Depois de cerca de uma década de
autêntico defeso, Moçambique voltou a solicitar ajuda financeira ao Fundo
Monetário Internacional (FMI) no valor de cerca de 300 milhões de dólares
norte-americanos, que poderão ser desembolsados em meados do próximo mês. O desembolso será feito ao abrigo
dos chamados direitos de saque especiais, que o próprio FMI considera de “apoio
financeiro mais flexível e mais bem adaptado às diversas necessidades de países
de baixa renda, incluindo em tempos de
choques ou crise”. De acordo com um comunicado de
imprensa do FMI a que o “Diário de Moçambique” teve aceso, o credito “tem uma menor taxa de juro do que
outros empréstimos”. Uma missão do FMI esteve em
Maputo no mês passado e fez uma avaliação optimista da economia moçambicana. “A
actividade económica em 2015 mantem-se sólida”, refere o comunicado, que
sublinha que isso acontece “embora tenham
surgido novos desafios que exigem uma acção política decisiva”. O FMI estima que a taxa de
crescimento do PIB este ano chegará a 6,3 por cento (significativamente
inferior ao esperado - 7,5 por cento), acelerando para 6,5 por cento em 2016. A
inflação é baixa actualmente em cerca de dois por cento ao ano, mas o FMI
espera que aumente para cinco ou seis por cento ao longo dos próximos meses
“devido à recente depreciação do metical”. O FMI espera que as taxas de
crescimento económico possam subir para uma média de oito por cento no período
de 2017-2020 devido a perspectivas positivas de maciços investimentos em
indústria extractiva, com particular enfoque para o gás
natural liquefeito. O documento assinala que “as importações moçambicanas continuaram a
crescer a um ritmo acelerado de 17 por
cento anualmente, enquanto as
exportações estagnaram”. Esta situação tem criado pressões
no mercado cambial e causou um acentuado declínio nas reservas internacionais e uma
depreciação do metical. Essas dificuldades causaram
problemas e atrasos no cumprimento das metas acordadas com o FMI que recomenda
“um pacote de políticas correctivas para
colocar o programa de volta aos trilhos e
gerir sobretudo a balança de pagamentos”. O FMI, entretanto, elogia ao
Banco de Moçambique “com a recente decisão de apertar a política
monetária e recomendou a continuação do ciclo de apertos”, numa clara
referência à decisão do banco
central de aumentar as suas taxas de
juro.
A
Facilidade Permanente de Cedência (a taxa de juro paga pelos bancos comerciais
ao banco central sobre o dinheiro emprestado no Mercado Monetário
Interbancário) aumentou em 50 por cento.
Facilidade Permanente de
Depósitos (a taxa paga pelo banco central aos bancos comerciais sobre o
dinheiro que depositam nele) aumentou de 1,5 para dois por cento, enquanto o coeficiente de
reservas obrigatórias - a quantidade de dinheiro que os bancos comerciais devem
depositar junto do Banco de Moçambique -
subiu de oito
para nove por cento. O comunicado vinca ainda que “a missão do FMI acredita que o programa económico das
autoridades, em conjunto com o pacote de política acordada, é forte e adequado
para responder aos choques externos temporários que a economia de Moçambique está a
atravessar neste momento”. O FMI já foi um credor
significativo, mas todas as dívidas de Moçambique ao FMI foram canceladas em
Dezembro de 2005, ao abrigo da Iniciativa de Alívio da Dívida Multilateral
(MDRI). Desde
então, Moçambique nunca mais pediu emprestado dinheiro ao FMI.
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