A subida dos preços de combustíveis, a crescente inflação e consequente subida de preços de produtos alimentares de primeira necessidade e não só, a crise dos doadores, a descoberta de vários rombos financeiros em diversas direcções do aparelho do Estado, a morte a tiro do Director das Alfândegas Orlando José, a acusação de Barão de Droga ao Momade Bachir Sulemane pelo Estado Norte-americano para lém dos vários relatórios internacionais desabonando o país em várias vertentes, mormente na governação, respeito pelos direitos humanos e luta contra o tráfico de pessoas, órgãos humanos e droga, contribuiram em grande medida para a subida da tensão do actual Governo. E já no fim do Mundial, os resultados da estratégia traçada para tirar o máximo do proveito deste evento não mais podiam ser tão descalabrosos do que os que se nos apresentaram. Seis meses depois, não se vislumbra nenhuma esperança sobre o anunciado combate à pobreza urbana, que merecera destaque no discurso de tomada de posse de Armando Guebuza. Já na zona rural, se bem a situação aponte para alguma melhoria, o ritmo parece quase paralisante. As visitas de Estado efectuadas aos vários distritos poucos resultados têm trazido em termos de mudança de atitude por parte dos colaboradores do estado e do governo em diferentes níveis de administração da República. Em algumas partes deste país, o Presidente da República já visitou pelo menos, duas vezes em 5 anos. Porém a tónica popular é a mesma: o povo denuncia o nepotismo na atribuição dos fundos de investimento de iniciativa local vulgo 7 milhões, o PR constata o fraco ritmo de recuperação do crédito concedido, verifica a mais abjecta incompetência dos servidores do povo no cumprimento das metas por si próprios estabelecidas, entre outras constatações experimentadas pelo próprio timoneiro da nação. O discurso do Presidente da República apesar de arrojado, não é materializado nas práticas concretas e hodiernas. O que se pensava potencial discurso mobilizador, está cada vez a criar problemas de percepção à vários níveis. Se aduzirmos o acima escrito aos actuais acontecimentos políticos na Beira e ao escândalo das sms da Ministra de Trabalho, podemos de certeza dizer que o Governo fecha o semestre em baixa. O turbilhão da Beira vem provar como as instituições de justiça moçambicana ainda precisam de aprimorar a sua independência na sua actuação ante as instituições e ao poder político por um lado, e por outro, demonstram até que ponto as pessoas estão predispostas a cometer um sem-número de irregularidades em benefício de um poder político invisível. O que está a acontecer na Beira vem pôr água sobre os esforços e os ganhos já garantidos no sector de administração da justiça. A nódoa que a Helena Taípo detonou sobre o Conselho de Ministros/Governo sugere um mal-estar generalizado entre ela e os quadros do seu ministério. Não é a primeira vez que os telemóveis usados pela Helena Taípo são violados no seu conteúdo. Mas, este é outro assunto. Porém, o que é de estranhar é a posição [a ausência dela, diga-se] do Conselho de Ministros que, sabendo-se já que o Gabinete Central de Combate à Corrupção tenciona investigar a gestão do INSS e por essa via a Helena Taipo, não se pronuncia de forma esclarecedora sobre o que está a acontecer com o seu membro. As transcrições que nos são dadas a ler na imprensa sugerem estarmos perante um caso interessante de falta de gestão criteriosa dos fundos do Estado, pelo que o seu esclarecimento ajudaria a oxigenar e capitalizar o pouco do que se produziu nos últimos seis meses. O resto do semestre que falta, o PR terá a oportunidade de oferecer aos moçambicanos o que lhes faltou ao longo dos últimos cinco anos do seu primeiro mandato: corajem de chamar a membros da sua máquina governativa pelas qualidades que cada um deles demonstrar e agir de acordo com o nível da sua desilusão. Deverá esquecer por enquanto as suas reflexões poético-filosóficas; do ensaio ao debate sobre a revisão constitucional; das estratégias do próximo Congresso para voltar ao documento que o levou à vitória, e daí, retomar às actividades governativas que impactem na vida social e económica do país e dos moçambicanos. Por outro lado, o PR deverá tornar o seu discurso menos exotérico para assim chegar à todos com a mesma clareza possível. É que há muitos que ainda estão perplexos, na esperança de um dia virem entender o sentido prático e implicações para a política de termos que ele já pronunciou, tais sejam “geração de viragem”, “pobreza mental”, “auto superação”, “autoflagelação” entre outros. (Escrito por Egidio G. Vaz Raposo/ Historiador e Consultor em Comunicação).
quinta-feira, agosto 12, 2010
Filosofias à venda
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