A
concorrência de taxistas ilegais em Maputo está a provocar "quebras
brutais" nos rendimentos dos operadores legalizados, que enfrentam
dificuldades no pagamento de créditos que contraíram na banca para a
aquisição de viaturas, denunciou a associação do sector. Segundo o
presidente da Associação dos Taxeiros da Cidade de Maputo (ATAXIMA), Luís
Mondlane, o número de taxistas ilegais tem crescido de forma exponencial
ao longo dos últimos anos, funcionando "junto às praças legalizadas"
e com "preços abaixo das tabelas fixadas": cerca de 50 meticais pela
saída do carro da praça e igual valor para cada quilómetro de percurso.
"Existem preços tabelados, mas os ilegais não os cumprem e os legais
são forçados a não aplicá-los também", afirmou Luís Mondlane. Em 2007, o
banco Millennium bim (do grupo português BCP) lançou o programa "Mais
Táxi para Mim", numa parceria com a ATAXIMA, que visava a concessão de
créditos bancários para a aquisição de viaturas seminovas, relançando a
iniciativa em 2010, desta feita para o financiamento de carros novos. O
gabinete de comunicação do banco de capitais portugueses avançou que,
entre os dois programas, o Millennium bim aprovou 125 financiamentos, tendo,
até ao momento, 25 viaturas sido recolhidas por incumprimentos nas
prestações. "Foram retomadas aproximadamente 20% das viaturas, entre
novas e usadas. Quanto à origem [dos incumprimentos], cada caso é um caso.
Para o banco se pronunciar sobre este tema teria de enunciar casos
particulares de clientes, sendo esta informação do foro confidencial, coberto pelo sigilo bancário",
notou o Millennium bim, numa resposta por escrito. Embora o banco refira
que não existe um "padrão comum" nos incumprimentos,
Luís Mondlane assegurou que a concorrência dos "taxistas-pirata" fez
com que os operadores legalizados não conseguissem honrar os seus
compromissos financeiros. O presidente da ATAXIMA adiantou que, em
algumas situações, e já depois de terem ficado sem as viaturas, os
taxistas continuam a acumular juros sobre as prestações vencidas, havendo
casos em que as dívidas são superiores ao valor dos veículos.
"É legítimo pagar as prestações em atraso, mas os juros deviam parar,
porque muitos taxistas já não têm forma de trabalhar, uma vez que não têm
carro. Agradecemos a ajuda que o Millennium nos deu, mas eles deviam
compreender que têm que parar com a aplicação dos juros, porque as
pessoas não vão conseguir pagar", disse Luís Mondlane. O
responsável apelou ainda às autoridades do município de Maputo e da
polícia de trânsito para fiscalizarem os táxis ilegais, que, segundo disse,
são "facilmente" identificáveis. "Basta ver os carros que
não estão pintados com as cores padrão dos táxis e que circulam com
letreiros a anunciar o serviço", concluiu Mondlane. (Lusa)
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