De longe o
Comité Central do partido Frelimo ajudou a resolver as “makas” no seio dos
camaradas, mesmo que a propaganda comunicacional tente convencer-nos que o
partidão sempre se sai bem em face de crises internas, que até são normais numa
organização. Ainda há gente que atrapalha, há gente que incomoda e, assim sendo, é preciso
agir com precaução, é preciso “investir no futuro” da Luísa Diogo, antiga
Primeira-Ministra, mesmo que seja na base de expedientes “rumorescos”,
enlatados e espalhados via comunicação social. Um artigo publicado há duas semans pelo semanário Savana, traz um título de
criar água na boca, mesmo que seja um conjunto de rumores, percepções e
especulações, e até criação de gente com mente fértil: “Rumores sobre
candidatura independente de Luísa Diogo ganham força”.A seis meses das eleições?
O suficiente para um jornalista começar a franzir a
testa, tanto mais que o seu autor conhece as engrenagens do sistema político
aqui estabelecido. E nem se deve tentar fazer comparações com o caso do Edil da
Beira, Daviz Simango, quando se candidatou àquela autarquia porque estariamos a
comparar grandezas diferentes. Dito de uma forma deselegante, pode-se afirmar que se está em presença de um
embuste jornalístico mas a satisfazer expedientes de dentro do partido Frelimo,
visando abater a ex-funcionária do Banco Mundial, sabido que Luísa Diogo não
teria condições, ou seja não teria estrutura política que a endossase para
enfrentar Filipe Nhusy, mesmo que viesse a receber apoio quer de Joaquim
Chissano e de qualquer outro colosso da Frelimo. Parece cedo demais para
assistirmos a oxidação do partido Frelimo como aconteceu com o Partido
Comunista da União Soviética (PCUS). A Frelimo parece mesmo um partido
inoxidável. Luísa Diogo deve ser extremamente ponderada para não aventurar e seguir o
caminho por que passou Francisco Masquil, antigo governador da província de
Sofala, depois que entregou o seu “cartão vermelho” ao partido, ela (Luísa) que
não é nehuma entusiasta em matéria política. E desafiar o “actual status quo” feito à medida do alfaiate, em Pemba, quando
do 10º Congresso da Frelimo seria um suicídio político que Luísa não quererá
experimentar. Candidatar-se, hoje, como independente é o mesmo que entregar o
cartão como fez Francisco Maquil. A não ser que a Luísa pretenda andar na rua a
falar sozinha!
Sendo Luísa Diogo não uma membro qualquer da Frelimo, tendo até sido integrante
da Comissão Política deste partido, não é de duvidar que ela conhece os
maquiavelismos todos e o quão poderosa e sofisticada é a máquina da fraude que
a Frelimo põe em marcha para ganhar eleições (Changara, em Tete e muito
recentemente em Gurué, na Zambézia, são a parte visível do iceberg) e não se
sabe se ela estaria em condições de desafiar essa mesma máquina a escassos seis
meses das eleições, com alegações de que tem um substrato político acima da
média e contaria com apoio de mulheres. Em função ainda desse domínio que ela detém deve saber quais são outros
expedientes que são accionados para desbaratar os adversários, sendo por isso
pouco crível que Luísa Diogo embarque nessa Aventura independentista.
Pessoalmente gostaria de a ver a candidatar-se!
O que deve estar a acontecer é que Luísa Diogo está a ser vítima de alguns
camaradas seus que acreditam que dentro dos próximos dez anos ela continuará
presidenciável, como aliás é hoje. Ficou em segundo lugar nas internas da
Frelimo, atrás de Filipe Nhusy e cometeu o “erro político” de não ter abdicado
de ir a um second round, o que teria sido visto como o agir no “politicamente correcto”.
A ida dela, depois da primeira volta, a uma segunda volta não deixou de
representar um desafio ao presidente Guebuza e toda uma entourage que este
controla - pelo menos - este é o pensamento de alguns círculos. Dito de outra
forma, Luísa não deveria ter ido a segunda volta com aquele que integrava os
três elegidos pela ala “visionária”, “clarividente” ecrustada ao “Grande
Líder”. Aliás é esse o discurso em certos círculos e a ter em conta de dentro do
partido Frelimo. Ou seja, Luísa Diogo não deveria ter cometido o erro politico
de ir a uma segunda volta para por em causa o pré-candidato da Comissão
Política a quem Armando Guebuza, triunfalmente disse: “Este é o nosso (meu)
candidato”, referindo-se ao ex-funcionário ferroviário. A Luísa, com este expediente jornalístico, expedientes de smss, e-mails e redes
sociais, em minha opinião, não deve ser mais do que um alvo a abater, ela que
eventualmente pode ainda ser candidata em 2024. É preciso investir no futuro e
não nos esqueçamos que Luísa Diogo disse recentemente que é preciso acreditar
que uma mulher pode ser Presidente, um dia. Ela estava a falar dela mesmo (?),
numa clara demonstração de que a ambição dela de andar de Mercedes Preto ainda
está intacta. Mulher de fibra a Luísa!
Para dar um cunho jornalístico ouviu-se uns iluminados académicos, mas
omitindo-se de fazer o que se recomenda em material jornalística. A Sra Luísa
Diogo e toda a prosa não dizem ao leitor que algum esforço foi empreendido para
ouvir a “candidata independente”.
Ao tentar tentar sustentar um rumor na base daqueles académicos, que se sabia,
à partida, pensariam da mesma forma foi seguir o que faz a TV pública que
sempre nos dá a ouvir a mesma opinião mas saída de quarto bocas diferentes, e
mesmo assim chamam àquilo “debate”. E o que se fez com as pessoas que tiram 30 meticais para comprar o SAVANA, como
eu, foi uma burla no sentido em que se foi buscar “académicos” (que até são
bons) que se sabia, à priori que iam analisar o assunto sem se abstrair do
passado recente da Luísa Diogo.
Este exercício não é mais do que o que se pode dizer de “lei do menor esforço”.
Alguns jornalistas têm tentado falar com fontes, com pessoas visadas nos seus
artigos e, pelo menos, ficamos a saber de uma coisa: ligamos para a fonte e o
telefone fez tum tum tum tum tum tum. Insistimos e o telefone fazia tum tum tum
tum tum!!!
E por que é necessário abater a dona Lulu, como é chamada em alguns círculos,
tendo sido já aniquilada em sede das internas do Comité Central da Frelimo.
Provavelmente (permita-me, Madaukane, voltar a especular também) em função dos
resultados das internas é preciso ter em conta o seguinte aspecto. É que na
constituição do governo, caso Nhusy vença as eleições de Outubro, o que é muito
provável, não se deve, hipoteticamente, deixar a Luísa na periferia do “taxo
governativo” ou em outros cargos importantes. É que Luísa Diogo, no jogo do
equilíbrio do género de que Moçambique se “gaba” de ser campeão na África
Subsahariana, ela pode ser equacionada para Primeira-Ministra mais uma vez ou
mesmo para substitur Verónica Macamo, na Assembleia da República, caso a
Frelimo vença as eleições de 15 de Outubro. Isto vai garantir-lhe manter
visibilidade por um periodo de dez anos até daqui a dez anos e é isso que corrói
alguns corações. Provavelmente. E conhecendo-se o arcaboiço intelectual, académico de que é detentora e mesmo
comparando com algumas mulheres que até fazem parte da Comissão Política, é
preciso começar a trabalhar porque em 2024 Luísa Diogo terá 66 anos e ainda com
energia para o que der e vier.
A presidente da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf, chegou ao poder em 2005 com 67
anos, contando hoje com 76 anos e o percurso dela tem alguns pontos em comum
com a hoje PCA do BARCLAYS. E não nos esqueçamos que Luísa Diogo foi Primeira-Ministra nos primeiros cinco
anos de Armando Guebuza para, mais tarde, não fazer o segundo mandato, e em sua
substituição vir Aires Aly, não tendo feito este último se quer três anos. E
não pode ter sido problema de incompetência que fez com que Luísa Diogo caisse
da cadeira de Primeira-Ministra. E indo na teoria de alas que se supõe existir dentro da Frelimo, não se deve
colocar de lado a hipótese de uma cabala estar a ser engendrada pela mão da ala
feminista dos que no último Comité Central sairam vencedores que a vêem como
sendo uma ameaça para a sua estabilidade política e económica futura e o tempo
começa a escassear. E tal não me parece coisa de Homens, deve ser mesmo coisa
de mulheres. Sou forçado a pensar na senhora que o um jornalista diz ser “a
mulher poderosa” da Frelimo. E eu prefiro tratá-la com uma outra designação:
ponderosa. A Margarida??? Isto só pode ser problema dos dentro e os de fora,
fora de quê? Luísa Diogo foi para fora do jogo quando desafiou Nhusy em segunda
volta. A dona Lulu foi vítima do seu “atrevimento”.(R.Bié)
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