O Hospital Central do Maputo (HCM) conseguiu minimizar o impacto da
greve geral de cinco dias, com efeitos a partir das 07.30 horas de ontem em
todo o território nacional, convocada pela Associação Médica de Moçambique (AMM)
em coordenação com a Comissão dos Profissionais de Saúde Unidos (CPSU). A
direcção do HCM accionou os planos de contingência elaborados para a greve. “Fomos
buscar profissionais de saúde que não estão ligados ao Hospital Central do
Maputo, ou que estão em formação e outros do serviço de saúde militar. Esta foi
a principal fonte de recrutamento”, explicou João Fumane, director geral do
HCM, em conferência de imprensa ontem em Maputo. Fumane disse haver planos de
contingência A, B, C e várias alternativas naquela unidade sanitária, por isso
far-se-á uma avaliação diária e uma reprogramação em função das necessidades. Na
ocasião, a fonte disse que existem algumas instituições privadas que se
disponibilizaram a oferecer os préstimos dos seus médicos em caso de
necessidade. “Até agora ainda não fomos buscá-los, mas, caso seja necessário,
algumas instituições estão disponíveis a colaborar para manter o HCM a funcionar”,
asseverou. Fumane reconhece que existe uma greve em curso naquela unidade hospitalar,
a maior em Moçambique, mas garante que “podemos dizer com alguma tranquilidade
que temos o hospital a funcionar com algumas dificuldades, com algumas deficiências,
mas estamos a conseguir por o hospital a funcionar”. O director do HCM citou o
caso do bloco operatório que continua a funcionar normalmente. O mesmo sucede
com os serviços de hemodiálise onde, depois de uma pequena hesitação, acabou por
prosseguir com as suas actividades. Fumane disse ser difícil fazer uma
estimativa correcta do número dos funcionários que aderiram a greve. “Neste
momento ainda não temos uma avaliação numérica dos médicos que compareceram para
trabalhar e dos que decidiram aderir a greve, porque a nossa primeira prioridade
foi colocar o Hospital a funcionar”, explicou. Prosseguindo, ele disse que
existem alguns funcionários que estão a fazer contactos telefónicos com os seus
colegas para tentar avaliar a situação e possíveis focos de violência. Disse
acreditar que quando se aperceberem do ambiente tranquilo que se vive no HCM um
maior número de funcionários deverá comparecer aos seus postos de trabalho. Em
termos numéricos, os serventes constituem a maioria dos funcionários que não
compareceram aos seus postos de trabalho. Para Fumane, este facto explica-se
pelo facto de os serventes e pessoal de apoio constituírem o maior número do
efectivo do HCM. Os médicos que se encontram a fazer a pós-graduação também
aderiram em número significativo a grave. O director do HCM aproveitou a
oportunidade para condenar a atitude muito pouco digna de alguns profissionais
de saúde que, em alguns casos, constitui uma violação flagrante a ética e deontologia
profissional. “Nunca se pode abandonar doentes urgentes. Em nenhuma
circunstância”, disse visivelmente agastado, para de seguida acrescentar “nunca
podemos abandonar os doentes que estão ao nosso cuidado. Isto está postulado no
código deontológico da Ordem dos Médicos de Moçambique que é a instituição que
superintende a nossa prática profissional”. Outros incidentes incluem actos de vandalismo, entre os quais se
destacam os registados nos serviços de anatomia patológica e arquivos
clínicos, onde os grevistas colocaram silicone nas fechaduras, razão pela qual
foi necessário arrombar as portas. Sobre este incidente, Fumane disse ser uma
situação muito desagradável e muito deplorável porque se deve deixar que a
consciência dos profissionais fale por si.“Ao impedirmos o acesso aos seus
locais de trabalho estamos a violar os direitos das pessoas que acham que devem
trabalhar”, disse Fumane, sublinhando que “não se reivindicam direitos violando
os direitos dos outros”. (H.Santiago)
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