Desde a inauguração do Instituto do Coração que a missão Francesa se faz
presente anualmente.
Na passada semana o ICOR contou com a presença do Prof. Dr. Daniel Sidi e sua
equipa, que participaram de forma voluntária e gratuita e se juntaram à equipa
moçambicana residente, para a cirurgia de 10 crianças sem recursos, com casos
graves de patologia cardíaca.
O Faizal, de sorriso tímido, foi uma das crianças operadas pela missão
francesa. Diz-se contente por saber que vai voltar para casa, para junto dos
irmãos. A mãe Farida conta-nos a sua história. Percebeu desde cedo que o Faizal
não brincava como as outras crianças. Cansava-se rapidamente e não ganhava
peso. Foi em Nacala, onde vive, que a “Sra. Enfermeira”, como nos conta, lhe
disse que ele poderia ter “doença de coração”. A mãe sentiu-se angustiada, mas
com uma sensação ténue de alivio por finalmente saber o que se passava com o
seu menino. Em 2018 chegou ao ICOR, preocupada mas com um sentimento de dever a
cumprir. Diz que agora, poucos dias passados da cirurgia, o Faizal já não
parece o mesmo e sente-se imensamente feliz por saber que ele já poderá ser
“uma criança como as outras”.
O Augusto, de sorriso rasgado e brilho nos olhos, nem sempre foi assim. A
mãe Hilária conta-nos que esta é a sua segunda cirurgia, e espera que seja a
última. Quando nasceu, na Zambézia, apenas com horas de vida, o Augusto
respirava mal. Recebeu tratamento, mas ao fim de 3 meses ficava roxo várias
vezes, perdia peso, era apenas um bebé de “pele e osso”. Por sugestão do
médico, foram ao hospital da Beira e de lá encaminhados ao ICOR onde o Augusto
foi diagnosticado com Membrana Sub-aórtica, um tipo de cardiopatia congénita.
Chegou ao ICOR com apenas 4 meses de vida, e foi operado pela primeira vez ao 6
meses. A mãe diz que sente uma enorme satisfação e felicidade, pois sabe que
toda a equipa que o seguiu, lhe salvou a vida. O Augusto diz-nos, entre risos,
que está desejoso de voltar a casa e almoçar com os irmãos. O Augusto e o Faizal foram duas das crianças, entre os 3 meses e os 4
anos de idade, a serem operadas pela missão francesa, enquadrada na missão
humanitária do ICOR, que presta cuidados de saúde de forma gratuita a crianças
moçambicanas com patologias cardíacas, provenientes das camadas mais
carenciadas da população.
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