Um antigo oficial da Renamo, capitão Jaime Andissene, acusa Afonso
Dhlakama de escamotear a verdade sobre a desmobilização dos ex-guerrilheiros
bem como sobre o acesso ao subsídio pago pelo Governo no quadro da
implementação do Estatuto do Combatente. Jaime Andissene, capturado em meados
do mês passado na região de Chirutso, localidade de Mavume, distrito de
Funhalouro, em Inhambane, disse que os ataques armados perpetrados pelos antigos
guerrilheiros são ordenados pelos cabecilhas da Renamo alegadamente para
pressionar o Governo a pagar as promessas feitas pelo líder da “perdiz” aos
guerrilheiros não desmobilizados depois do Acordo Geral de Paz e que receberam
ordens para guarnecer nos últimos vinte anos a base de Marínguè, considerada
quartel-general da Renamo, bem como outras bases na província de Sofala. A
título de exemplo, Andissene explicou que foi levado contra a sua vontade em
sua casa no distrito de Báruè, província de Manica, em princípios de Dezembro
passado, para viajar até à cidade de Maputo na companhia de outros antigos
guerrilheiros para assinar documentos constantes no seu processo submetido para
aceder aos subsídios.ENTRETANTO, a Polícia da República de Moçambique (PRM) garante que
os homens armados da Renamo, já abandonaram completamente a província de
Inhambane, um dos locais onde vinham provocando actos de instabilidade.Trata-se
de homens da Renamo que, segundo a edição de hoje do jornal “Notícias”, no dia
17 de Dezembro passado retornaram ao seu antigo acampamento em Catine, na
planície de Tsiguive, posto administrativo de Pembe, no distrito de Homoíne.O
comandante da PRM em Inhambane, Raul Ossufo Omar, assevera que aquela província
está livre dos homens armados da Renamo, que tinham como plano lançar ofensivas
militares em toda a região sul do país a partir de Catine, na sua antiga base
regional.“As Forças de Defesa e Segurança, com grande participação das
comunidades, já fizeram limpeza na floresta e não há vestígios de existência de
homens armados da Renamo na província de Inhambane. A vida voltou à
normalidade, as escolas estão a funcionar, os professores e técnicos da Saúde
estão a desempenhar as suas actividades normalmente, as populações que tinham
abandonado as suas zonas de origem em Catine e Pembe, no distrito de Homoíne, e
em Pululo “A” e “B”, em Funhalouro, já estão a retornar às suas casas para
começar as colheitas da sua produção agrícola”, disse Omar, citado pelo
“Notícias”.Desde Abril do ano passado, Moçambique vive um clima de tensão
político militar, caracterizado por confrontos entre as Forças de Defesa e
Segurança (FDS) e homens armados da Renamo, cujo saldo são várias dezenas de
mortos. Até finais do ano passado, o principal palco desses confrontos era
a província de Sofala, centro do país, onde a Renamo possuía diversas bases.
Contudo, em Janeiro último, os homens de Afonso Dhlakama intensificaram a sua
presença em Inhambane, provocando a fuga generalizada da população em Homoíne,
particularmente nas localidades de Fanha-Fanha e Pembe, para procurar refúgio
seguro na vila sede do distrito.Volvidos alguns dias, houve outros confrontos
entre as FDS e os homens da Renamo, que se espalharam para outros distritos da
província, tendo em alguns casos saqueado bens em estabelecimentos comerciais.Segundo
o “Notícias”, os homens armados da Renamo abandonaram Catine em debandada,
escorraçados pelas FDS, e espelharam-se pela floresta em pequenos grupos,
avançando em direcção ao Save, em busca da saída para Gorongosa, Sofala, onde
se acredita ser a sua origem.O Comandante Provincial da PRM explicou que as
operações realizadas resultaram na captura de oito homens armados, bem como a
detenção de 95 pessoas suspeitas de ter ligação com a presença destes homens em
Inhambane.“Apertámos o cerco com o objectivo de estancar qualquer tentativa de
penetração de homens armados. As Forças de Defesa e Segurança tomaram posições
e estão a fazer movimentações regulares em todos os pontos da província. A base
foi tomada pelas nossas forças e tudo está sob controlo das autoridades”,
referiu a fonte.
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