quinta-feira, outubro 11, 2018

Nossos empreiteiros vão chorar!


Estamos  na  era  do  colonialismo  chinês.  Diferentemente  do  modelo  português,  os  chineses  aliciam-nos com  rios  de  dinheiro,  abocanham  vários  concursos  públicos  e  financiam  projectos  milionários  (em  forma de dívida).  Hoje,  temos  antigos  combatentes  que  lutaram  contra  o  colonialismo  português.  No futuro,  os  nossos  netos  e  bisnetos  (…)  terão  o  estatuto  de  antigos  combatentes,  depois  da  luta  que  irão travar  com  os  chineses.
A  China,  o  gigante  asiático,  está  enraizado  no  nosso  país.  De  forma  alguma  financia  projectos  para serem  executados  por  empresas  que  estão  fora  do  circuito  chinês.  Daí  que  se  justifica  o  fluxo  de empresas  chinesas  em  Moçambique,  mesmo  diante  da  falta  de  qualidade,  aliás,  a  matriz  chinesa  baseiase  na  quantidade  (produção  em  série).  As  empresas  chinesas  actuam  num  mercado  fragilizado  (com altos índices  de  corrupção  e  falta  de  rigor  na fiscalização). Estima-se  que  mais  duas  mil  empresas  chinesas  actuam  no  continente  considerado  o  “Berço  da Humanidade”,  deste  número  mais  de  35  estão  no  mercado  moçambicano,  são  empresas  que  fazem movimentos  desregrados  e  colocam  em  causa  vários  sectores  com  destaque  para  construção  civil.  É visível  a  adjudicação  de  empresas  chinesas,  na  maior  parte  de  infra-estruturas  públicas,  em Moçambique.
Imagem relacionadaÉ  muito  difícil  perceber  os  ganhos  mútuos  da  cooperação  entre  China  e  Moçambique,  ou  melhor,  é  uma ficção  os  resultados  de  laços  de  parceria  entre  os  empresários  moçambicanos  e  chineses.  Se  os empresários  chineses  investem  tanto  no  nosso  país,  o  mesmo  não  se  pode  afirmar  da  nossa  classe empresarial,  no  mercado  chinês.  Temos  um  laço  histórico  de  relacionamento  com  a  China,  mas,  até hoje,  os  empresários  moçambicanos  ainda  não  adquiriam  nenhuma  experiência  com  os  chineses, limitam-se  em  fazer  turismo  na  china,  tomar  chá  relaxante  com  os  chineses  e  inundar  o  nosso  mercado com  produtos  oriundos  daquele  país asiático. Nos  dias  que  correm,  temos  um  processo  de  industrialização  com  rosto  chinês.  Os  chineses comprometem-se,  por  exemplo,  em  instalar  indústrias  de  processamento  de  caju,  arroz,  citrinos, madeira  (toda  infra-estrutura  erguida  com  equipamentos  de  origem  chinesa),  cuja  maior  parte  da produção  abastece  o  mercado  externo  e,  os  ganhos  da  exportação  não  se  reflectem  na  vida  dos moçambicanos. São  indústrias que  servem  para  poluir  Moçambique,  explorar  a  mão-de-obra,  saquear  os nossos  recursos,  empobrecer  as  nossas  terras  e  enganar  moçambicanos  com  salários  irrisórios. Moçambique  sai  sempre  a  perder,  nunca  aprende  a  fazer  algo  sozinho.  Temos  universidades  e  institutos (na  sua  maioria  de  origem  privada)  que  leccionam  vários  cursos  técnicos,  mas  ainda  não  conseguimos montar uma  indústria  de  referência,  sem  ajuda  dos  chineses.  Ainda  não  temos  o  espírito  de  saber  fazer.
Na  Cimeira  China-África,  realizada  recentemente,  o  Governo  Chinês  fez  muitas  promessas  avaliadas  em cerca  de  60  milhões  de  dólares,  para  “golpear”  a  economia  de  53  nações  africanas,  incluindo Moçambique.  Trata-se  de  um  volume  de  investimento  que,  no  lugar de reforçar a diplomacia económica vai  estagnar  a  nossa  política  de  crescimento  económico  e  deixar  o  nosso  país  com  um  processo  de industrialização  que  beneficia,  em  larga  escala,  os interesses  da China (o  explorador  moderno).
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A  Estrada  Nacional  N°1  (EN1)  nunca  fica  pronta  em  100%,  por  causa  de  intervenções  cirúrgicas  de empreiteiros  chineses  que  se  traduzem  num  ciclo  vicioso  (obras  intermináveis),  num  negócio  mal  feito. Os  chineses  reabilitam  de  quilómetro  X-Y  e,  em  pouco  tempo  (menos  de  um  ano),    com  chuva  miúda, o  mesmo  troço  padece  de  defeitos,  apresenta  buracos  que  aumentam  de  diâmetro  diariamente.  Neste momento,  os empreiteiros  chineses  estão  a  reabilitar  o  troço  Inchope-Caia, na  província  de  Sofala.
Moçambique  tem  muita  sorte.  Por  enquanto,  as  empresas  chinesas  de  construção  civil    estão interessadas  nos  grandes  projectos  governamentais.  Mas,  no  dia  em  que  os  chineses  dedicarem-se  à construção  de  residências  para  singulares,  os  nossos  empreiteiros  (pedreiros)  vão  chorar.  Os  chineses vão  construir  casas descartáveis  (casas  feitas de  plástico).
Uma  coisa  é  certa,  os  chineses  não  são  deuses  ou  únicos  detentores  de  conhecimento.  Eles    usam esperteza  e  dinheiro.  Moçambique  deve  deixar  de  aguardar  por  um  milagre  chinês  para  acelerar  sua economia.  A  sustentabilidade  da  nossa  economia  depende  de  implementação  de  reformas  (baixo  nível de  endividamento  externo,  aumento  das  exportações  e  estabilidade  cambial,  inflação  baixa  e investimento  no  capital humano).
EM  VOZ  BAIXA!  Consigo  ver  o  céu  sem  as  estrelas,  o  mar  sem  as  ondas,  mas  não  consigo  ver Moçambique  sem  uma dívida chinesa.

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