluna do Presidente do Conselho Municipal da Matola, Arão Nhacale, a disparar contra ele porque “eu nem estava na manifestação, não estava num grupo com pessoas, eu estava apenas parado com um jovem que vende crédito. Portanto, eu estava a comprar crédito e de repente a polícia que ia no carro de Arão Nhacale disparou contra mim”. Visivelmente revoltado, continuou dos Santos, “eu sei porquê me balearam. Eu estou na mira do governo. Eu sou um alvo a abater mas se isso vier acontecer, eles sabem das consequências que o mesmo pode significar” – ameaçou dos Santos para depois reiterar “nós o que pedimos é nosso dinheiro e sabemos que se quisermos manifestar-nos temos que seguir o que está na lei”. Sorte, segundo contou dos Santos, é que a bala usada é de borracha. Hermínio dos Santos e um grupo de desmobilizados reuniu a convite do governo, com o Ministério dos Combatentes. O encontro, dirigido pelo Secretário Permanente daquele órgão ministerial não foi consensual na medida em que a proposta do governo não foi aceite pelos desmobilizados. “O Secretário Permanente disse que existe disponível um total de 4 milhões e 100 mil Meticais para distribuir por 13 associações de desmobilizados. Eu logo perguntei mas esse dinheiro vai dar para fazer o quê, se nós o que queremos é pensão para a nossa sobrevivência??”. Brevemente, os desmobilizados têm um encontro/ concertação na Machava no sentido de traçar as linhas que deverão seguir no âmbito da pressão para que o governo lhes dê o que consideram seu de direito. “O Ministério dos Combatentes disse que estaria no encontro também para dizer exactamente o que pensa em relação as nossas reivindicações, em vez de nosm chamar para nos dizer que tem disponíveis 4 milhões para 13 associações de ex- combatentes”. Assim, os desmobilizados dizem ter muita expectativa em relação ao encontro.