Outubro
chegou, finalmente, e com ele o tão aguardado aval para o assalto ao banquete
do poder. Na véspera do momento derradeiro desta maratona eleitoral, falar de
fair play é de certo modo, um insulto, quando a pancada-ria e as cotoveladas
são o decreto do dia. Na edição passada do SAVANA, Fredson Guilengue, em seu artigo de
opinião, questiona a ausência de temas como as mudanças climáticas e
criminalidade organizada no discurso eleitoral dos can-didatos às eleições do
dia 15, e a essa intrigante constatação pode se acrescentar o descaso em
relação as artes e cultura, num contexto em que a pobreza a ser com-batida é
mais absoluta do que a luta.Enfim. Tratemos do tema desta semana.
A
cidade de Angoche fez 49 anos, no passado dia 26 de Setembro e Waataana –
Associação dos Naturais e Amigos de ANGOCHE fez a festa, como ilustram as
fotografias desta semana, e nos brin-dam com esta crónica que passamos a
apresentar na íntegra. As pegadas da história universal levam-nos a tempos
milenares à chegada nesta re-gião, dos primeiros habitantes da raça primitiva
que se supõe Aborígenes da África Austral, através de sucessivas ondas de
migração; esta região pela sua importância geo-estratégica, caracterizada pela
sua insularidade e continentalidade, factores que fizeram de Angoche um
privilegiado centro e entreposto comercial e fortaleza natural, cobiçada por
qualquer mercador que aqui ancorasse.
É
por causa destas condições naturais e aliciantes, que atraíram os mercadores
indo-persas antes do advento do Islamismo e mais tarde Árabe-Swahílis da era
islâmica, que visitaram a região para definitivamente aqui se fixarem no
longínquo século X da N.E.
Durante
os cinco séculos da sua existência, (XV – XX), o Sultanato de Angoche, foi um
marco na coesão organizacional política e administrativa e um importante
entreposto na rota do comércio internacional da época, fundamentalmente o
co-mércio de ouro, marfim e de escravo.Com a chegada dos portugueses na costa
moçambicana, passado 4 anos da sua fi-xação na Ilha de Moçambique em 1507, e
resistindo à submissão pacífica, o Sulta-nato de Angoche é visto pelos
portugueses não só como concorrente no comércio internacional da época, mas
também como um inimigo a abater. Para tal, em 1511, a armada portuguesa ataca
pela primeira vez Angoche, mas sem éxito.
A
partir daí, os ataques na tentativa de dominar e subjugar o Sultanato foram
sucessivos; até que em 1861, uma expedição militar portuguesa longamente
preparada e munida de artilharia pesada, vinda da Zambézia sob comando do
português João Boni-fácio Alves da Silva, invade o território do Sultanato e
vai até as imediações da capital Katamoyo (ilha), depois de dois dias de
combate feroz na defesa da capital, Mussa (Muça) bin Auf bin Shuaíb, conhecido
por Mussa Quanto, o comandante do exército do Sultanato, alveja mortalmente a
tiro, o comandante português, não obstante, a Katamoyo cai nas mãos do inimigo,
era 26 de Setembro de 1861. Esta data, no ponto de vista do Sultanato, embora
não tendo ganho a batalha, foi considerada um marco importante, por ter sido
abatido mortalmente, um coman-dante do exército colonial (M ́zugo), em
confronto directo.
Por
outro lado, a administração portuguesa, vangloria-se pela data, por ser a
pri-meira vez que se toma Angoche depois de tantas tentativas frustradas. Aos
26 de Setembro de 1970, a Vila de António Enes, através da portaria nº 23470 do
Governo Geral da Província de Moçambique, é elevada à categoria de Cidade.
(Venâncio Calisto
(Texto) llec Vilanculo (Fotos)
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