Produção de chá pode ter dias contados, dizem. Queixam-se de rendimentos
insuficientes e da má condição das estradas e pedem ajuda ao Governo para que
se mantenha a tradição da produção de chá nesta região de Moçambique.
Gurué é uma região de chá. É aqui que se encontram as maiores plantações de
chá de Moçambique. No entanto, os produtores dizem que o negócio está
comprometido: falta energia eléctrica nas fábricas de processamento de chá e há
péssimas vias de acesso para escoar o produto.“Estamos um pouco apreensivos”,
diy Amed Aly, da empresa Chazeira de Moçambique. “Como nós exportamos, a
desvalorização do metical está a ajudar-nos a manter estas empresas, embora com
deficiência”, explica Aly, acrescentando que “não faz sentido o chá ter que
pagar IVA, porque isso traz uma série de desvantagens”.
“Os nossos rendimentos são bastante baixos. O nosso método de trabalho está
ultrapassado, trabalhamos áreas que já sofreram, o que significa que a
densidade inicial diminuiu bastante”, conclui.Em resumo, o chá está a perder
qualidade e os rendimentos das empresas são baixos. O chá produzido em Gurué
está a ser menos consumido no país. Muitos moçambicanos preferem comprar o chá
importado da África do Sul, que fica mais barato em relação ao chá nacional,
principalmente o de Gurué.Os produtores culpam o Governo moçambicano. Segundo
eles, os governantes parecem ter pouco interesse em tornar esta cultura
rentável.“Gostaríamos de ver qual é a possibilidade de o Governo apoiar os
produtores nestas áreas de re-plantio, de aumento das áreas de produção e a
substituição das próprias áreas que estamos a explorar, neste momento. Foram
concedidas há 40 ou 50 anos”, explica Amed Aly. “Mesmo a própria tecnologia já
está ultrapassada e isso traz desvantagens quando vamos para um mercado
internacional”, considera o empresário.Recentemente, o ministro da Agricultura
de Moçambique, José Pacheco, visitou as chazeiras e disse que o Executivo tudo
fará para que o chá de Gurué volte a ser reconhecido como nos tempos antigos. “Quero
que os nossos produtores possam ter acesso aos meios e factores de produção em
quantidade e qualidade suficientes para que tenham altos níveis de
produtividade e para que o nosso país ocupe o seu espaço de direito como um dos
países produtores de comida e não só”, diz José Pacheco, sublinhando que “este
Governo está comprometido com a produção agrária”.Ravi Singi, outro empresário
e produtor do Chá Magoma, em Gurué, pede ao Governo medidas concretas para
impulsionar a produção na região. Singi diz que os produtores investem muito
dinheiro para pôr as firmas em funcionamento, mas, em contrapartida, não há
lucros. “Há mais vantagens em exportar o chá do que em vender localmente”,
conclui.Vários produtores estão a substituir o chá pela macadâmia, uma espécie
de amêndoa usada para a produção de chocolates.
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