A Bizfirst já vinha suportando a plataforma Ponto 24, donde o
SIMO herdou o conceito. A Ponto 24 era gerida pela Interbancos, uma sociedade
que nos anos mais recentes tinha como acionistas o Banco de Fomento
(Grupo BPI), o BDC, o Banco Standard Totta, o BCI e a Soluções. A rede
interbancária do Ponto 24 era constituída pelo BCI, FNB, Moza Banco, Banco
Único, Banco Terra Moçambique, Standard Bank, CPC Moçambique Internet Banking,
Capital Bank, Banco Oportunidade, Socremo e Banco Mais.
Para cumprir o desiderato da inclusão financeira, o Banco de
Moçambique adquiriu, em 2015, a Interbancos, tornando-se o acionista de
referência numa sociedade donde também fazem parte Millennium BIM, Barclays,
Standard Bank, BCI, International Commercial Bank (ICB), The Mauritius
Commercial Bank Moçambique e pela Cooperativa de Poupança e Crédito. A
Rede Simo integra o African Banking Corporation (ABC), o First National Bank
(FNB), Socremo Banco de Microfinanças, o Banco Mais, Ecobank, Banco
Oportunidade de Moçambique, Banco Terra, Mozabanco, Banco Nacional de
Investimento (BNI), United Bank of Africa (UBA) e Banco Único.
O problema é que, quando tomou conta da Interbancos, o SIMO
não iniciou um novo contrato com a BizFirst para o uso da plataforma, disse uma
fonte conhecedora do processo. A SIMO apenas estendeu o contrato iniciado pela
Interbancos. Eventualmente, a SIMO equacionou implantar um novo software mas
isso nunca aconteceu. Hoje, tentámos em vão ouvir Fairal Nhabinde, a PCE do
SIMO, mas em vão. Quando assumiu a Interbancos, a SIMO manteve parte da equipa
que fazia a gestão do sistema desde os primórdios do Ponto 24, que tinha à
cabeça o engenheiro português Carlos Street, tido como o “mastermind” por
detrás do projeto. Street manteve-se em funções no SIMO até muito recentemente,
tendo sido convidado a sair. Há quem relacione a crise com a saída de Street. Ele está em
Portugal e, num breve contacto, prometeu partilhar informações sobre este caso.
Seja como for, a solução para o diferendo será uma entre as seguintes: o BM
aceitar um novo contrato com o BizFirst ou implantar um novo software de raiz.
Uma coisa é certa: a crise das POSs e ATMs é mais um golpe profundo na reputação
do banco central.
Sexta-feira, 16 de Novembro de 2018, ficará marcado na
história de Moçambique como o dia da apresentação formal da SIMO (Sociedade
Interbancária de Moçambique) aos Moçambicanos. Quem não a conhecia, passou a
conhecer. O que falta agora é todos perceberem de onde vem a SIMO.
A SIMO é uma entidade criada para gerir a Rede Única
Nacional de Pagamentos, gerindo os serviços relacionados com Caixas Automáticas
(ATMs) e Point of Sale Machines (POSs), Operações com Cartões, Mibile Banking e
Carteiras Móveis. Um dos pressupostos fundamentais para a criação da SIMO, há
mais de dez anos, era a redução dos custos de transação bancárias e
consequentemente promover a expansão e inclusão dos serviços financeiros.
Entretanto o modelo concebido para materializar este pressuposto provou ser um
desastre desde o início. Se não vejamos:
1. A SIMO é criada num modelo em que o Banco de Moçambique
(BM) entra como acionista maioritário (51%) os bancos comerciais
distribuíam entre si os restantes 49%. O regulador passa a sócio dos regulados 🙈. A distribuição das ações pelos bancos comerciais foi
tal que benefíciou aos grandes Bancos.
2. A implementação da SIMO centrava-se no desenvolvimento de
um sistema de pagamentos de raiz, obrigando assim que todos os bancos e a
interbancos (Ponto 24), desactivassem os seus sistemas e deitassem por terra
todas inovações feitas até a data. Para implementar está ideia macabra,
contratou-se a SIBS de Portugal. Como esperado, a implementação do sistema de
raiz fracassou por várias razões previsíveis por qualquer amador de gestão e
consequentemente a SIMO perdeu milhões de dólares no processo. A PGR ou o
Tribunal Administrativo deveriam interessar-se por isto.
3. Fracassada a implementação da rede de raiz, o BM regulador
e acionaista maioritario da SIMO impõe que a Interbancos deveria vender sua
infraestrutura, conhecida por Ponto 24, a SIMO. Caso contrário o Ponto 24
deveria deixar de operar. Após várias negociações e cedências, a interbancos
vende sua plataforma a SIMO e a rede Ponto 24 passa a fazer parte da
infraestrutura chave da SIMO.
4. Consumada a compra dos activos da Interbancos, os
compradores não tiveram o cuidado de acautelar os inúmeros riscos relacionados
com as dependências relativamente aos fornecedores, principalmente os
fornecedores portugueses responsáveis pelo licenciamento e suporte da
plataforma principal. Portanto, o processo de transição da gestão, tal como o
modelo de negócios todo e a estrutura da gestão do projecto, foi mal concebido
e obviamente resultando numa transição desastrosa. O Banco de Moçambique,
regulador e acionista maioritário e o mandão nesta estória toda, preocupou-se
mais em cumprir com uma agenda política e nao em assegurar que aspectos
técnicos e de gestão em relação a Rede Unica estivessem devidamente acautelados.
Razão pela qual obrigaram todos os bancos a migrarem seus serviços para a rede
SIMO, sub pena de sofrerem penalizações caso nãoo fizessem. A única excepção
concedida foi o BIM, devido a incapacidade que a actual infrastructura da SIMO
( herdada da interbancos) tem para suportar o volume de transações e
necessidades do BIM. Acordou-se que o BIM faria uma transição gradual, a medida
que a SIMO fosse construindo a sua nova Infrastructura. Na verdade a SIMO nao
estava e não está preparada para albergar todos os bancos os interesses dos
mesmos.
5. Não tendo desenhado um plano de transição realista, mas
sim virado para cumprir com agendas políticas e agradar ao Governo, desde o
momento em que herdou a infraestrutura da Interbancos a SIMO depara-se com
problemas tecnicos, financeiros e de gestão para garantir o normal
funcionamento da rede. Quanto à gestão, a SIMO é gerida por indivíduos que
pouco entendem do funcionamento e da complexidade de sistemas de pagamentos.
Vieram maioritariamente dos escritórios do BM e não da experiência pratica quer
de IT ou os negócios relacionados com os serviços que pretendem gerir. Sobre os
técnicos, A SIMO não tem capacidade técnica para servir os quase 18 bancos
existentes na praça, sendo que ela depende fundamentalmente de 1 a 2 indivíduos
chave. A SIMO não consegue dar vazão as varias solicitações dos bancos. Por
último no que diz respeito as finanças, quando herdou a infraestrutura, o BM
somente considerou prioritário o capital a investir na aquisição e subestimou
os custos operacionais ralacionados com licenças das várias aplicações, pelo
menos a curto e médio prazo. Aliás, é este último ponto que trás agora ao de
cima toda podridão que é a SIMO. Há meses que a SIMO está numa luta intensa com
os seus principais fornecedores, porque os mesmos também se aperceberam das
fragilidades existentes para estorqui-lá o quanto puderem.
6. Pode-se dizer que o impasse nos valores que se estão a
cobrar a SIMO é que nos levaram a este descalabro. Entretanto a verdade é que a
SIMO é um canalha que nunca deveria ter nascido. Todos os passos na sua criação
deram torto, ao ponto de o BM ter que usar a força par que os Bancos aderissem
ao mesmo. Entretanto está claro que os pressupostos para sua criação eram
meramente ficção. Prova disso são as avultadas perdas financeiras da SIMO, os
sucessivos pedidos de injeção de capital e obviamente o que temos vindo a
experimentar desde o dia 16 de Novembro de 2018, o dia em que ficamos a
conhecer a SIMO.E agora, o que fazemos? Só nos resta continuar a gastar mais
dinheiro para corrigir o problema que criamos.
Aqui está mais um exemplo de incompetência na comunicação em tempos de crise. Devo recordar aos canalhas do SIMO e do Banco de Moçambique um adágio inglês que diz: if you find yourself in a hole stop digging. Ou seja, quando te aperceberes que estás numa cova, pare de cavar. A conferência de imprensa que a SIMO deu hoje é disto um exemplo. Exacerbou a ansiedade dos moçambicanos, com consequências negativas para os BANCOS afetados, com excepção do BIM. Manchou a imagem do Banco de Moçambique. Amanhã, o país não será o mesmo. Os Bancos, individualmente, deviam já vir a terreiro dar informações aos seus clientes sobre como irão ultrapassar a situação, respondendo a uma ou duas perguntas concretas. 1. O que farei com o meu cartão de débito/crédito? 2. As ATM do meu banco e o cartão servem para que? Por outras palavras, há ou não plano B, à semelhança do BIM?
O BM por sua vez pode responder a uma pergunta: com a
falência do sistema, vai ou não relaxar a obrigação de integrar todos bancos no
moribundo SIMO? Não podem os bancos perseguirem suas alternativas?
De uma ou de outra maneira está erguida e inaugurada a
estátua da incompetência. Os canalhas estão expostos. Viver de esquemas dá
certo uma, duas, três vezes. Mas nunca para sempre. Estamos de volta ao senso
comum. Tempo para restaurar a VERDADE às definições de origem. Se não tinha nada para falar, não tinha solução nem novidade,
porque veio dar a conferência de imprensa num domingo, dois dias depois do
apagão geral? O conteúdo da conferência de imprensa de hoje era apropriado para
sexta-feira e mesmo assim, era tarde. Era para saber-se em Maio. Como alguém prejudica todo povo moçambicano de uma vez e não
vai preso? Justiça popular contra Zandamela! Justiça popular contra Gertrudes
Tovela SIMO!
JUSTIÇA PELAS PRÓPRIAS MÃOS JÁ.
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