(…)
"Aqueles são ambiciosos, corruptos e ladrões…! Nós não vamos pagar as
dívidas ocultas contraídas pela Frelimo. Aqueles gatunos não fizeram quase
nada, durante os 40 anos de governação. Meus irmãos! Chegou o momento da
verdade! No dia de votação vamos escorraçar do poder os malandros da Frelimo.
Depois de votar, cada um deve permanecer no local, para controlar os votos…blá
blá blá…! Não é verdade…?! Ouviram bem?!" (…).
Durante
a campanha eleitoral, os partidos da oposição (Renamo e MDM), no lugar de alinharem
as ideias para o desenvolvimento do país, esbanjaram o tempo em citar a marca
Frelimo com palavras maquiavélicas e ofensivas, usaram uma estratégia de
comunicação que padecia de vários defeitos e preocuparam-se em fazer turismo
eleitoral. A visibilidade do plano de governação de Ossufo e Simango fracassou
nos canais tradicionais e digitais e, nos encontros com os potenciais
eleitores. Notou-se um desequilíbrio emocional e organizacional e, falta de
definição de prioridades.
O namoro
exotérico entre a oposição e o eleitorado teve marcas de promessas vazias em
termos de conteúdo. Os partidos em causa foram pérfidos aos rabiscos dos seus
Manifestos Eleitorais. Por exemplo, relactivamente ao combate à corrupção, a
Renamo deveria ter destacado os seguintes pontos: “um dos meios fundamentais
para um combate eficaz contra a corrupção é a edificação de uma Administração
Pública despartidarizada, isenta e baseada em princípios éticos universais,
tecnocracia e de observância obrigatória da lei, por parte de todos os
funcionários públicos do país”. Ossufo teria dito que pretende:
a) criar
uma “Administração Pública apartidária assente no profissionalismo, na prática
dos princípios da legalidade, de justiça, da transparência, de celeridade
burocrática e de respeito pelos cidadãos e contribuintes”;
b) garantir
a “primazia das competências técnica e profissional, como critérios de
admissão, nomeação e promoção, na Administração Pública”; c) despartidarizar a
“participação e gestão do Estado, em empresas públicas”.
Ainda
sobre o mesmo assunto, o partido do galo teria avançado as seguintes linhas de
pensamento: “não há sistema político que funcione de uma forma justa para os
seus cidadãos num contexto de corrupção. O MDM teria dito que o “combate à
corrupção exige a despartidarização da Administração Pública e das empresas
Estatais e evitar que o Estado e as empresas estatais sejam sacos azuis para
partidos políticos”. Simango teria destacado três soluções para o combate à
corrupção:
(1) garantir
o “cumprimento dos princípios éticos e morais bem como o cumprimento da
legislação anticorrupção e de conflito de interesse”;
(2) criar
mecanismos de Educação para a Cidadania”;
(3) produzir
instrumentos internos do domínio público em consonância com a legislação
moçambicana”.
Portanto,
gritar com todas as palavras, por exemplo, “nós queremos acabar com os
corruptos da Frelimo”, não é a forma correcta de conquistar o voto. O povo sabe
muito bem que a corrupção existe e conhece alguns autores, pelo que, o
importante é a proposta de solução para este mal que coloca o crescimento do
país em “slow motion”.
“Ahhhh…porque
polícias, professores e enfermeiros têm salário magro, quando eu ganhar as
eleições todos vão ter um bom salário. Votem em mim e no meu partido porque
vamos criar postos de emprego e construir casas para os jovens”, etc. Mas, não
explicam a mecânica desta visão. Isso tudo faz parte de promessas para embalar
bebé para adormecer. É um modelo de campanha que afugenta a capacidade
imaginativa do eleitorado.
Não se
pode falar da robustez de um país democrático que possui partidos da oposição
que andam em contra-mão, partidos que só dão a cara no período eleitoral. Os
nossos partidos da oposição precisam de ampliar as suas ideias tendo em conta
às tendências de transformação da realidade e, os princípios de planeamento,
execução e avaliação de suas acções. Em 2024, haverá mais eleições. Comecem
hoje a desenhar o plano de acção.
O povo
quer ideias de desenvolvimento e não exibicionismo de força verbal.
Por: Bernardino Tomo
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