Ultimamente temos falado
muito sobre falsos profetas, os que enganam as pessoas em nome de Deus, e pouco
falamos sobre os falsos políticos, os que ingressam na carreira política, não
para beneficiar o povo, mas sim para satisfazer os seus próprios apetites.
A grande semelhança entre
falsos profetas e os falsos políticos é que ambos são trapaceiros, ocupam
posições em que normalmente deviam ajudar as pessoas a encontrar as melhores
formas de viver, mãos não o fazem, o único foco destes é conquistar o poder e
gerar mais e mais riquezas para eles mesmos. Existe uma ligeira
diferença que sob o meu ponto de vista faz dos falsos profetas melhores que os
falsos políticos. Os falsos profetas, mesmo recorrendo aos meios que usam, eles
visam o bem social, isto é, eles adulteram algumas verdades divinas para disso
tirarem benefícios, mas salvaguardam a principal mensagem, fazer o bem, e
muitas das pessoas que são exploradas por este grupo não percebem. Contrariamente,
a acção dos falsos políticos visa totalmente o mal, não há nenhum bem explícito
nem oculto. Eles querem apenas assaltar os cofres do Estado e ganhar
influências para o seu próprio benefício, é um "perigo perigoso" Ter
falsos políticos no poder.
Mas, neste texto, o
assunto é sobre os “pula-pulas” políticos, os políticos que além de serem
falsos, são o símbolo da falta de vergonha, falta de carácter e também falta de
princípios pessoais. Este grupo de políticos cuja principal característica é
mudar frequentemente de partidos políticos, tem vindo a crescer em Moçambique
nos últimos tempos, sobretudo quando chegam os períodos eleitorais, aliás, tem
vindo a crescer não, tem vindo a revelar-se, pois sempre existiu acantonado por
ai, esperando pelo momento certo para agir. Os “pula-pulas” políticos
existem em todos os partidos, estão na Frelimo, na Renamo, no MDM e noutros
partidos de pouca expressão a nível do país, mas a sua revelação depende do
momento em que os partidos enfrentam, dito doutra forma, num partido como a
Frelimo, em que há muito leite no peito, é difícil identificar os “pula-pulas”,
pois, estão todos a mamar, mas basta apenas escassear o leite para perceber
“quem é quem”.
Não o fiz antes, mas este
texto devia ter sido escrito ano passado (2018), quando um grupo de membros do
Movimento Democrático de Moçambique (MDM), incluindo figuras com capital
político notável como Venâncio Mondlane e Manuel de Araújo, abandonou o partido
para juntar-se à Renamo, alegadamente porque o MDM não era um partido
democrático, fiquei muito chocado com aquela realidade, O MDM que achava ter os
“pontas-de-lança” para conquistar mais municípios, de repente viu o barco a
afundar.
Escrevo agora, depois de
ter visto a publicação, no Facebook, de um dos desertores do MDM, Ismael
Nhacucué, na qual diz que está de volta à casa (MDM), alegadamente porque a
Renamo deixou de ser aquilo que o levou a abandonar o MDM. É o cúmulo da falta
de vergonha, o mais impressionante é que ele tenta defender-se, como se fosse
vítima, quando na verdade foi a sua ambição desmedida ao poder que virou contra
ele mesmo.
Se Ismael Nhacucué fosse
um político sério tal como tenta convencer as pessoas no seu texto, ou pelo
menos com a noção de vergonha, ele tinha três alternativas.
1. Sofrer calado na Renamo
até que um dia as coisas possam eventualmente melhorar.
2. Abandonar a Renamo e
criar o seu próprio partido, uma vez que ele acha que tem muito para dar na
política. Ou,
3. Abandonar
definitivamente a actividade política. Não seria culpa dele, tentou, mas não
encontrou partidos políticos sérios, podia muito bem abraçar outras formas de
manifestação de cidadania, não é apenas por via da política que se pode
contribuir para o desenvolvimento do país.
Mas, de entre todas as
alternativas, ele preferiu voltar onde pode ter tudo de bandeja, haja
sinceridade, política não é como mecânica, jornalismo, docência ou outras
profissões em que você pode trocar de patrão quantas vezes quiser, dependendo
das propostas, política é também uma questão de integridade e boa
postura.
Tal como defende o biólogo
português Joaquim Jorge, num dos seus artigos publicado no “Jornal de notícias”
“Ser político não deve ser uma profissão, mas um lugar transitório para ajudar
ao bem comum. Na maioria das profissões existe um período probatório de
exigência e de prova de capacidades, também para se ser político deveria
acontecer o mesmo”.
Aquando da sua saída do
MDM, Ismael Nhacucué disse à imprensa que “Não temos outra alternativa, senão juntarmo-nos
à Renamo, que é de facto, neste momento, o único partido da oposição com
capacidade real de ganhar as eleições e governar Moçambique”. Não faz nenhum
sentido que ele volte ao MDM depois do que disse, é um acto de muita coragem, a
justificação de que se socorre, "gozo de direito Constitucional” é
"conversa para o boi dormir", se assim fosse teria ido experimentar
novos ares no PAHUMO, PIMO, VERDE, PT ou mesmo juntar-se à mamã Mutoropa.
Quando uma mulher assume-se como prostituta, deve ser tratada como
tal, eu creio que o MDM já aprendeu a lição e vai dar o devido tratamento ao
grupo de "pula-pulas" Recém-regressados, pois a qualquer momento,
quando a Frelimo, Renamo ou outros partidos precisarem deles podem
"bazar" Novamente, não me parecem ser pessoas dignas de
confiança.
O texto de Ismael Nhacucué
no Facebook fez-me repensar numa das razões que levou à reprovação da
candidatura de António Frangoulis ao cargo de Juiz Conselheiro do Conselho
Constitucional, a dita “postura pública”, de facto, vejo que faz sentido, não
podemos permitir que qualquer um entre para ocupar cargos relevantes nas
instituições do Estado, públicas, até mesmo privadas, vamos preservar a ética e
a moral. A política já foi banalizada, hoje em dia qualquer “boladeiro” pode
ser político, cabe a nós proteger as nossas instituições da banalização.
Penso que a saída de
alguns "pula-pulas" Do MDM para a Renamo foi muito precipitada, na
verdade a Renamo precisava somente dos "pontas-de-lança", pessoas que
podiam ser muito úteis ao partido, mas os outros manos boêmios pensaram
"Ya, é lá onde há festa, vamos" E terminaram na situação em que
estão, “com uma mão na frente e outras atrás”, perderam até o que tinham no
MDM.
Temos o caso de Venâncio
Mondlane com o seu projecto falhado, mas como ele pelo menos tem a noção de
vergonha, ainda está lá na Renamo contentando-se com migalhas, a Renamo também
como sabe que "VM7" É um recurso de alto valor decidiu acarinhar, mas
não é o que Mondlane tinha planificado. Não vou falar do mano Mané, o campeão
da "Debandada", com este o destino foi agradável. Dito doutra forma,
as pessoas de que a Renamo realmente precisava ainda estão lá.
Já para terminar, quando
os recém-regressados saíram do MDM alegavam falta de democracia interna, e
agora? De noite para o dia o MDM virou um partido democrático?
"…ademais, está claro
de que entre os três candidatos à Presidência da República, Daviz Mbepo Simango
é o candidato mais acertado para dirigir os destinos deste país" (Ismael Nhacucué,
In: Facebook, 02.08.19). Hehehehe, Epah, nossos políticos. (V.Á. in facebook)
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