Há um braço de ferro instalado entre alguns
membros da RENAMO e Raul Novinte, o presidente eleito do Conselho Autarquico da
cidade portuária de Nacala, na província de Nampula. Em causa está a
reivindicação de tomada de posições de chefia, com destaque para o posto de
vereador, por parte de alguns membros que consideram que o novo edil deve por
"obrigação" colocar no seu governo, independente da competência muito
menos respeito a hierarquia, pessoas directamente ligadas ao partido. Num áudio
que circula nas redes sociais, Feliciano Linha, membro da RENAMO e docente na
Escola Serviços Missionários de Caridade para África (SEMICA), instituição que
tem como o seu fundador e director Raul Novinte (edil eleito de Nacala-Porto),
faz duras críticas ao cabeça-de-lista vencedor, pelo facto deste tencionar
criar um “governo inclusivo”.
Na mesma conversa em tom de autêntica violação
psicológica entre os interlocutores, Raul Novinte faz transparecer que será
“inclusivo” e só aceitará trabalhar com “competentes” e chegou mesmo a prometer
colocar o seu cargo à disposição, caso o partido interfira na formação do seu
governo. A posição de Novinte chateou Feliciano Linha, que por um instante
esqueceu-se que estava perante o também seu director, e disse que o partido
deverá colocar pessoas de confiança e não se permitirá que membros de outros
partidos, como por exemplo a FRELIMO, possam fazer parte da equipa
governamental.
Eis alguns detalhes da conversa:
“Não
queremos pessoas da Frelimo a mandar no nosso governo. Nós temos pessoas
capazes dirigir e se agires deste modo não vais durar”, afirmou Linha.
Respondendo, Novinte adiantou que não vai acatar as decisões emanadas pelos
órgãos superiores da Perdiz, ou caso não, vai se demitir.
“Não cabe as pessoas da Cidade de Nampula
decidirem quem deve mandar em Nacala. A questão da formação do governo no
município não é por estudo, nem na vereação não é por estudo. É por ideias,
responsabilidade, respeito e dignidade da pessoa. Aqui, Aqui eu não vou buscar
porque você estudou e é licenciado”, afirmou Novinte.
Já Linha interpôs, dizendo que “o partido
Renamo, a delegação política e outros quadros que respondem por Nacala a nível
nacional é que irão determinar as pessoas que estarão no governo e não cabe a
Novinte decidir sozinho sobre o assunto”. Durante a discussão, Novinte pergunta
ao seu interlocutor: “ Se tu não estás a respeitar agora que não tomei
posse, achas que irei convidar-te para o meu governo?”
Linha responde: “ não cabe você
convidar-me mas sim o partido irá solicitar-nos para fazer parte do governo”.
Fontes contactadas pela Carta indicam que o
problema surge porque Raúl Novinte pretende convidar alguns membros da Frelimo
que fazem parte do actual governo de Rui Chong Saw. O cabeça de lista da Renamo
venceu as eleições de 10 de Outubro com 54,63 % equivalente a 43,810 votos válidos
contra 32,469 do candidato da Frelimo, Rui Chong Saw e do Movimento Democrático
de Moçambique (MDM), com 2.247 votos. (Sitoi
Lutxeque e Omardine Omar)
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