Há agora nove formações políticas (dez partidos, dada a
coligação PCP-Os Verdes) com assento parlamentar, um número recorde na história
da democracia portuguesa. Foi o distrito de Lisboa elegeu deputados dos novos
inquilinos na Assembleia da República. O PS foi o vencedor, mas com as portas
abertas para uma nova geringonça, também com o PAN e o Livre.
Com todas as freguesias apuradas e os
resultados finais trazem várias mudanças em relação aos anos anteriores. A
começar pelo número recorde de formações políticas que chegam agora à
Assembleia da República: nove, com a entrada do Iniciativa Liberal, do Chega e
do Livre, que elegeram um deputado (cada um). O Partido Socialista (PS) foi
o vencedor das eleições, com 36,65% dos votos e 106 deputados (ganha mais 20),
com uma vantagem de mais de dez pontos percentuais em relação ao Partido Social
Democrata (PSD), que ficou nos 27,90% (77 deputados, menos 12). Mas há um
derrotado maior: a abstenção continua a atingir números preocupantes e neste
ano situou-se nos 45,50%. Logo a seguir ao PSD entra o Bloco de Esquerda
(BE), que apesar de ter recuado nas percentagens (9,67%) manteve os 19 deputados.
Já a CDU e o CDS saem a perder, com menos cinco e 13 deputados, respetivamente.
O cenário negativo do partido liderado por Assunção Cristas levou a líder a
anunciar a convocação de um conselho extraordinário e garante que não irá
recandidatar-se. Por outro lado, o Pessoas-Animais-Natureza (PAN) conseguiu
eleger quatro deputados, mais três do que aqueles que existiam, quadruplicando
a sua presença na Assembleia da República.
Tudo indica que haverá renovação da geringonça, agora mais
alargada. Durante
a noite, num balanço dos resultados, António Costa lembrou que "os
portugueses gostaram da geringonça" e, por isso, o PS vai "procurar
renovar esta solução política". Segundo o secretário-geral do PS, as
eleições provaram duas coisas: que Portugal "deseja um novo governo
reforçado para governar com estabilidade no horizonte da próxima
legislatura" e que "gosta da geringonça e querem a continuidade da
atual solução política com o PS mais forte". Mas, desta vez, o acordo
governamental poderá ser estendido aos partidos PAN e Livre. Com o primeiro, o
líder socialista disse que vai procurar saber "se há agora condições para
um acordo", que não aconteceu em 2015. O primeiro-ministro recordou a
"uma derrota clara" do partido de Rui Rio, embora o próprio líder do
PSD considera que "não foi desastre nenhum".
Nesta terça-feira (8), o Presidente da República irá receber
todos os partidos políticos com representação parlamentar, numa audiência,
"tendo em vista a indigitação do primeiro-ministro" e "dado que
se realiza a 17 e 18 de outubro um importante Conselho Europeu, nomeadamente
por causa do Brexit". A mensagem foi divulgada no site
da Presidência da República. Em conclusão às eleições, Marcelo Rebelo de Sousa
"cumprimenta todos os cidadãos que exerceram o seu direito de voto e
salienta a forma cívica como decorreram". O ato eleitoral teve uma
"demonstração inequívoca do verdadeiro espírito democrático do Povo
Português", lê-se na nota.
O Presidente da República "saúda ainda todos os
candidatos que concorreram a estas eleições e felicita, em particular, os que
foram eleitos deputados para a Assembleia da República". "Respeitando
as razões que possam ter levado muitos cidadãos a não votar, espera que tudo
possa ser feito, no futuro, para criar condições que permitam que eles
reconheçam a importância do seu voto no futuro de Portugal".
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