O activista Denis Goldberg
foi um dos colegas mais próximos de Nelson Mandela na luta contra o apartheid
na África do Sul. Ele passou 22 anos na prisão e foi o único branco a ser
condenado ao lado de Mandela.
Denis Goldberg morreu aos 87 anos na noite
de quarta-feira, segundo o comunicado divulgado pela família do ativista esta
quinta-feira (30.04). "Sua vida foi bem vivida na luta pela
liberdade na África do Sul", afirma o comunicado da família, citado
pela agência France Press. Goldberg passou 22 anos numa prisão só para brancos
após ser detido junto com Mandela e outros ativistas, incluindo Walter Sisulu,
Govan Mbeki e Andrew Mlangeni, em 1964. Em 2016, durante uma homenagem em
Londres, o ativista sul-africano disse que "há um longo caminho a
percorrer" nas relações raciais na África do Sul. "A segregação
racial foi forjada na mente de todos os sul-africanos", disse ele.
Denis Goldberg ao lado do
também ativista Ahmed Kathadra, falecido em 2017
Goldberg, engenheiro civil por formação,
envolveu-se na luta armada do Congresso Nacional Africano contra o regime do
apartheid em 1961, quando foi recrutado para a ala armada secreta do movimento.
Lá, suas habilidades de engenharia foram úteis na criação de armas e materiais
explosivos. Em entrevista à DW, que concedeu na Cidade do Cabo em janeiro deste
ano, Goldberg recordou o seu recrutamento. "Nelson Mandela disse que
estava a criar um exército ilegal. [Ele disse], Denis, você tem o treinamento
técnico. Você sabe como construir pontes. Você pode explodí-las. Você se
juntará a nós?" Goldberg foi considerado culpado por traição e sabotagem
nos julgamentos de Rivonia.
"Há momentos em que
acordo no meio da noite a me perguntar onde estou", disse Goldberg à DW.
"Estou na prisão ou estou a pensar na prisão? 22 anos são uma grande parte
da vida. Mas valeu a pena".
Quando foi libertado em 1985, aos 52 anos,
seguiu com a sua esposa para o exílio em Londres. Goldberg representou o ANC
nas Nações Unidas em Nova Iorque e, em 2002, após a morte da mulher, ele
retornou à África do Sul. Na recente entrevista à DW, ele alertou que a África
do Sul e o mundo não devem esquecer o passado e deixar o racismo florescer.
"Temos que dizer que assumiremos a responsabilidade de pôr um fim a isso o
máximo que pudermos. E vejo dia após dia pessoas de todo o mundo a dizer
bobagens, vamos evoluir."
0 comments:
Enviar um comentário