sexta-feira, novembro 02, 2018

Os pecados do garoto de Sesimbra!

Há, naturalmente, razões muito fortes que levaram o técnico Nélson Santos a pronunciar-se daquela forma antes do final do campeonato, prova que discutia “taco a taco com a União Desportiva do Songo. Provavelmente o técnico quisesse fazer o aproveitamento circunstancial, despedindo-se do seu público, em virtude do jogo com o Textáfrica do Chimoio ser o último disputado no Estádio da Machava. Independemente das razões,a atitude chocou a todos aqueles que nem sequer haviam cogitado essa possibilidade.Esse foi, entre os vários pecados cometidos por Nélson Santos na presente temporada, aquele que será recordado na curta passagem pelo Ferroviário de Maputo, principalmente por ter sido protagonizados alguns minutos antes de uma partida, a primeira das três últimas do campeonato, num momento em que a sua equipa devia ter concentração máxima para entrar em campo e jogar todos os seus argumentos para atacar o título, anunciar o rompimento, o que pode ter tido influência nos primeiros minutos do jogo (os jogadores já sabiam, de certeza).Nélson Santos não quis adiantar as razões da sua decisão e, por conseguinte, ficaram no ar todas as interpretações possíveis, até de uma possibilidade de sabotagem do seu trabalho por alguns membros da Direcção locomotiva, por este ser aposta de Sancho Quipiço Jr, o presidente da colectividade locomotiva.
Tudo o que se diz não passa de especulação. Nenhuma das partes pronunciou sobre as reais causas. Mas, indo às consequências dos tais pronunciamentos, começamos por salientar que o tal jogo com o Textáfrica do Chimoio não correu da melhor maneira. Os locomotivas chegaram a estar em desvantagem de dois-a-zero e depois de reduzir para 1-2 igualaram o jogo num lance polémico, bastante debatido em toda a semana. 
Acabou por vencer a partida, mas a Direcção do Ferroviário de Maputo não quis “engolir em seco” os pronunciamentos do treinador e decidiu romper o compromisso e colocar Carlos Manuel (Caló) no comando técnico, coadjuvado por Carlos Baúte, Florêncio Tembe e Manuel Valoi, estes dois que haviam feito parte da equipa técnica anterior.
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Recorde-se que o Ferroviário de Maputo contratou Nélson Santos quando este parecia firme no Costa do Sol, até porque conseguira conquistar a Taça de Moçambique, depois de um largo tempo de interregno de festejos pelos canarinhos. Para os locomotivas, que haviam conquistador o seu último campeonato em 2015, tinha sido uma grande vitória ir buscar um treinador que havia sido vice-campeão por duas vezes (2015 e 2017), sem ligar a certeza de que esse é o lugar do primeiro dos últimos. Essa contratação contagiou positivamente os adeptos fervorosos locomotivas, que apoiaram a entrada em “sua casa”. No plano exibicional a equipa de Nélson Santos não enchia o olho aos mais atentos e adeptos do bom futebol, mas as vitórias suplantavam todo o resto. Nos finais das partidas o jovem técnico dava-se ao luxo de explicar aos leitores, ouvintes e telespectadores que o mais importante era ganhar e que o aspecto exibicional não era o mais importante. O campeonato foi seguindo, com os locomotivas 100 por cento vitoriosos nos jogos no Estádio da Machava, até à recepção ao Maxaquene, com quem perderam por 1-3. Ainda assim o Ferroviário de Maputo vinha com algumas alterações no “xadrez” em relação ao ano passado (Diogo perdera a titularidade, o mesmo acontecendo com Timbe), lançando novas unidades que foram respondendo positivamente à sua chamada ao “onze”. Tudo indicava que, mesmo sem um futebol convincente, pela primeira vez Nélson Santos, face ao avanço na tabela classificativa em relação aos restantes concorrentes, poderia festejar o título.
Imagem relacionadaNo percurso para a conquista do título outro pecado significativo prendeu-se com as derrotas “fora de portas”, mesmo com adversários considerados inferiores. Essa forma titubeante de caminhar pode ter sido um dos elementos fundamentais para permitir que a União Desportiva do Songo alcançasse os locomotivas e ainda se desse ao luxo de ultrapassá-los com vantagem confortável. Nos percalços vão as duas derrotas consecutivas frente à Liga Desportiva de Maputo, na Matola “C”, e frente ao Songo no campo da Hidroeléctrica de Cahora Bassa. A equipa descontrolou-se e mesmo assim venceu na recepção ao seu homónimo de Nampula, no Estádio da Machava, mas aí a sua situação começou a ficar mais complicada porque os hidroeléctricos não tiram o pé do acelerador. Nélson Santos, de certeza, deve ter se recordado do que andava a dizer sobre o capítulo exibicional e mesmo face à derrota do seu concorrente directo na luta pelo título, na Beira, não conseguiu vencer diante do aflito Ferroviário de Nacala, empatando a zero, num jogo em que a segunda parte começou 25 minutos depois em relação a todas outras desse dia, criando celeuma que recordou os nove minutos de 2015 que levaram o Ferroviário de Maputo a celebrar o título.

Imagem relacionadaResultado de imagem para diamantino mirandaO técnico Nélson Santos surgiu no futebol moçambicano através do Costa do Sol como adjunto de Diamantino Miranda, que saiu da equipa em 2013. Os últimos jogos dessa temporada foram orientados por Nélson Santos, que no ano seguinte trabalhou também como adjunto de Arnaldo Salvado, no regresso aos canarinhos em 2014. Lembrar que as coisas não correram bem ao “papa-títulos”, que a meio da época teve de ser substituído pelo então adjunto, Nélson Santos. O presidente do Costa do Sol, na altura (Amosse Chicualacuala) considerou que o português nascido em Sesimbra podia ser a grande alternativa à equipa técnica e depositou confiança nele, fazendo aposta séria em 2015, que valeu o segundo lugar no Moçambola. O seu regresso aos canarinhos em 2017 foi com o intuído de devolver o título de campeão que lhes fugia desde 2007, mas a equipa acabou por ficar apenas com a Taça de Moçambique. Pelo percurso do Costa do Sol nessa época esperava-se por uma relação continuada no ano seguinte, mas Nélson Santos preferiu seguir para o Ferroviário de Maputo. Referir que sobre a saída de Arnaldo Salvado do Costa do Sol circularam informações de que Nélson Santos podia ter tido alguma influência, o que nunca foi assumido por Salvado nem por nenhum membro ligado aos canarinhos  nesse período.

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