quinta-feira, julho 24, 2014

Raptado desiste de acusar

José Moreira Alves, uma das vítimas dos quatro sequestradores em julgamento na cidade de Maputo desde terça-feira, comunicou ontem(23/07) ao tribunal a sua intenção de desistir do processo em fase de produção de provas por estar a receber chamadas telefónicas anónimas com teor ameaçador.Proprietário da Jomofi Construções, Alves foi raptado minutos após entrar na sua residência, no bairro da Costa do Sol, numa noite de Abril de 2012. Os bandidos haviam se introduzido instantes antes. Amarraram os guardas e substituíram-nos dos seus afazeres, o que concorreu para que a vítima caísse na armadilha.O requerimento apresentado ao tribunal não detalha o teor dos telefonemas mas deixa clara a existência de chamadas anónimas feitas para o celular do empresário, o que lhe moveu a desistir do processo.Entretanto, o juiz e a magistrada do Ministério Público explicaram que se tratando de crime público não há como recuar, devendo-se avançar com o julgamento até ao fim. Acordou-se que José Moreira Alves será ouvido através do seu advogado e representante legal junto da 7.ª Sessão do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo. A esta audição seguir-se-ão as alegações finais.Segundo consta no despacho de acusação, após o sequestro o construtor civil foi levado para um cativeiro algures no bairro de Magoanine, uma zona não muito distante da sua casa.Fora dos 28 mil dólares norte-americanos que levava na sua viatura Alves tinha consigo telefones celulares e outros bens de elevado valor. Os sequestradores exigiram à família como valor de resgate dois milhões de dólares norte-americanos.Tendo os familiares comunicado que dispunham de 300 mil dólares, o filho da vítima foi orientado a deixar o valor no Campus da Universidade Eduardo Mondlane e abandonar o local sem olhar para trás. O empresário foi solto três dias após o rapto.

Foi também ouvido Jainudin Norudini Dali, proprietário da Padaria Lafões, raptado pelo bando a 18 de Dezembro à entrada de sua casa, na Avenida Kim Il-Sung, numa das zonas nobres da capital.Ao que relatou, após tomarem a sua viatura, os bandidos vendaram-lhe os olhos com um goro e conduziram por cerca de meia hora. Ao tomarem conhecimento de que o carro tinha dispositivo de localização por satélite abandonaram-na para uma outra que lhes levou até ao cativeiro.Jainudin Norudini Dali passou oito dias nas mãos dos sequestradores sob ameaças de morte caso a família não pagasse um milhão de dólares norte-americanos que exigiam. Foi libertado nas imediações das bombas de combustível de Xinkanhanine, no Hulene, perto da Praça da Juventude e orientado a ficar à espera do seu filho no local. Ao que posteriormente soube, a família pagou 600 mil meticais e 200 mil dólares norte-americanos.

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