sexta-feira, setembro 24, 2010

Palmar em risco de desaparecer

O vasto palmar da província da Zambézia, Centro de Moçambique, está em risco de desaparecer se não for realizado um trabalho no maneio do coqueiro tanto a nível do sector familiar como privado.O alerta é de Marcos Freire, do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), que aponta entre as várias ameaças ao palmar envelhecimento do coqueiro, a doença do amarelecimento letal e a acção destruidora do escaravelho. 'A situação é mais crítica nos distritos de Inhassunge, Nicoadala e Chinde, onde há sérios problemas de desaparecimento de coqueiros', disse Freire, acrescentando que 'se não houver um trabalho árduo de eliminação das plantas que morrem, queima das folhas afectadas pela doença, incineração ou corte da madeira para impedir a multiplicação dos escaravelhos, o palmar pode desaparecer'.Segundo estimativas, a província da Zambézia conta com um palmar de cerca de 90 mil hectares, sendo metade pertencente ao sector familiar e a outra ao sector privado. Parte considerável deste palmar está afectada pelos problemas.Essa situação significa prejuízos enormes tanto para as empresas como para as famílias que dependem desta cultura de rendimento.As famílias tiram do coqueiro o próprio coco para a dieta alimentar, venda ou para o fabrico de 'sura' (uma bebida alcoólica), além de extraírem lenha, madeira e copra (para a produção de óleo e sabão), entre outros benefícios.Os problemas do palmar no país vão desde a idade avançada até a falta de maneio. O problema do envelhecimento é agravado pela lentidão na renovação de coqueiros, situação que é mais preocupante na Zambézia, quando comparada com a de Inhambane, Sul do país, outra província com um vasto palmar.Segundo Freire, alguns coqueiros de Moçambique têm 80 ou mais anos de idade, mas ainda não foram renovados. Em condições normais, estas plantas deviam ter sido renovadas aos 40 ou 50 anos, o corresponde a 30 a 40 anos depois de iniciar a produção.A fraca renovação do palmar foi agravada pelo estado de abandono a que os coqueiros estiveram durante a guerra dos 16 anos terminada em 1992. A esses problemas acrescenta-se o facto de os agricultores terem perdido a prática de adubar os seus palmares devido aos elevados custos de fertilizantes que, amiúde, não são compensados pelo preço do coco.Volvidos quase 18 anos após o fim da guerra civil, os problemas que ameaçam o palmar moçambicano continuam porque ainda não existem acções de maneio regular e, em alguns pontos do país, os coqueiros são afectados por queimadas.'Depois apareceu a doença do amarelecimento letal e, por outro lado, o escaravelho que destrói as folhas do coqueiro e se multiplica em muitas plantas, tendo agora se tornado numa praga', explicou o agrónomo.Freire defende que a doença não vai desaparecer, mas é importante tomar sérias medidas de maneio, através de administração de nutrientes para as plantas serem mais fortes e resistentes às doenças e por via de renovação regular do palmar.(AIM) (Foto mapa, a zona sem coqueiros contrasta com algumas faixas do que resta do palmar).

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