Fazer cinema em Moçambique não é como praticar qualquer outro tipo de arte ou manifestação cultural. É uma arte difícil, cara e muito exigente, daí que sejam poucos que por ela enveredam e deixam indelével a sua marca. Muitos fazedores do cinema lutam para manter esta arte viva. Em Moçambique, contam-se aos dedos as salas de exibição activas, embora nas principais cidades ainda se possa passar uma tarde de Domingo a assistir a um filme, ainda que raramente produzido localmente.Os realizadores moçambicanos vivem de entraves de natureza financeira, tecnológica, infra-estrutural resultante da privatização de casas de exibição, a fraca audiência, entre outros problemas, mas estes não cruzam os braços e já se contam as curtas-metragens, os documentários, entre outras produções com fundos próprios, patrocínios privados, parcerias, entre uma e outra ajuda do governo, através do Instituto Nacional do Cinema.O gosto do cinema moçambicano sente-se com o festival internacional de documentários “Dockanema” que Maputo tem vindo a acolher desde 2006, em que se projecta mais centenas de filmes, não só moçambicanos, mas também brasileiros e europeus. Algumas produções cinematográficas moçambicanas com reconhecimento incluem “Os Hóspedes da Noite” de Licínio Azevedo, “Terra Sonâmbula”, de Teresa Prata, “O Gotejar da Luz” de Camilo de Sousa, “A Bola” de Orlando Mesquita, entre vários.Rogério Manjate é um jovem moçambicano nascido em 1972 em Maputo. Polivalente, Manjate é actor e director de teatro, jornalista, escritor e realizador de cinema. Apaixonou-se pela arte, contrariamente à sua formação académica em Agronomia pela Universidade Eduardo Mondlane, a primeira e mais antiga instituição pública de ensino superior. Teve o seu primeiro livro "Amor Silvestre", publicado em 2001, a que se seguiram "Casa em Flor", "Choveria Areia" , em 2005, e "Mbila + Dinka", este em 2007. Como cineasta, antes de "I love you", dirigiu e produziu "My Husband’s Denial", um filme sobre a negação da SIDA.A curta-metragen “I Love You”, de Rogério Manjate ganhou o prémio para a melhor curta-metragem no Festival de Cinema Africano de Tarifa (FCAT), que teve lugar na cidade de Tarifa, em Espanha, em 2009.A obra concorreu ao Festival com outras 15 curta-metragens de diferentes países na secção “África em Curta”. “I Love You” tem a duração de apenas 4 minutos e narra a história de Mandala, um rapaz de 11 anos de idade que acaba de descobrir que a sua vizinha, a Josefina, é prostituta. Apesar de muito novo, Mandala sabe o que é a Sida, e se debate consigo próprio pois não sabe como dizer à Josefina que deve se proteger da doença usando o preservativo. Ele vai, então, encontrar uma maneira original e única de o comunicar através do amor inocente que sente por ela.O comovente drama venceu outros prémios para curtas-metragens em outros países como a África do Sul, no Durban International Film Festival, e Reino Unido, o que representa um grande orgulho da cultura cinematográfica moçambicana e reforça a ideia do cienasta que pode vencer no mundo do cinema.Em 2003, fazedores e amantes do cinema criaram a Associação Moçambicana de Cinestas (AMOCINE) cujo objectivo visa essencialmente revitalizar a produção do cinema em Moçambique. Através da AMOCINE criou-se um fundo para o apoio e desenvolvimento do cinema com suporte essencial da Cooperação Francesa através do Fundo de Apoio a Cinematografia Nacional, financiado pela Cooperação Francesa.
segunda-feira, agosto 09, 2010
Cinema moçambicano
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