Durante 17 anos, Juan Reinaldo Sánchez (na foto) , um ex-guarda-costas do
ex-líder cubano ,diz ter feito parte do círculo mais íntimo destinado a
proteger Fidel. Desempenhou tarefas das mais variadas, como
"provar cada prato
ou vinho que traziam a Fidel" durante uma viagem à Espanha, em 1992, para
"assegurar que não estavam envenenados".Ou acompanhar o comandante
durante uma pesca submarina em que "minha tarefa era espantar tubarões e
barracudas que se aproximavam dele".
Sánchez aparece em fotos ao lado de Fidel Castro e histórias de
bastidores reforçam a sua identidade. Em um vídeo gravado pela BBC na ilha em
1993, o ex-guarda-costas aparece ao lado do comandante.Duas décadas atrás,
porém, Sánchez caiu em desgraça aos olhos do regime.Após seu irmão desertar, o
ex-guarda-costas pediu aposentadoria e foi preso, mas conseguiu escapar e fugiu
da ilha em direção a um destino comum a perseguidos políticos de Cuba: Miami,
nos Estados Unidos.Hoje, ele conta à BBC detalhes do que diz ser uma vida de
luxo e ostentação gozada pelo líder comunista.
"No livro, ofereço provas de que Fidel levava uma vida de luxos", conta o ex-guarda-costas. "Nem todas as pessoas no mundo podem dizer que têm uma marina privada com quatro iates, um barco de pesca e mais de cem homens que cuidam de seus imóveis." "Ninguém em Cuba sonha em ter uma reserva de caça pessoal, mais de 20 residências que eu pessoalmente conheci e uma ilha privada, Cayo Piedra (ao sul da Baía dos Porcos), que conta com um restaurante flutuante e um aquário de golfinhos, aonde Fidel levava sua família e seus amigos mais próximos".
"No livro, ofereço provas de que Fidel levava uma vida de luxos", conta o ex-guarda-costas. "Nem todas as pessoas no mundo podem dizer que têm uma marina privada com quatro iates, um barco de pesca e mais de cem homens que cuidam de seus imóveis." "Ninguém em Cuba sonha em ter uma reserva de caça pessoal, mais de 20 residências que eu pessoalmente conheci e uma ilha privada, Cayo Piedra (ao sul da Baía dos Porcos), que conta com um restaurante flutuante e um aquário de golfinhos, aonde Fidel levava sua família e seus amigos mais próximos".
"Ao contrário do que dizem, Fidel nunca renunciou às
comodidades capitalistas ou escolheu viver na austeridade. Seu estilo de vida é
de um capitalista sem nenhum tipo de limite", diz Sánchez.
A suposta fortuna de Fidel Castro é até hoje alvo de muita
controvérsia.Em 2006, a revista Forbes incluiu o ex-líder cubano em sua lista
dos 10 "reis, rainhas e ditadores" mais ricos do mundo. A publicação
estimou a fortuna de Castro em US$ 900 milhões (R$ 2 bilhões, em valores
atuais).A reportagem citava fontes não identificadas que afirmavam que Fidel
possuía uma fortuna amealhada a partir dos lucros das estatais cubanas.Na
ocasião, o ex-líder cubano negou veementemente o conteúdo da publicação.O
governo de Cuba, por sua vez, sempre desmentiu informações sobre um suposto
patrimônio milionário do seu líder, alegando que Fidel vivia de seu salário
oficial de US$ 36 (R$ 72) por mês.
Fidel deixou oficialmente o poder em 2008, dois anos após adoecer. Desde
então, aparece pouco em público.
Sánchez descreve Fidel como um homem carismático e inteligente, mas
manipulador, egocêntrico e de sangue frio.Para Cuba e para os cubanos, sua vida
privada sempre foi tratada como um legítimo segredo de Estado."Eu diria
que Fidel tinha uma vida dupla. Ele tinha uma imagem pública de uma pessoa
sensível e modesta, até afável, mas no âmbito privado era muito
diferente", acrescenta."Eu nunca o vi com uma expressão de carinho
com sua família, nunca o vi dar um beijo em seus filhos pela manhã. Suas
relações com seus parentes também eram frias e distantes", conta."A
julgar pelo que pude ver em sua residência de Punto Cero, a relação com sua
esposa Dalia Soto del Valle não era muito diferente. Ela era como sua ajudante
pessoal, lhe trazia documentos para ler, o que ele necessitava. Mas nunca vi
qualquer afeto entre eles, algo que se imagina em qualquer casamento"."Já
com suas amantes, a atitude era outra. Ele era mais cortês e até lhes levava
flores em seus aniversários".
No livro, Sánchez também acusa
Fidel de ter dado proteção a um conhecido traficante de drogas colombiano.Ele
diz, no entanto, que nunca escutou nada que vinculasse o ex-líder cubano ao
suposto tráfico de drogas das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia
(Farc).Sánchez também diz não saber se houve qualquer tipo de contrapartida
econômica em ter dado asilo ao traficante."Esse foi o momento em que Fidel
deixou de ser meu ídolo. Para mim, ele era o maior, o homem pelo qual eu estava
disposto a morrer", relembra.
"Mas a partir desse momento, decidi encontrar uma maneira de
deixar aquela vida, porque não conseguia entender como podia estar protegendo
um homem que havia negado publicamente qualquer relação com o tráfico de
drogas."
Sánchez diz que em Cuba não havia trabalho de maior prestígio do
que dedicar a vida a proteger o "comandante"."Não era um
trabalho fácil. Fidel sempre estava sob ameaça e seu sistema de segurança é um
dos mais efetivos, sem ter os mesmos recursos de países desenvolvidos",
afirma o ex-guarda-costas."Não sou quem estou dizendo isso. O aparato de
segurança pessoal de Fidel é conhecido por agências de inteligência como a CIA
(americana) e o Mossad (israelense)."O ex-segurança diz que Fidel foi alvo
de centenas de atentados, mas considera exagerada a estimativa de 600 do
governo cubano.Segundo Sánchez, muitas desses atentados eram realizados pelo
próprio sistema de segurança pessoal do ex-líder cubano. O objetivo era provar
a sua efetividade e ajustar possíveis falhas. "Eu estimaria entre cem e
200 as tentativas reais de assassinar Fidel".
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