Assassinada no Centro de Estudos Africanos da Universidade
Eduardo Mondlane, em Maputo, há 37 anos. Na altura, Ruth era directora de investigação
do CEA. Intelectual marxista de grande rigor teórico, profundo conhecimento,
enorme capacidade de organização prática e sempre envolvida na fronteira da
investigação social, do debate e do questionamento e da inovação das ideias,
dos métodos e abordagens. Como poucos, foi um modelo para o que na filosofia
marxista se chama praxis; como poucos entendeu a unidade profunda das lutas de
libertação nacional e emancipação política, social e económica África Austral,
vendo a África Austral como um subsistema e não um somatório de casos nacionais
unidos por mero pragmatismo (o profundo estudo que dirigiu sobre o trabalho
migratório unia várias das características da abordagem de Ruth, nomeadamente a
abordagem do capitalismo como sistema de acumulação de capital, o enfoque no
estudo das condições de reprodução e exploração da força de trabalho, a
percepção clara da unidade sistemica do capitalismo na África Austral, a
aplicação rigorosa e historicamente localizada da teoria à investigação e a
utilização da investigação para
desenvolver a teoria, a associação entre 9
trabalho rigoroso dr investigação e a luta política emancipadora das classes
trabalhadoras); como poucos, associou a investigação e o ensino, a experiência
e as lutas políticas à investigação, o rigor e profundidade intelectuais à
capacidade prática de organização. Como diria Samora Machel, na altura, a Ruth
First era uma arma sofisticada, produzida pelas tensões e contradições do
capitalismo, do colonialismo e do apartheid, pela longa história de resistência
e pela tradição marxista da crítica da economia política do capitalismo e da
busca dos caminhos revolucionários e historicamente localizados de superação do
capitalismo.
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