Já deve haver barulho
algures nos centros que receberam encomenda de sondagens, se olharmos para o
panorama nacional.O que era dado como certo parece cada vez mais longe de
concretizar-se.Houve uma tentativa mediatizada de denegrir imagens que não está surtindo os
efeitos desejados.Desde “vendetas” a “vinganças”, a assassinatos de carácter, a publicidade
enganosa, a biografias rapidamente “paridas”, as contas não estão batendo
certo. A preocupação é visível, e nem a musculatura de um partido histórico
consegue disfarçar o mal-estar geral no seu seio. Afinal sempre tinham razão
aqueles que vieram a público defender que havia “alas” na Frelimo. O pensamento
monolítico ou uma pretensa coesão não se verificam.Os esforços de organização
de um centro de pensamento ou de disseminação de informação e contra-informação
tiveram dias gloriosos, mas nem a arregimentada comunicação social pública
“salvou o convento”.Moçambicanos registam crescimento de entendimento político
e aumenta de forma visível a capacidade de fazer críticas e escolhas. Por mais
que se procure “controlar” os resultados eleitorais, induzir ou produzir
resultados favoráveis por vias ilícitas, está por demais evidente que os
moçambicanos não aceitarão esse tipo de resultados. Aí está o perigo de uma
grande localizada ou generalizada em Moçambique. Assim como Quénia não é
Zimbabwe, Moçambique não tem qualquer similaridade com qualquer dos dois
países. O pós-eleitoral de Moçambique será genuinamente diferente.Há um perigo de violência que não se pode desprezar no caso de existência de
“batota eleitoral”. Há uma predisposição de impedir que partidos lesados sejam
forçados a aceitar resultados “fabricados”. Aquilo que aconteceu em 1994 já não
tem condições de acontecer, mesmo que os “doadores” procurem influenciar. Há
como que um esgotamento natural dos votantes ansiosos de mudança. É como uma
ideia que se generaliza de que um partido que não conseguiu trazer
desenvolvimento ou melhoria na condição de vida de milhões de moçambicanos
precisa de ser punido por via eleitoral.Gente que sempre se escondeu no factor
“libertação”, mas que nem aos antigos combatentes conseguiu ser útil, tem
razões mais do que suficientes para se sentir preocupada.
Quanto à qualidade das sondagens efectuadas, há que mencionar que a
auto-satisfação é inimiga da qualidade. O rigor esperado de uma sondagem
efectuada por um centro de estudos universitários fica comprometido quando os
executores da sondagem são membros do partido que encomenda. Misturam-se
interesses, e a autoproteção relega a verdade para segundo lugar. É preciso
dizer algo que não irrite aos chefes. É preciso forçosamente não dar a entender
que a vitória não está garantida e que a derrota pode acontecer a qualquer
momento.Entre tendências e sondagens existe uma distância. Agora, que algumas
pessoas deram e estão dando tiros nos seus próprios pés está por demais
evidente. Uma das consequências do “culto de personalidade ao líder” é a
ausência de critérios de qualidade em muitas das empreitadas efectuadas. Gente
habituada a bajular facilmente mente para manter cargos e mordomias.Também não
se pode ignorar que muitas das instituições de ensino superior do país e os
seus centros de pensamento estratégico foram concebidos num quadro em que a
forma era mais importante do que o conteúdo. As metas, mostra de que se existia
era superior à qualidade da instituição e isso foi-se propagando e produzindo
frutos de qualidade precária. Não se pode negar que houve avanços no país, mas
querer pintar o quadro com cores exageradamente vistosas jamais será algo
válido, porque as pessoas, os cidadãos, têm “olhos de ver”.Aquilo que se podia impingir em 1994 mostra-se insustentável e irrealizável nos
dias de hoje. O que parecia fácil e facto consumado já não se mostra tão
exequível. A máquina partidária e a dimensão hierárquica dos apoiantes estão sufocando
o candidato. E alguns “camaradas” que estiveram contra a nomeação ou eleição do
candidato presidencial da Frelimo devem estar “sorrindo” e saboreando as
dificuldades que o seu partido e candidato enfrentam.
Mas na oposição existem dificuldades de vulto, a nível dos recursos materiais e
humanos, para além de dissonâncias ao nível de coordenação e concertação
estratégica. Ainda não há uma cultura estratégica de construção de coligações
para fins eleitorais. Alguma ingenuidade revela-se infantilíssima ao não
aproveitar sinergias que acelerariam vitórias. Algum egocentrismo estará
travando agendas vitoriosas e alguns assessores devem estar trabalhando no
sentido de inviabilizar coligações frutuosas. Mas a marcha de Outubro com as
características típicas de Moçambique está interessante de seguir e abraçar.Depois de 15 de Outubro de 2014, Moçambique será outro país, terá um presidente
diferente e um parlamento de outro nível e qualidade. No fim, o vencedor será o
povo moçambicano e a derrota será dos falcões e dos situacionistas.O nível de
exigências do cidadãos para com os governantes e deputados será, sem dúvidas,
outro. (N.Nhantumbo)
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