Por JOSÉ FORJAZ
De momento o que está a acontecer a nível político, pois nem sequer é possível
falar níveis ideológicos, não é encorajador. Mas o amanhã é um país
desconhecido.
Não se sabe ao certo quando começa e quando acaba. O nosso amanhã é diferente
do amanhã dos nossos netos.
Preferimos portanto cingirmo-nos aos próximos anos.
Um cenário plausível é que continuaremos a ser guiados, cada vez mais
directamente, para uma situação, comum em África, que é a da caricatura da
democracia aproveitando o baixíssimo nível cultural da maioria e um progressivo
e inexorável controle dos poucos meios de comunicação social. A confirmação da
efectiva fascização do poder, que já controla efectivamente o legislativo, o
executivo e o judicial.
Este cenário, que parece quase inevitável, continua a ser a regra mais aplicada
em África, com pouquíssimas excepções.
Porque seriamos nós diferentes de Angola, do Congo, da Uganda ou do Zimbabwe
por exemplo, com passados tão semelhantes, motivações tão próximas e afinidades
tão fortes entre os seus dirigentes?
A ilusão de que agora, alguns, vamos ser ricos (…muito ricos…) obscurece
sinistramente uma visão esclarecida sobre um possível amanhã radioso para todos
os moçambicanos. Entretanto as grandes multinacionais vão cumprindo o seu papel
de mandantes dos interesses imperialistas das grandes potências mundiais e nós
vamos ficando com os buracos, a poluição, fora de casa e com uma divida
colossal para pagar.
Um cenário alternativo seria o de voltar a eleger valores éticos e morais como
vias de orientação do processo politico, combater frontalmente a corrupção, a
começar pela que se instalou nos quadros políticos e governativos, promover a
qualidade do ensino, moralizar a função pública, despolitizar a direcção das
instituições e das empresas públicas e, acima de tudo abrir um diálogo não
demagógico sobre as perspectivas que se podem desenhar com a aplicação dos
benefícios da exploração das riquezas naturais para a melhoria efectiva das
condições de vida de todo o povo moçambicano.
E porque não dar alguma atenção a documentos como a Agenda 2025 ?
Na sua versão original, e na sua revisão, são apontados caminhos corajosos e,
sobretudo, possíveis para uma renascença da credibilidade interna e externa de
Moçambique como um estado de direito governado para o bem de todo o povo.
Essa, sim, seria uma verdadeira “Renascença Africana”.
Este cenário parece utópico no momento actual.
Contudo, para quem atento, o espírito de justiça está cada vez mais alerta e a
repulsa pelas arbitrariedades, cada vez mais frequentes, que se vão praticando
para o apoderamento da riqueza nacional por uma restrita classe de políticos a
serviço de si próprios, é cada dia mais patente a todos os níveis sociais e
particularmente significativa entre os jovens, cansados das promessas vazias e
do espectáculo da rampante corrupção de quem só se sabe governar a si próprio.
É esse espírito que nos trás de volta a esperança, tão desgastada, num futuro
Moçambique feito de pessoas felizes e de natureza respeitada.
Maputo, 6 de Novembro de 2013
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