É uma situação corriqueira nas fronteiras da Síria, mas para o
pequeno Marwan, de 4 anos, deve ter sido aterrorizadora. Depois de no último
domingo ter sido separado temporariamente da sua família no remoto posto de
Hagallat, Marwan foi encontrado por uma equipa da agência de refugiados da ONU,
a UNCHR. Andrew Harper, responsável
pela UNHCR, a agência da ONU na Jordânia, fotografou Marwan e
publicou a imagem no Twitter. A foto foi reproduzida por internautas de todo o
mundo.Mas Harper diz que, por mais tocante que seja a imagem, não se trata de
um caso invulgar no meio do “caos e confusão” gerado pela fuga de refugiados
pelas fronteiras.A maioria dos grupos são liderados por mães que levam consigo
várias crianças e todas as suas posses para fora da Síria.Quando os portões são
abertos, refugiados desesperados amontoam-se enquanto tentam cruzá-los. Crianças
perdem-se das suas famílias todos os dias.Quando a situação se acalma, a equipa
da UNHCR ajuda estas crianças e, normalmente, elas não ficam muito tempo
perdidas.Harper conta que, depois de cruzar a fronteira, Marwan reencontrou a
mãe, o que aconteceu cerca de dez minutos depois de a foto ter sido tirada. Harper
publicou outra foto no Twitter que mostra que Marwan estava atrás de
um grupo de refugiados no momento em que foi abordado pela equipe da UNHCR. “Ele está perdido, não está sozinho”, diz
Harper. Cruzar a fronteira é um momento de apreensão para as crianças e suas
famílias – mais um trauma na jornada infernal entre suas vidas destruídas na
Síria e o futuro incerto como refugiados em uma terra desconhecida. A maioria
dos refugiados que cruzam a fronteira em Hagallat – que não tem sequer uma
estrada adequada – vem de Homs e de Al-Quaryatayn, e é provável que Marwan
tenha vindo dos mesmos locais. Marwan era apenas uma das cerca de mil
pessoas que naquele dia cruzaram a fronteira em direcção à Jordânia. Hoje
existem 600 mil refugiados sírios registados pela UNHCR na Jordânia, só uma
parte dos 2,4 milhões de refugiados estimados em toda a região. Não se sabe o
que o futuro reserva para o jovem Marwan. Mas, assim como outras crianças que
encontram alívio ao cruzar a fronteira, espera-se que também Marwan possa
sonhar com um futuro melhor.
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