A Sala Da Paz, uma plataforma conjunta, que está a acompanhar
o actual processo de recenseamento eleitoral em curso em Moçambique, mostra-se
céptica em relação ao alcance das metas previstas e estima que, se o ritmo das
inscrições continuar como vem acontecendo, cerca de 1.3 milhão de potenciais
eleitores poderão ficar de fora do processo.A informação foi avançada hoje, em
Maputo, por Egídio Guambe, gestor de projectos do Instituto para a Democracia
Multipartidária, organização da sociedade civil que faz parte da plataforma
conjunta de observação de processos eleitorais.“Ao ritmo que as coisas vêm acontecendo
achamos que as metas estão bastante comprometidas. De acordo com os dados
oficiais, esta foi a quinta semana do processo e a segunda pior até ao momento,
com cerca de 893.827 eleitores inscritos a nível nacional”, disse.
Segundo a fonte, se o ritmo que se verifica, até ao momento,
continuar até ao fim do processo, só duas províncias podem alcançar as metas
previstas. Trata-se de Cabo Delgado, Norte de Moçambique, e Gaza, Sul do país.“Faltando
uma semana para o término do processo as províncias de Cabo Delgado e Gaza
estão com 80 por cento de eleitores já inscritos” disse.Guambe destacou que
esta tendência mostra que os órgãos de gestão eleitoral do país devem repensar
estratégias e envidar esforços para que a situação seja revertida nos últimos
dias do recenseamento, sob o risco de limitar muitos cidadãos de participar do
processo.“Esta meta pode variar positivamente caso se registe uma maior
afluência nestes últimos dias e sejam criadas condições necessárias para que os
cidadãos se recenseiem”, anotou.
Os dados oficiais dos órgãos de administração eleitoral
apontam para uma meta de cerca de 7.241,739 eleitores e, até agora, estão
recenseados 4.590,347 eleitores, faltando para a última semana do processo
2.751,392 potenciais eleitores por inscrever, sendo que, a missão torna-se
difícil devido a forma pouco lenta como tem decorrido o processo.A fonte
realçou que a situação pode melhorar se os órgão de administração eleitoral
moçambicanos conseguirem ultrapassar os constrangimentos do processo,
nomeadamente as paralisações constantes devido a falta de corrente nos mobiles,
fraca reposição de materiais por parte do pessoal de apoio técnico, limitada
capacidade de resposta por parte dos órgãos eleitorais dos distritos, entre
outros.
“Ainda existem postos de recenseamento que nunca funcionaram
desde o início do processo. Continuam as paralisações constantes das
actividades nos postos de recenseamento e avarias sistemáticas das máquinas”,
denunciou Guambe.A Sala Da Paz entende que os órgãos eleitorais estão a
conduzir o processo num contexto em que há limitações de orçamento, onde o
Governo moçambicano só disponibilizou 44 por cento do orçamento solicitado,
mas, mesmo assim, podem ser tomadas medidas para evitar que uma parte
significativa dos cidadãos moçambicanos fique de fora do processo.O
recenseamento eleitoral em curso no país, que teve seu arranque no dia 15 de
Abril passado e termina a 30 de Maio, conta com 7.737 postos de recenseamento,
assistidos por 5.096 brigadas e espera-se atingir a meta global de cerca de 13
milhões de pessoas, incluindo os recenseados em 2018, aquando das eleições
autárquicas.
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