segunda-feira, março 09, 2020

Djá dá ultimato a Embaló


Resultado de imagem para Baciro DjáApós o primeiro-ministro deposto, Aristides Gomes, pedir às forças de defesa que restaurem a legalidade constitucional, outro ex-primeiro-ministro chamou a atenção por condenar os últimos eventos da disputa eleitoral na Guiné-Bissau. Baciro Djá estabeleceu um prazo para que o candidato considerado vencedor das presidenciais de 2019 pela Comissão Nacional de Eleições, Umaro Sissoco Embaló, deixe a Presidência. As declarações ocorreram neste domingo (09.03), dia em que a Comunidade Económica dos Países da África Ocidental (CEDEAO) cancelou a missão para ajudar a acabar com o impasse político no país.  
"Vamos dizer a Umaro Sissoco Embaló que tem até o dia 27 deste mês para abandonar o Palácio da República. Se não o fizer, vou lá eu pessoalmente tirá-lo", afirmou Baciro Djá num encontro com as mulheres da Frente Patriótica de Salvação Nacional (FREPASNA), que celebrou o segundo aniversário. 
Para o líder da FREPASNA, Sissoco deve sentar-se à mesa das negociações com a classe política guineense "para dialogar e buscar compromissos".O líder da FREPASNA lembrou que ele próprio se demitiu do Governo que liderava em agosto de 2015, considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ), mesmo achando, na altura, que a decisão era errada."O STJ considerou o meu Governo inconstitucional, não estava de acordo, mas por ser um politico democrático aceitei a decisão", afirmou Djá, esperando que Sissoco Embaló adote a mesma postura.
Sissoco tomou posse como Presidente em cerimónia simbólica
Papel das Forças Armadas
Baciro Djá disse ainda que há pessoas que estão nas Forças Armadas desde os 14 anos, hoje com 60 e 70 anos, mas que "nem passam de capitães ou tenentes" e que é incompreensível que Sissoco Embaló seja general.
"Há um autoproclamado Presidente da República que está a dizer que é general. Se ele é general eu sou marechal, porque eu comecei desde pequeno nas Forças Armadas. Fui presidente do Instituto da Defesa Nacional, coordenador do programa de reforma do setor de Defesa e Segurança e ministro dos Combatentes e da Defesa Nacional", disse Djá. Baciro Djá afirmou ainda que as Forças Armadas não podem permitir nem apoiar o "assalto ao poder, o Palácio da República, às instituições do Estado de forma anárquica e violenta" numa ação que disse envergonhar a Guiné-Bissau.
"Estão a meter o país numa vergonha, fazem de nós um país de gente sem cultura democrática, gente incompetente, quando nós somos um país exemplo pelo nosso passado", defendeu Djá.


Nabian é líder do APU-PDGB e declarado primeiro-ministro por Sissoco
Movimentação no Parlamento
A Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), liderado por Nuno Nabian, decidiu renunciar ao acordo de incidência parlamentar com o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).A decisão consta de um comunicado emitido no final de uma reunião da comissão política do APU-PDGB - que elegeu cinco deputados para o parlamento da Guiné-Bissau.
Apesar da decisão da comissão política, a maior parte dos deputados do partido no parlamento, contatados pela agência Lusa, confirmaram que mantêm o seu apoio ao PAIGC, bem como ao Governo liderado por Aristides Gomes. A APU-PDGB refere também que decidiu mandatar o seu presidente para assinar um acordo de incidência parlamentar com o Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15), segunda força política mais votada nas legislativas de 10 de março de 2019, e com o Partido de Renovação Social (PRS), terceiro partido no Parlamento. O Conselho de Segurança também já ameaçou impor sanções. Na segunda-feira chega a Bissau uma missão de alto nível da CEDEAO, que inclui peritos constitucionais e de relações interinstitucionais, para tentar ajudar a resolver o contencioso eleitoral.

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