A resolução do conflito de Cabinda não passa por uma vitória militar, mas pelo diálogo entre angolanos e cabindas, defende o presidente interino da Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC).Alexandre Builo Tati, que encabeça o auto-denominado 'movimento renovador' da FLEC, que afastou o histórico Henrique Nzita Tiago da liderança efetiva, salientou que 'a única diferença entre a antiga visão e a actual é que nós pensamos, neste momento, que a luta deve ser adaptada ao contexto atual'.'Não há diferença entre o antigo programa e o novo em termos de objetivos e de metas', preconizou, considerando que a independência de Cabinda continua a ser o objetivo principal, mas reconhecendo que o caminho passa pelo diálogo e não pela continuidade da luta armada, que classificou como defesa face à agressão de Angola.'O povo de Cabinda é que tem sido vítima de uma agressão, de uma ocupação. São os angolanos que fazem a guerra contra o povo de Cabinda, que apenas se defende', vincou. Questionado se se verifica um impasse militar no território, Alexandre Tati diz que sim.'Isso está provado, porque Angola utilizou todo o arsenal possível e parece-me que demonstrámos que o povo de Cabinda resistiu. Angola fez tudo para conseguir uma vitória militar, mas não conseguiu', frisou.Face ao impasse militar, a solução passa pelo diálogo entre angolanos e cabindas e, numa prova de boa vontade, a FLEC está a observar desde 11 de Janeiro passado uma 'trégua unilateral'.'Decretámos (a trégua) para mostrar ao mundo que não somos terroristas', vincou.A continuação de actividade armada por guerrilheiros cabindas é explicada por Alexandre Tati como prova de 'falta de maturidade, de unidade e coerência'.Foi o caso da acção armada perpetrada em Janeiro passado, que atingiu uma delegação desportiva togolesa, pela auto denominada FLEC/Posição Militar, liderada por Rodriques Mingas.'Tiveram comportamento político negativo. Este é o problema que tem sido repreendido pelo Alto Comando. Já atirámos à atenção várias vezes para que fizessem prova de maturidade, de unidade e coerência, para podermos então ir organizados, não só perante Angola mas também perante a comunidade internacional', disse.'Porque isto atinge a própria credibilidade do movimento. É preciso metermos um bocado de ordem nas coisas, sabermos quem é quem, qual é o programa de cada um e assim enfrentarmos Angola de uma forma unida', acrescentou.Antes de avançar para o diálogo, os cabindas precisam de se organizar, unindo as facções desavindas e apresentando-se a uma só voz, no que Alexandre Tati classificou de 'processo inclusivo'.'Queremos uma paz que não seja efémera. Queremos construir uma paz definitiva em Cabinda. É preciso discutirmos com a outra parte, discutirmos e encontrar as soluções, mas quando falo de soluções quero falar de soluções justas, que tenham em conta as reivindicações do povo de Cabinda', destacou.No futuro imediato importa ratificar em congresso, ainda sem data, as alterações divulgadas no passado dia 29 de junho, em que a Nzita Tiago (82 anos) é reconhecido lugar cimeiro na história da luta pela independência de Cabinda mas não mais a liderança.
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