Liderados pelas
organizações da sociedade civil, os cidadãos saem hoje (16) à rua em Maputo e
nas outras capitais provinciais, em protesto contra as regalias aprovadas em
duas leis separadas, para beneficiar os deputados da Assembleia da República e
os ex-Presidentes da República. A marcha, com o lema “NÃO À LEGALIZAÇÃO DO
ROUBO”, parte da estátua de Eduardo Mondlane, na avenida com o mesmo nome, e
irá desaguar na Praça da Independência, frente ao Conselho Municipal de Maputo.
Um estudo levado a cabo por organizações da sociedade civil revela a forma
escandalosa e danosa com se gere a coisa pública em Moçambique, através da
acumulação da riqueza por uma minoria, em prejuízo de todo o povo. Segundo o
estudo, cada deputado aposentado ganha cerca de 910 mil meticais,
aproximadamente 30 mil dólares, por ano.
O valor é o somatório das seguintes
benesses: 100% do salário mensal, isenções para a compra de viaturas e
assistência médica e medicamentosa. O estudo não inclui aquilo a que chama
benesses de difícil valoração. O deputado com o salário mais baixo ganha
60 mil meticais por mês, cerca de 720 mil meticais por ano, sendo este o mesmo
valor que é pago a um deputado aposentado, desde de que tenha feito respectivo
desconto. O mesmo deputado aposentado tem ainda direito a isenção na importação
duma viatura (de cinco em cinco anos). Tem ainda um subsídio de assistência
médica e medicamentosa (família de cinco pessoas) num valor de 10 mil meticais.
Subsídio de
reintegração do deputado equivale a 30 anos de salário na agricultura.
Usando como
referência o salário de 60 mil meticais por mês, e tendo como base o mandato
(cinco anos), o deputado tem um subsídio de reintegração de 2.700.000,00
meticais, o equivalente a 90 mil dólares. Este valor, segundo o estudo, equivale
“ao que ganharia um trabalhador agrícola com o salário mínimo em
aproximadamente 30 anos, considerando o salário mínimo actual (3.010).” O chefe
duma bancada, segundo o estudo, tem rendimentos 50 vezes superiores ao
rendimento médio dum cidadão moçambicano. Um deputado simples “tem rendimentos
vinte e cinco vezes superior ao rendimento per capita do país.” O estudo
revela ainda que “o salário dum deputado é 23 vezes superior ao salário mínimo
na agricultura. O chefe de bancada possui rendimentos 46 vezes superior ao
salário mínimo na agricultura.”
Deputados podem
custar ao Estado nove milhões de dólares daqui a 20 anos
O estudo,
considerando uma taxa de renovação de deputados de 30% entre legislaturas,
conclui que, aos valores actuais, daqui a vinte anos, as pensões representariam
9 milhões de dólares (2.250.000,00 USD para os reformados em cada legislatura x
4 legislaturas em 20 anos), o suficiente para, neste período, se construírem 12
centros de saúde do Tipo 2 e 720 salas de aula para 18 mil estudantes
(considerando 25 alunos por sala).
E o Presidente
da República?
O impacto
orçamental para as regalias com os ex-Presidentes da República é de
46.121.500,00 meticais, cerca de 1,537 milhão de dólares, isto é, perto de 130
mil dólares por mês. O estudo revela que os “valores, equivalem a cerca de mil
e quinhentas vezes o actual rendimento per capita de Moçambique”. Este valor
pode triplicar, em função do número de beneficiários. (A. Mulungo)
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