Os Produtores de chá em Moçambique não estão a explorar plenamente o mercado nacional facto que faz com que o consumo interno seja dominado pelas importações de chá sul-africano de marca “Five Roses”.Para contrapor este cenário mais de 90 por cento da produção nacional devia ser destinado as exportações o que não esta a acontecer devido as condições do mercado externo aliadas ao facto de o dólar norte-americano estar a depreciar face a moeda nacional, o metical. Como consequência, a indústria de chá na província central da Zambézia, a maior produtora nacional, está a perder a sua dinâmica na economia porque para além do declínio da produção, a sobrevivência das fábricas depende da exportação, numa altura em que apenas cinco por cento do produto nacional é consumido internamente. Almeida Lee, da Chazeiras de Moçambique e representante da Associação de Produtores do Chá, diz que os níveis de produção na Zambézia, província descrita como sendo de grande potencial agro-ecológico para esta cultura, atingem globalmente as seis mil toneladas por cada safra.A Zambézia tem em funcionamento quatro indústrias que se dedicam a produção e processamento de chá.Almeida Lee explicou que esta empresa alcançou, na última campanha, mil toneladas de chá, representando uma relativa queda de produção, na medida em que na safra anterior atingira 1.200 toneladas.Almeida Lee considera que o declínio tem a ver, sobretudo, com a queda generalizada da produtividade das plantações existentes já há muitos anos e, por isso, incapazes de resistir às adversidades impostas pela natureza, reclamando hoje pela sua substituição para se garantir o aumento das quantidades e qualidade de chá.“O chá está a tentar manter-se. Não vamos falar de lucros, pois há problemas de sobrevivência do sector. A nossa empresa está a ensaiar a renovação dos campos. Estamos a conceber novos campos, pois há plantações em que se recomenda a sua substituição para se alcançar boa produtividade”, explicou Almeida Lee, citado pelo “Diário de Moçambique”.A fonte apontou que no distrito do Gurúè, por exemplo, estima-se que, regra geral, um hectare é preenchido com plantas que devem gerar no mínimo 1.200 quilogramas de chá, o que é contrastado com a nova realidade em que os campos dificilmente conseguem chegar a mil quilogramas, sendo generalizados os casos em que se obtêm apenas 500 quilos.As condições climatéricas também são apontadas como estando a influenciar a fraca produção de chá no distrito do Gurúè, onde no ano passado os produtores ressentiram-se da escassez de chuvas, facto que está a ser relacionado com as mudanças climáticas que se registam em todo o mundo. A maioria das indústrias alega a incapacidade financeira para apostar em novas plantações, uma vez que este processo exige grandes investimentos na criação de viveiros ou importação de plantas, para além da investigação e assistência agronómica visando garantir a tão necessária sobrevivência e a qualidade produtiva.“Preconiza-se que cada empresa renove pelo menos dez hectares de plantações por ano. Mas não temos capacidade para isso”, referiu Lee, explicando que a reposição de um hectare de plantação de chá custa cerca de 15 mil dólares norte-americanos, valor que a maioria das empresas não possui.Para o plantio de uma área de um hectare, por exemplo, são necessárias 20 mil plantas, cuja capacidade de sobrevivência no solo depende dos cuidados agronómicos, bem como do comportamento climatérico que nos últimos anos é encarado como sendo extremamente desfavorável. Nesta província, o cultivo de chá assume relevância nos distritos da alta Zambézia, com enorme incidência para as montanhas do Gurúè e o posto administrativo do Socone, no Ile, onde actualmente existem extensas plantações em que já ocorrem as colheitas.
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