Com 55 quilômetros de comprimento
e tendo durado nove anos até ficar pronta,
a maior ponte marítima do mundo foi inaugurada nesta terça-feira (23)
pelo governo chinês, ligando Hong Kong, Macau e a China continental. A enorme
estrutura, que custou US$ 55 bilhões, inclui tanto a ponte sobre o delta do Rio
das Pérolas, quanto um túnel submarino.
A construção permite ligar,
graças a ilhas artificiais e a gigantescas estruturas rodoviárias, a ilha de
Lantau, em Hong Kong, à antiga colônia portuguesa de Macau, a oeste, e à cidade
de Zhuhai, na província de Cantão (Guangdong). A ponte será aberta ao tráfego
oficialmente amanhã, quarta-feira, um dia após sua inauguração.
— Declaro oficialmente inaugurada
a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau — disse o presidente chinês, Xi Jinping, em uma
breve declaração durante a cerimônia na cidade de Zhuhai.
A obra faraônica, que começou em
2009, foi marcada por numerosos atrasos, acusações de superfaturamento e
corrupção, além de mortes de operários — foram 18 ao todo, além de dezenas que
tiveram algum tipo de ferimento.
A construção utilizou mais de 400
mil toneladas de ferro, o que seria suficiente para construir 60 outras Torres
Eiffel. Já a porção subterrânea da ponte funciona permitindo que navios
naveguem livremente por cima da área submersa. Sem a ponte, a viagem entre Hong
Kong e Zhuhai dura quatro horas, tempo que será diminuído para 30 minutos.
Para as autoridades, a ponte
promoverá os intercâmbios comerciais, unindo de forma eficiente as duas margens
do estreito. Em Hong Kong, no entanto, os críticos do projeto consideram que é
mais uma tentativa de Pequim aumentar sua influência na ex-colônia britânica,
que em tese possui uma ampla autonomia em virtude do princípio "Um país,
dois sistemas", negociado antes de sua devolução à China em 1997.
A nova estrutura faz parte do
projeto do governo chinês conhecido como a Grande Baía (Greater Bay Area), que
prevê a integração das duas "regiões administrativas especiais" de
Hong Kong e Macau em uma só zona urbana de 75 milhões de habitantes, que
incluirá ainda nove cidades da província de Cantão, a mais dinâmica da China,
entre elas sua capital homônima e Shenzhen.
Outro elemento-chave do projeto é
a nova linha de trem de alta velocidade entre Cantão e Hong Kong, inaugurada em
setembro passado. Os críticos da conexão
ferroviária a consideram um "cavalo de Troia" de Pequim em Hong Kong,
pois incluiu a construção de uma nova estação no centro da ex-colônia
britânica, vigiada por agentes de segurança chineses. É a primeira vez desde a
devolução de Hong Kong ao gigante asiático que as leis da China são aplicadas
em uma área do território semiautônomo.
O principal trecho da ponte está
sob a soberania chinesa e os motoristas de Hong Kong devem "submeter-se às
leis e normas do continente", anunciou o Departamento de Transportes da
cidade. Espera-se que cerca de 9 mil veículos cruzem a ponte todos os dias.
Para poder circular pela ponte,
os motoristas de Hong Kong também precisarão de uma autorização — a aprovação
da permissão depende de critérios muito restritivos, como o fato de ocupar
determinados postos oficiais na China ou ter feito doações a organizações de
caridade em Cantão. Além disso todos deverão pagar pedágio. A maioria dos
passageiros utilizará a ponte a bordo de ônibus com autorização oficial.
Muitos internautas de Hong Kong
criticaram as restrições de uso a uma construção financiada em grande parte
pelo território semiautônomo. A China já possui o recorde de maior ponte do
mundo: o viaduto ferroviário Danyang-Kunshan, de 164,8 km de comprimento.
Críticas também envolvem o
impacto ambiental causado pela construção. De acordo com grupos ambientalistas,
houve sérios danos à vida marinha na região, o que envolve uma rara espécie de
golfinho, que teve sua população decrescida na área desde o início das obras.
Além disso há dúvidas de que a
ponte possa se pagar algum dia, uma vez que existem restrições aos motoristas
para trafegá-las. De acordo com a BBC China, a estimativa de arrecadação com o
pedágio é de apenas US$ 86 milhões por ano, quantia que já será bastante
consumida com gastos de manutenção.
0 comments:
Enviar um comentário