As redes
escolar e sanitária expandiram-se rapidamente, o ensino superior deixou de ser
privilégio das grandes cidades e as duas maiores universidades públicas,
nomeadamente a Universidade Eduardo Mondlane e a Universidade Pedagógica
“invadiram” os distritos, permitindo que um número cada vez maior de
moçambicanos tivesse acesso ao ensino superior. Igualmente, foram criadas
outras instituições de ensino superior públicas, como são os casos dos
Institutos Superiores Politécnicos e as Universidades Lúrio e Zambeze.
Questiona-se hoje sobre os cursos profissionalizantes, mas se assim é,
significa que existe uma base de comparação.O que se
pode questionar é a qualidade de educação, desde o primário até ao superior. As
passagens semi-automáticas são vistas como servindo os interesses alheios ao
país, com o único objectivos de cobrir metas. No entanto, o livro de
distribuição gratuita é um dado adquirido, beneficiando até a quem dele não
precisa. Ao nível do ensino superior foi ensaiado o modelo de Bolonha que
fracassou, tendo levado o padre Filipe Couto e, talvez, o Doutor Firmino
Mucavele, a perderem o protagonismo na arena académica nacional. Enquanto isso,
os Professores Ferrão da Unilúrio e Utui da UP vão demonstrando alta capacidade
de liderança nas suas respectivas instituições.A
capacidade financeira das escolas vai melhorando gradualmente com a
descentralização dos fundos, através do FASE (Fundo de Apoio ao Sector de
Educação) e, mais concretamente, do programa ADE (Apoio Directo às Escolas),
mas a classe docente continua a reclamar de turmas numerosas, insuficiência de
pessoal e horas extraordinárias não pagas.O ensino
privado também ocupa um lugar de destaque e Moçambique pode orgulhar-se de, num
futuro não muito distante, poder exportar mão-de-obra qualificada para outros
quadrantes de África e do mundo, desde que se resolva a questão da qualidade,
que passa também por melhorar as condições de trabalho e salariais dos
docentes.
Em relação
ao Serviço Nacional de Saúde, este regrediu qualitativamente desde as medidas
impopulares e tsunamistas de Paulo Ivo Garrido, mais preocupado em agradar ao
povo do que em resolver os reais problemas do sistema. Garrido procurou sempre
culpar os funcionários pelos erros do sistema e facilmente a verdade veio à
tona, cujas sequelas se fazem sentir até ao presente momento.Não se
pode negar que a cobertura dos serviços de saúde aumentou e muito mais gente
tem acesso ao tratamento anti-retroviral, devolvendo a esperança de toda uma
nação, mas falta o básico nas unidades sanitárias, muito por culpa da redução
do Orçamento do Estado para este sector. Alia-se a tudo isso o descontentamento
generalizado dos funcionários, desde médicos até aos demais profissionais de
saúde, de que as greves de Janeiro e Maio últimos são disso exemplo.A moral do
pessoal está muito baixa, faltam condições habitacionais, não há manutenção de
infra-estruturas, não há fardamento e calçado, não há promoções e progressões,
há muito que não se admite novos serventes, o orçamento de funcionamento é
exíguo, os motoristas não recebem ajudas de custo e, mais grave, não há
medicamentos essenciais. No tempo do ministro Garrido a culpa era dos
funcionários, mas hoje todo o mundo compreende que a culpa é do próprio
sistema, que está à beira do colapso.
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