Após o
primeiro-ministro deposto, Aristides Gomes, pedir às forças de defesa que
restaurem a legalidade constitucional, outro ex-primeiro-ministro
chamou a atenção por condenar os últimos eventos da disputa eleitoral na
Guiné-Bissau. Baciro Djá estabeleceu um prazo para que o candidato
considerado vencedor das presidenciais de 2019 pela Comissão Nacional de
Eleições, Umaro Sissoco Embaló, deixe a Presidência. As declarações
ocorreram neste domingo (09.03), dia em que a Comunidade Económica
dos Países da África Ocidental (CEDEAO) cancelou a missão para ajudar a acabar
com o impasse político no país.
"Vamos dizer a
Umaro Sissoco Embaló que tem até o dia 27 deste mês para abandonar o Palácio da
República. Se não o fizer, vou lá eu pessoalmente tirá-lo", afirmou Baciro
Djá num encontro com as mulheres da Frente Patriótica de Salvação Nacional
(FREPASNA), que celebrou o segundo aniversário.
Para o líder da FREPASNA,
Sissoco deve sentar-se à mesa das negociações com a classe política
guineense "para dialogar e buscar compromissos".O líder da FREPASNA
lembrou que ele próprio se demitiu do Governo que liderava em agosto de 2015,
considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ), mesmo
achando, na altura, que a decisão era errada."O STJ
considerou o meu Governo inconstitucional, não estava de acordo, mas por ser um
politico democrático aceitei a decisão", afirmou Djá, esperando que
Sissoco Embaló adote a mesma postura.
Sissoco tomou posse
como Presidente em cerimónia simbólica
Baciro Djá disse
ainda que há pessoas que estão nas Forças Armadas desde os 14 anos, hoje com 60
e 70 anos, mas que "nem passam de capitães ou tenentes" e que é
incompreensível que Sissoco Embaló seja general.
"Há um
autoproclamado Presidente da República que está a dizer que é general. Se ele é
general eu sou marechal, porque eu comecei desde pequeno nas Forças Armadas.
Fui presidente do Instituto da Defesa Nacional, coordenador do programa de
reforma do setor de Defesa e Segurança e ministro dos Combatentes e da Defesa
Nacional", disse Djá. Baciro Djá afirmou
ainda que as Forças Armadas não podem permitir nem apoiar o "assalto ao
poder, o Palácio da República, às instituições do Estado de forma anárquica e
violenta" numa ação que disse envergonhar a Guiné-Bissau.
"Estão a meter
o país numa vergonha, fazem de nós um país de gente sem cultura democrática,
gente incompetente, quando nós somos um país exemplo pelo nosso passado",
defendeu Djá.
Nabian é líder do
APU-PDGB e declarado primeiro-ministro por Sissoco
Movimentação no
Parlamento
A Assembleia do Povo
Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), liderado por Nuno
Nabian, decidiu renunciar ao acordo de incidência parlamentar com o Partido
Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).A decisão consta de
um comunicado emitido no final de uma reunião da comissão política do APU-PDGB
- que elegeu cinco deputados para o parlamento da Guiné-Bissau.
Apesar da decisão da
comissão política, a maior parte dos deputados do partido no parlamento,
contatados pela agência Lusa, confirmaram que mantêm o seu apoio ao PAIGC, bem
como ao Governo liderado por Aristides Gomes. A APU-PDGB refere
também que decidiu mandatar o seu presidente para assinar um acordo de
incidência parlamentar com o Movimento para a Alternância Democrática
(MADEM-G15), segunda força política mais votada nas legislativas de 10 de março
de 2019, e com o Partido de Renovação Social (PRS), terceiro partido no
Parlamento. O Conselho de
Segurança também já ameaçou impor sanções. Na segunda-feira chega a Bissau uma
missão de alto nível da CEDEAO, que inclui peritos constitucionais e de
relações interinstitucionais, para tentar ajudar a resolver o contencioso
eleitoral.
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