O Mecanismo Africano de Revisão de Pares (MARP)
considera o Fundo de Desenvolvimento Local (FDD), vulgo “Sete Milhões”, uma
iniciativa instituída em 2006 pelo estadista moçambicano, Armando Guebuza, como
sendo um exemplo que deveria ser seguido pelos restantes países do continente.O
MARP é um instrumento acordado mutuamente e aderido voluntariamente pelos
Estados Membros da União Africana (UA) como um mecanismo africano de
auto-monitoria. Este sentimento foi manifestado Quarta-feira ultima, em Addis Abeba, capital
etíope, durante a apresentação, pelo estadista moçambicano, do Relatório de
Progresso de Moçambique referente ao período 2010/2012, um evento que também
contou com a presença do presidente do Fórum Nacional do MARP de Moçambique, o
Professor Doutor Lourenço do Rosário.Falando a imprensa minutos após o término
do evento, Lourenço do Rosário disse que “foi bastante elogiado o facto de
Moçambique estar a dirigir para o sector rural grandes verbas do Orçamento do
Estado, não apenas para a agricultura, mas sobretudo para o desenvolvimento
rural no geral, caso do fundo dos 'Sete Milhões de meticais', considerado um
exemplo a seguir pelos restantes paises africanos.
Inicialmente estipulado em Sete Milhões de meticais (cerca de 225 mil dólares
ao câmbio actual), o FDD tem por objectivo beneficiar cada um dos 128 distritos
do país e financiar iniciativas de geração de empregos e produção de alimentos.Segundo
a fonte, Moçambique também mereceu fortes elogios pelo facto de, a par com o
Ruanda, ser um dos poucos países do continente que regista elevados índices da
participação da mulher na área de governação.Isso significa que ambos os países
“estão a implementar efectivamente aquelas recomendações da União Africana”,
acrescentou. Moçambique, com 39,2 por cento de mulheres no parlamento, segundo
o ranking da União Inter-Parlamentar de 1 de Novembro de 2013, ocupa a 12ª
posição, num grupo de 188 países avaliados no mundo inteiro. O Ruanda
lidera o ranking com 63,8 por cento de mulheres no parlamento.Fazendo um
balanço daquilo que foi a avaliação do MARP em relação ao país, Lourenco do
Rosário, Reitor da Universidade Politécnica de Moçambique, fez questão de
vincar que a mesma foi acima da expectativa.Explicou que “além da ausência de
contestação que normalmente costuma aparecer por parte dos Pares perante
determinados aspectos do Programa Nacional de Acção, a presidente do painel do
MARP, a Presidente da Libéria, endereçou ao Chefe do Estado moçambicano elogios
pelo facto de Moçambique ter feito grandes progressos perante o programa
nacional de acção que cobre o biénio 2010/2012”. Advertiu, contudo, que
existem vários desafios para a segunda fase de avaliação que arranca em 2015.Estes
desafios incluem a resolução de alguns constrangimentos que não foram cumpridos
e outros que surgiram mais tarde. Entre os desafios arrolados destacam-se “a
integração dos desmobilizados de guerra e também daquilo que está na origem dos
conflitos com a Renamo”. Outros desafios que Moçambique deverá fazer face
antes da segunda avaliação a partir de 2015 incluem a nova situação dos grandes
investimentos, bem como a sua relação com a pequenas e médias empresas
moçambicanas e melhoria dos níveis da condição de vida da população. Rosário
acredita que a actual situação que se vive no país, caracterizada por uma
tensão político-militar desencadeada pela Renamo, o maior partido da oposição e
antigo movimento rebelde, será ultrapassada.
“Eu pessoalmente penso que o diálogo tem que ter um final feliz na medida em
que todos os actores por aquilo que eu e o senhor Bispo (Dom Dinis Sengulane)
nos apercebemos, quer com o senhor presidente da Renamo quando era contactável,
quer com o presidente da República, existe uma vontade efectiva de resolver o
problema”, referiu.Moçambique aderiu voluntariamente ao MARP 2003, um
instrumento instituído pela UA que, por via, de exercícios de auto-avaliações e
avaliações, bem como partilha de boas práticas entre Pares, promove a melhoria
da governação politica e económica dos países participantes desta iniciativa. Em
Junho de 2009, na cidade de Sirte, Líbia, Moçambique apresentou, durante a 11ª
Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo dos países participantes do MARP, o
seu relatório de auto-avaliação.
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