A agência de
notação financeira Moody's considerou hoje "improvável" que o setor
da aviação civil recupere totalmente dos efeitos da pandemia de covid-19 antes
de 2023, antecipando que a procura permaneça “severamente deprimida” em 2021.
“É improvável que o
setor global de companhias aéreas de passageiros recupere totalmente antes de
2023, pois a procura de passageiros aéreos permanecerá severamente deprimida em
2021, devido às consequências do coronavírus”, refere a Moody’s num relatório hoje
divulgado. A agência de
notação financeira admite que muitas companhias aéreas melhoraram a sua
liquidez nos últimos anos, mas à custa do aumento da sua dívida. Como
resultado, as companhias aéreas avaliadas pela Moody’s terão dívidas em média
de cerca de 29 a 49 mil milhões de euros, em 2023, o que corresponde a uma
subida de 20% a 30% face a 2019.
“Os efeitos do
coronavírus, como preocupações com a saúde, mudanças nas políticas de viagens
corporativas, possíveis restrições a chegadas internacionais e menores gastos
discricionários por causa do PIB mais fraco e maior desemprego, restringirão a
procura de passageiros aéreos até 2022 e colocarão uma enorme carga de dívida
nas companhias aéreas, a nível global”, refere o relatório. Atualmente, os
volumes mundiais de passageiros estão entre 80% e 90% abaixo dos níveis do ano
anterior, de acordo com as previsões da Associação Internacional de Transporte
Aéreo (IATA, na sigla inglesa) para 2020. Para 2021, a Moody’s prevê que o
volume de passageiros seja entre 35% e 55% abaixo do que se verificou em 2019. A
maioria das companhias aéreas do mundo estacionou cerca de 60% das suas frotas
até meados de abril e reduziu a capacidade em mais de 80%, uma vez que a
procura caiu mais de 90% em todo o mundo, revela o relatório.
A nível mundial,
várias companhias aéreas consideradas estratégicas receberam apoio
governamental, como por exemplo a Singapore Airlines, a Deutsche Lufthansa
Aktiengesellschaft e a Air New Zealand Limited. Segundo a Moody’s,
outras companhias aéreas com perfis de crédito mais fracos ou menos importantes
em termos estratégicos estão a ter mais dificuldade em aceder a apoios, como
por exemplo a Norwegian Air Shuttle e a Virgin Atlantic Airways.
Há ainda casos de
falências e insolvências, como foram os casos da LATAM Airlines, a Virgin
Australia, a Avianca da Colômbia, a Flybe e a operadora aérea regional dos
Estados Unidos da América Trans States Airlines. Uma indústria aérea
deprimida até 2021 terá efeitos de longo alcance em setores relacionados e na
economia em geral, avisa a agência de ‘rating’. Um corte no volume de
passageiros de cerca de 40% a 50% entre 2020 e 2021 levaria diretamente à perda
de cerca de 579 a 713 mil milhões de euros na economia global, “e várias vezes
mais” por via indireta.
Em Portugal, a
dívida da TAP ascende a 3,3 mil milhões de euros, segundo adiantou o ministro
das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, numa audição na
Assembleia da República. O primeiro-ministro, António Costa,
disse que o Governo está em “consultas prévias” com a Direção-Geral da
Concorrência da União Europeia para formalizar “em breve” as medidas de apoio
do Estado à TAP.
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