
A construção permite ligar,
graças a ilhas artificiais e a gigantescas estruturas rodoviárias, a ilha de
Lantau, em Hong Kong, à antiga colônia portuguesa de Macau, a oeste, e à cidade
de Zhuhai, na província de Cantão (Guangdong). A ponte será aberta ao tráfego
oficialmente amanhã, quarta-feira, um dia após sua inauguração.
A obra faraônica, que começou em
2009, foi marcada por numerosos atrasos, acusações de superfaturamento e
corrupção, além de mortes de operários — foram 18 ao todo, além de dezenas que
tiveram algum tipo de ferimento.

Para as autoridades, a ponte
promoverá os intercâmbios comerciais, unindo de forma eficiente as duas margens
do estreito. Em Hong Kong, no entanto, os críticos do projeto consideram que é
mais uma tentativa de Pequim aumentar sua influência na ex-colônia britânica,
que em tese possui uma ampla autonomia em virtude do princípio "Um país,
dois sistemas", negociado antes de sua devolução à China em 1997.
A nova estrutura faz parte do
projeto do governo chinês conhecido como a Grande Baía (Greater Bay Area), que
prevê a integração das duas "regiões administrativas especiais" de
Hong Kong e Macau em uma só zona urbana de 75 milhões de habitantes, que
incluirá ainda nove cidades da província de Cantão, a mais dinâmica da China,
entre elas sua capital homônima e Shenzhen.
Outro elemento-chave do projeto é
a nova linha de trem de alta velocidade entre Cantão e Hong Kong, inaugurada em
setembro passado. Os críticos da conexão
ferroviária a consideram um "cavalo de Troia" de Pequim em Hong Kong,
pois incluiu a construção de uma nova estação no centro da ex-colônia
britânica, vigiada por agentes de segurança chineses. É a primeira vez desde a
devolução de Hong Kong ao gigante asiático que as leis da China são aplicadas
em uma área do território semiautônomo.
O principal trecho da ponte está
sob a soberania chinesa e os motoristas de Hong Kong devem "submeter-se às
leis e normas do continente", anunciou o Departamento de Transportes da
cidade. Espera-se que cerca de 9 mil veículos cruzem a ponte todos os dias.

Muitos internautas de Hong Kong
criticaram as restrições de uso a uma construção financiada em grande parte
pelo território semiautônomo. A China já possui o recorde de maior ponte do
mundo: o viaduto ferroviário Danyang-Kunshan, de 164,8 km de comprimento.
Críticas também envolvem o
impacto ambiental causado pela construção. De acordo com grupos ambientalistas,
houve sérios danos à vida marinha na região, o que envolve uma rara espécie de
golfinho, que teve sua população decrescida na área desde o início das obras.
Além disso há dúvidas de que a
ponte possa se pagar algum dia, uma vez que existem restrições aos motoristas
para trafegá-las. De acordo com a BBC China, a estimativa de arrecadação com o
pedágio é de apenas US$ 86 milhões por ano, quantia que já será bastante
consumida com gastos de manutenção.
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