sexta-feira, junho 12, 2020

Eles não pensaram no vendedor ambulante


O município de Maputo retirou, na manhã de ontem, todas as bancas situadas no passeio do mercado informal do Estrela Vermelha, para dar espaço a uma nova estética nos espaços exi-gidos pela edilidade. No entanto, alguns vendedores informais, sobretudo ambulantes, dizem-se excluídos da atribuição dos no-vos espaços no mercado Reta-lhista do Zimpeto e Matendene.

O Chefe da Comissão dos Vendedores do Mercado do Estrela, Paulo Machaieie, considera que não há nenhuma violação das au-toridades municipais ao retirar aqueles vendedores dos pas-seios do Mercado do Estrela, uma vez o município deu prazo para que todos os vendedores em locais impróprios ocupas-sem espaços disponíveis nos mercados, e o Mercado do Estrela não seria uma execpção. De acordo com Machaieie, houve levantamento de todos os vendedores informais a ocuparem aqueles espaços que seguidamente foram enviados ao município. Este, por sua vez, em função do número apresentado pela Comissão dos Vendedores disponibilizou espaços em Matendene e no mercado Zimpeto Retalhista, para a realocação. Machaieie esclarece que os que se revoltaram contra a medida são vendedores ambulantes, os chamados angariadores de clientes, que não tinham bancas, não tendo por isso sido inclusos na atribuição de espaços. “O trabalho de hoje é o culminar de todo trabalho que se fez anteriormente. Fizemos levantamento de banca por banca e todos estes foram enquadrados nestes dois pontos. Devo dizer que todos sabiam de que o prazo tinha avançado, aliás, na reunião que tivemos com a vereação, até pediram a prorrogação do prazo”, disse


Zena Daude é vendedeira ambulante no Mercado Estrela, desde 2003. Diz estar de-sapontada pela forma como foi retirada daquele mercado sem que seja atribuída um ou-tro espaço como tantos outros foram. Daude sublinha que vai continuar a vender ainda que de forma secreta, pois precisa garantir sustento da família.“Ninguém está negar sair daqui, o problema é onde se-remos alocados que já não garante contacto com os nossos clientes. Quem é que háde sair daqui para comprar refresco em Matendene? Somos muitos vendedores ambulantes que va-mos perder o nosso ganha-pão por conta desta medida. Se no mínimo criassem um ponto para aglomerar todos os ambulantes, que não tinham bancas, ajudavam”, apontou Daude.
José Sitoe repara e vende telemóveis no Mercado Estrela Vermelha desde 1998. Acusa o município de excessos para além de forçar a sua retirada dentro do prazo.“O Conselho Municípal surpreendeu-nos, deu um prazo e ainda faltando dias para seu término vem nos retirar daqui. Até porque ainda estavamos a construir no Zimpeto, onde deram-nos espaços, e, como não temos armas, nada pode-mos fazer, conforme podem ver estamos a ser muito pa-cíficos, apenas queremos trabalhar e garantir o nosso pão”.
Isaque Francísco que, há dois anos, é vendedor de acessórios de telemóveis no Mercado Estrela Vermelha, questiona o porque apenas al-guns tiveram bancas e outros não tiveram, sendo que o le-vantamento era para todos. “Os nossos movimentos de venda acontecem aqui, o que será difícil lá onde nos mandam. Outra coisa é que algumas pessoas que tinham bancas aqui já não foram co-templados, e não se sabe qual será a soluçao para estes casos”.



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