Terminou o apuramento intermédio dos
resultados das eleições de 10 de Outubro corrente. Das 53 autarquias, a Frelimo
ganhou em 44, a Renamo em oito, e o MDM em apenas um. A Comissão Nacional de
Eleições (CNE) procede, agora, ao apuramento geral, com base nas actas e nos
editais do apuramento intermédio [artigos 124 e 25 da Lei 7/2018, de 3 de
Agosto]. Tem 15 dias para concluir o processo, contados a partir do
encerramento da votação [artigo 128 da Lei 7/2018, de 3 de Agosto].
As Comissões de Eleições Distritais e
de Cidade atribuíram vitória à Frelimo na cidade de Maputo e em todos os
municípios da província com o mesmo nome. Situação idêntica aconteceu em todas
as autarquias de Gaza, Inhambane, Manica.
Em Sofala, o partido no poder só não
venceu na Beira, onde o reinado mantém-se nas mãos do MDM, que destas eleições
copiosamente vencido.
Excepto em Chiure, nas cidades de
Nampula e Nacala-Porto, Ilha de Moçambique, Cuamba, Angoche, Quelimane e
Malema, que estarão sob gestão da Renamo, os “camaradas” conquistaram as
restantes autarquias em Tete, Manica, Sofala, Zambézia, Nampula, Niassa e Cabo
Delgado, de acordo com aquele órgão eleitoral do Estado.
As primeiras projecções apontam que o
maior partido da oposição podia vencer pelo menos em 12 autarquias, mas os
resultados divulgados Comissões de Eleições Distritais e de Cidade ditaram
outra realidade. A “perdiz” acredita que, “de uma forma geral, as eleições
foram viciadas em todos os municípios”, mormente em Moatize, Monapo, Alto
Molócuè, Marromeu e Matola.
A ver vamos qual será o posicionamento
da CNE diante de tamanha contestação por parte da Renamo. A lei eleitoral abre
espaço para recurso em caso de ilícitos eleitorais que “tenham sido objecto de
reclamação ou protesto” [do artigo 140 em diante da Lei 7/2018, de 3 de
Agosto].
Saliente-se que as actas e os editais
do apuramento geral efectuado pela CNE são posteriormente remetidos ao Conselho
Constitucional (CC) – numa prazo de cinco dias , ao Presidente da República e à
Presidente da Assembleia da República (AR) [número 2 dos artigos 127 e 128 da
Lei 7/2018, de 3 de Agosto].
As eleições autárquicas da
semana passada, nas 53 autarquias do país, registaram o maior nível de
participação de sempre, desde a instauração da municipalização no país. De
acordo com levantamentos do Centro de Integridade Pública (CIP) a participação
média dos eleitores nos 53 municípios foi de 60,3%, o que representa “um
aumento significativo em relação às eleições anteriores”. Através do seu
boletim sobre o processo eleitoral emitido esta terça-feira, ao nível das
principais cidades do país, Maputo registou a participação mais elevada. Foram
63% de eleitores que foram votar, contra 50% de participação nas eleições de
2013. O município da Matola atingiu a participação de 59%, quase perto do dobro
do nível de votação nas quartas eleições autárquicas, que registaram uma adesão
de apenas 38%. Numa análise mais global, a nossa fonte destaca quatro
autarquias (não reveladas) em que a participação atingiu 70%, mas sobressai
ainda mais Metangula, no Niassa, que registou uma participação recorde de 77%. No
sentido oposto está a autarquia de Malema, na província de Nampula, cuja
participação na votação foi de apenas de 39%, a mais baixa do país.
Desempenho dos
candidatos
A avaliação a que tivemos
acesso mostra que a oposição, liderada por Renamo e MDM, arrecadou uma
percentagem global de 49% dos votos globais depositados nas urnas, o que, em
termos de resultados, representa nove autarquias conquistadas, nomeadamente,
Beira, Quelimane, Angoche, Malema, Ilha de Moçambique, Chiúre e Cuamba. A
Frelimo conquistou 51% do voto global, que lhe valeu 44 municípios
conquistados. Da divisão dos votos pelos três principais partidos, os números
indicam que a Frelimo obteve 51,78%, a Renamo conquistou 38,90% e o MDM 5,50%. Os
chamados pequenos partidos, coligações de partidos e grupos de cidadãos que
participaram conseguiram, todos juntos, apenas 0.82% dos votos do eleitorado.
Representatividade
Outro factor de destaque que
ressalta das eleições de 10 de Outubro é a representatividade nas assembleias
autárquicas. Segundo a análise do CIP, “a oposição consegue conquistar mandatos
em todos os municípios” e, em seis das 53 autarquias, a Renamo e o MDM juntos
terão maioria nas respectivas assembleias. Na Beira, onde o MDM venceu, a
oposição, que neste caso é composta por Frelimo e Renamo, conquista a maioria
na assembleia autárquica.
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