sábado, julho 09, 2011

Insuspeito trio familiar?

O DESPORTO é, por excelência, um poço de amizades. Um poço inesgotável onde também se cultiva a amizade, a tolerância e o convívio entre pessoas de diferentes estratos sociais. É verdade que no momento da competição, os intervenientes se olham como adversários, cada um ávido pelo triunfo, porém, depois disso, abraçam-se e voltam à irmandade que, afinal, devia ser apanágio de todos os seres humanos.Mas o desporto é também feito por pessoas da mesma família. Da mesma casta. Entre pais, irmãos, primos, cunhados, sobrinhos, etc., mesmo que pertençam a emblemas diferentes. Nessa ocasião, quando se encontram em campo, de pais, irmãos e primos não têm rigorosamente nada, pois aí o mais importante é desportivamente superar o outro, defender a sua camisola, todavia, em casa, sentam-se à mesma mesa e comem o mesmo prato, sem quaisquer ressentimentos em relação ao resultado que se tenha verificado no jogo.Há pelo mundo fora vários exemplos de famílias desta natureza, tal como acontece entre nós com uma triangular ligação familiar envolvendo pessoas bem conhecidas no nosso futebol e ligadas a clubes que, curiosamente, nas duas últimas edições do Moçambola travaram uma rivalidade inesperada, como vimos entre Vilankulo FC, Liga Muçulmana e Maxaquene.
Vejamos o labirintoso triângulo:
Yassin Amuge, patrono do Vilankulo FC, é sobrinho de Intiaz Amuge, vice-presidente do Maxaquene, e ambos são sócios dos “tricolores”. Yassin, antes de comprar o clube inhambanense, já era sócio do Maxaquene, com o cartão número 14. Foi inscrito pelo seu pai há 28 anos, na mesma altura em que Suleimane Amuge, presidente do Município de Vilankulo e irmão do Intiaz Amuge, adquiria o seu cartão de sócio nº 12 e sua esposa, Fátima Dessai, se tornava também sócia dos “tricolores”, com o nº 13. Fátima Dessai, por seu turno, é irmã mais nova de Firosa Dessai, esposa de agente-FIFA Shafi Sidat, irmão de Rafique Sidat, presidente da Liga Muçulmana, e de Feizal Sidat, presidente da Federação Moçambicana de Futebol. Yassin Amuge é também sobrinho de Shafi Sidat e de Abdul Omar, actual treinador do Vilankulo FC. Abdul Omar é marido de Fátima Amuge, irmã do seu pai, Suleimane Amuge e funcionária de uma das empresas de Yassin Amuge. E, como o futebol faz família e une as pessoas, o dirigente “tricolor” Intiaz Amuge recebeu há dias, durante o lançamento da revista “Vilankulo”, o cartão de sócio do clube da terra que o viu nascer. “Sou dirigente do Maxaquene, é verdade, mas nada obsta que seja sócio do clube da minha terra”, assim reagiu Intiaz Amuge, após receber o cartão de sócio do Vilankulo FC, acrescentando: “O meu irmão Suleimane Amuge é um dos primeiros sócios do Maxaquene e foi ele quem fundou e patrocinou a revista “ Maxacas”, com o falecido jornalista Ângelo Oliveira. Portanto, fui sempre do Maxaquene e sempre serei do Maxaquene, mas não posso deixar de me identificar com as cores da terra”. Para Shafi Sidat, quando as pessoas estão no desporto não é para criar inimigos, muito menos deixar de falar ou de conviver com familiares e amigos.“Fui e sempre serei familiar dos Amuge. Antes de me tornar agente-FIFA e dos meus irmãos serem presidentes da Liga Muçulmana e da FMF, eu já era concunhado de Suleimane Amuge, amigo do seu filho Yassin Amuge e, por via disso, também familiar de Intiaz, daí não haver motivos para cortar estas ligações familiares em nome da imparcialidade”, disse Shafi. Quanto a nós, e em nome da imparcialidade desportiva, oxalá que este triângulo familiar seja realmente salutar e acima de qualquer suspeita, sobretudo quando chega a hora das decisões no Moçambola.(JN)

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