O controlo
da transmissão, a capacitação dos sistemas de saúde para testar e a gestão dos
riscos de importação do vírus são alguns dos critérios. A Áustria, Espanha e
Itália já permitiram o regresso parcial ao trabalho. No extremo oposto, a Índia
prolongou o confinamento até 3 de maio
O
diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom
Ghebreyesus, enunciou esta terça-feira seis critérios para os países que já
começaram a levantar medidas restritivas de combate à propagação da covid-19 ou
planeiam fazê-lo. “À medida que o mundo se aproxima dos dois milhões de casos
[de infeção], a OMS atualiza a sua estratégia para ajudar os países a salvar
vidas e a travar o coronavírus”, declarou o diretor-geral da organização.
“Alguns
países e comunidades já enfrentaram várias semanas de restrições sociais e
económicas. Alguns países estão a considerar quando podem levantar essas
restrições, outros estão a considerar se e quando devem introduzi-las. Em ambos
os casos, estas decisões devem basear-se, em primeiro lugar, na proteção da
saúde humana e guiar-se pelo que sabemos do vírus e como ele se comporta”,
advertiu. E sublinhou: “Estamos todos a aprender a cada momento e a ajustar a
nossa estratégia, com base nos mais recentes elementos disponíveis.”
São estes os
seis critérios definidos pela OMS para o regresso possível à normalidade:
1. A transmissão está controlada;
2. Os sistemas de saúde estão munidos da capacidade para detetar,
testar, isolar, tratar e rastrear todos os contactos;
3. Os riscos de surto são minimizados em contextos especiais, como
unidades de saúde e lares de idosos;
4. As medidas preventivas estão em vigor nos locais de trabalho,
escolas e outros onde o acesso da população é essencial;
5. Os riscos de importação do vírus podem ser geridos;
6. As comunidades estão instruídas, envolvidas e capacitadas para
se ajustarem à “nova norma”.
Tedros
Adhanom Ghebreyesus disse, ainda, que “todos os países devem implementar uma
série abrangente de medidas para desacelerar a transmissão e salvar vidas” e
“todos os governos devem avaliar as suas situações, enquanto protegem todos os
seus cidadãos, especialmente os mais vulneráveis”.
A Áustria,
Espanha e Itália já permitiram o regresso parcial ao trabalho numa altura em
que vários países europeus registam decréscimos no número de novos casos e
começam a tentar reativar as suas economias debilitadas pelas medidas
restritivas. No extremo oposto, a Índia prolongou o confinamento até 3 de maio,
enquanto o Presidente russo, Vladimir Putin, tenta preparar os seus cidadãos
para o que classifica como uma crise “extraordinária”.
No plano
político, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, insistiu esta
terça-feira numa “mudança radical” no funcionamento da OMS, acusando a
organização de não ter agido “de forma correta desde o início” da crise.
“Precisamos de garantir que o dinheiro que gastamos [com a OMS] – dólares de
impostos pagos aqui nos EUA – é usado de forma sensata e para os objetivos
pretendidos”, declarou o chefe da diplomacia americana. Na semana passada, o
Presidente Donald Trump ameaçou suspender a contribuição financeira do país
para a OMS, acusando-a de ser demasiado “pró-chinesa” nas decisões que toma no
combate à pandemia.
Hélder Gomes
Jornalista
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