A contagem de votos na eleição
presidencial da Bolívia avançava normalmente até a noite de domingo (20/10),
quando pouco mais de 80% das urnas usadas naquele mesmo dia já haviam sido
contabilizadas. Só que a divulgação dos
resultados simplesmente parou, deixando em dúvida se haverá segundo turno no
pleito e despertando clamores internacionais e protestos por parte da oposição. A confusão começou na noite de
domingo, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou que, com 83,76% da
apuração concluída, o presidente Evo Morales tinha mais votos (cerca de 45%)
que seu principal adversário, Carlos Mesa (38%), mas que, até aquela etapa da
apuração, não tinha conquistado seu controverso quarto mandato seguido em
primeiro turno.
Depois disso, pouco antes das
20h no horário local, o TSE parou de divulgar a atualização dos dados. Em
reacção, Mesa pediu a seus apoiadores, através de sua conta no Twitter, que
ficassem em "vigília" contra a possibilidade de fraude. Na segunda-feira, o candidato
opositor falou em "manipulação dos dados". "Estão tentando
bloquear a possibilidade de segundo turno. Caminhamos para uma situação
inaceitável para a democracia", disse Mesa (à direita na foto), em La Paz. Ainda na noite de domingo, Evo
não citou possibilidade de segundo turno e disse que esperava a contagem dos
votos das áreas rurais, onde tem maior eleitoral."Vamos esperar até a
apuração final. Tenho certeza de que vamos continuar garantindo esse processo
de mudanças com os votos da área rural", disse o presidente.
A situação levou a Organização
de Estados Americanos (OEA), que tem uma missão eleitoral no país, a dizer que
"é fundamental que o TSE explique por que foi interrompida a divulgação de
resultados preliminares".
Há pressão internacional
também por parte dos EUA. O principal diplomata americano para a América
Latina, Michael Kozak, que é secretario-assistente de Estado para o Hemisfério
Ocidental, escreveu no Twitter que "as autoridades eleitorais devem
imediatamente restaurar a credibilidade e a transparência ao processo
(eleitoral), de forma que a vontade do povo boliviano seja respeitada". Em
Buenos Aires, o Ministério das Relações Exteriores divulgou comunicado, nesta
segunda-feira, dizendo que o governo argentino espera que a apuração e
divulgação dos votos "sejam concluídas rapidamente".
Representantes do governo de
Evo Morales pediram que a população não saia para protestar, "para não
carregar o ambiente sem necessidade e gerar nervosismo", segundo a agência
Efe.
Em entrevista coletiva, os
ministros Diego Pary, das Relações Exteriores, e Manuel Canelas, da
Comunicação, afirmaram que "não queremos um resultado apressado (das
eleições). Temos que ser responsáveis com a população e com a informação com a
qual lidamos". Também pediram ao TSE que informe com mais transparência o
motivo pelo qual a divulgação dos dados foi paralisada. "Estamos
convidando os embaixadores de Brasil e Argentina, o encarregado de negócios dos
EUA e os países interessados que acompanhem permanentemente a contagem oficial
dos dados", declarou Pary.
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