A comunidade moçambicana em Portugal
considera que a paz e a segurança são dois pilares sem os quais 'não é possível
alavancar o desenvolvimento, o progresso social e o bem-estar do povo'.Em
mensagens de saudação ao Presidente moçambicano, Armando Guebuza, que acaba de terminar
uma visita de Estado de três dias a Portugal, a comunidade moçambicana exprime
sua preocupação pelos acontecimentos que têm ocorrido no centro do país,
particularmente no distrito da Gorongosa, provincia central de Sofala, e que
tem resultado em morte de civis e militares e na destruição de bens públicos e
privados, numa referência aos ataques dos homens armados da Renamo, o maior
partido da oposição em Moçambique.'Estamos convictos de que o diálogo e a
negociação deve ser a via privilegiada para a resolução pacífica do diferendo
que opõe o Governo e a Renamo', diz a mensagem da comunidade moçambicana
radicada em Portugal apresentada esta terça-feira, em Lisboa, no encontro com o
Presidente Armando Guebuza.
Armando Guebuza reuniu-se com a diáspora
para dar a conhecer os resultados da visita a Portugal e ouvir as múltiplas
preocupações que a comunidade moçambicana enfrenta no seu quotidiano nas terras
lusas.
A mesma preocupação também vem espelhada
na mensagem da Associação de Estudantes Moçambicanos em Portugal, na qual os
estudantes sublinham que têm recebido com muita preocupação, informação sobre a
tensão politico-militar que se vive no centro do país, 'pois a mesma constitui
um retrocesso à consolidação dos ganhos que o país acumulou ao longo dos
últimos anos'. 'Esta situação poderá retrair os investimentos tanto internos,
como estrangeiros, atraidos pelo ambiente de estabilidade política e de
negócios que de forma exemplar Moçambique representou nos últimos 20 anos.
Apelamos por isso que não poupem esforços na manutenção da Paz e da Unidade
Nacional, tendo em vista a consolidação do progresso e crescimento da nossa
bela nação', refere a mensagem.
Em Lisboa, tanto o Chefe de Estado
português, Aníbal Cavaco Silva, como o Governo de coligação PSD/CDS-PP chefiado
por Pedro Passos Coelho, condenaram o uso de armas por parte da Renamo para
fins políticos. É nesse contexto que se enquadra a reacção do vice
Primeiro-ministro português, Paulo Portas, quando diz que a palavra ou seja
diálogo e o voto são as únicas armas aceitáveis em democracia, para além de
serem o que mais interessa aos moçambicanos, bem como a consolidação da paz.
Paulo Portas falava num jantar por
ocasião da visita presidencial, oferecido pelo Grupo Impresa, dono do jornal
'Espresso', revista 'Visão', os canais de Televisão SIC, entre outras
publicações, condenando assim os ataques da Renamo.Na ocasião, Portas, líder do
CDS-PP, avançou que 'é preciso compreender que a palavra e o voto são as únicas
armas usadas em democracia cujo recurso deve respeitar as leis democráticas
vigentes no país'.Com estas reacções a Renamo vai ficando cada vez mais
isolada, segundo sublinham alguns académicos em Portugal.Nas duas mensagens, a comunidade
moçambicana em Portugal enaltece igualmente os esforços empreendidos pelo povo
moçambicano na luta contra a pobreza, na manutenção da unidade nacional, bem
como nos feitos do Governo, principalmente nos últimos dez anos de liderança de
Armando Guebuza. 'São visíveis as profundas transformações que o nosso belo
país, ao longo dos últimos 10 anos sofreu, a nível do desenvolvimento social e
económico. Hoje, Moçambique está na moda, é o País de que se fala e com quem se
quer falar', referem as missivas.Enaltecemos as visitas abertas (Presidências
Abertas) que tanto permitiram conhecer “in loco” a vida das populações, os seus
anseios, seus sucessos, bem como acompanhar o pulsar do desenvolvimento do país
no seu todo. Essas visitas tiveram ainda o condão de conferir a merecida
dignidade às populações e reafirmar a soberania do Estado moçambicano.
Foi através dessa metodologia de
trabalho, inserida 'na Vossa estratégia de governação, o empenho de Vosso
magnífico Governo e o trabalho árduo dos moçambicanos no geral que, determinou
que o País conhecesse o actual estágio sócioeconómico, do qual pudemos destacar
o incremento de infraestruturas como hospitais, pontes, instituições de ensino,
alargamento da rede de energia eléctrica, empreendimentos turísticos, intensa
actividade empresarial e o desejado aumento do nível de desenvolvimento humano,
constituindo estes factos, a alavanca necessária para o desenvolvimento de
Moçambique'.São destacados nas mensagens a reversão da Hidroeléctrica de Cahora
Bassa para Moçambique (HCB), referenciada como um 'marco histórico no exercício
da nossa soberania'; o impacto da atribuição do Fundo de Desenvolvimento do
Distrito, vulgo 7 milhões de Meticais, que galvanizaram o desenvolvimento dos
distritos na produção de alimentos e geração de emprego; a intensa actividade
em torno da construção da Circular de Maputo e os tantos edifícios na grande
capital, Maputo, descrita como o corolário do pulsar da 'nossa economia'.
Também é referenciada a expansão do
mercado de emprego desde o Sul ao Norte de Moçambique, decorrente dos grandes
investimentos em todo o país que impulsionam a eliminação das diferenças de
desenvolvimento entre os dois pólos.'O equilíbrio do género nos diversos postos
de governação. Hoje, é um facto que a mulher moçambicana está mais valorizada;
a passada presidência da SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da África
Austral) e a actual da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa)
revelam o quão Moçambique está sempre empenhado em dar o seu contributo nas
Organizações Internacionais com vista ao desenvolvimento nacional e regional',
avançam as mensagens.Gostaríamos também de enaltecer os esforços que o Governo
moçambicano tem vindo a empreender para que no dia 15 de Outubro de 2014 todos
os moçambicanos na diáspora possam cumprir o seu direito de voto nas eleições
gerais (legislativas, presidenciais e das Assembleias Provinciais). Respondendo
aos apelos para a necessidade de se por cobro a tensão político-militar,
Armando Guebuza lamentou o facto de alguns moçambicanos não concordarem com o
desejo da maioria que quer ver consolidada a democracia por via das eleições.Depois
de recordar a tragédia provocada pela sangrenta guerra dos 16 anos (terminada
em 1992 com a assinatura do Acordo Geral de Paz de Roma, a capital italia) e
que provocou mais de um milhão de mortes, milhares de refugiados nos países
vizinhos e deslocados internos, o Presidente moçambicano reafirmou a
necessidade do diálogo social para vencer as diferenças. Armando Guebuza
chefiou a delegação do Governo às negociações com a Renamo, em Roma. 'Continuaremos
a trabalhar para garantir a unidade dos moçambicanos, a paz e a segurança',
referiu o Chefe de Estado, demonstrando mais uma vez a sua humildade.
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