Afinal não é apenas o
mercenário americano Erick Prince, que já fechou parcerias com a Tunamar e com
a ENH, que tem interesses no lucrativo negócio da proteção da industria
extrativa. Moçambique corre o risco de vir a tornar-se no palco de uma segunda
guerra fria. O empresário conhecido como "chef" de Vladimir Putin por
seu trabalho de “catering” no Kremlin e que ajudou a Rússia a tomar parte da
Ucrânia, a fazer a guerra na Síria e se intrometer nas eleições dos EUA, está
com os apetites apontados a África, trazendo um exército de mercenários e “spin
doctors” para ganhar dinheiro no sector da segurança.
De acordo com o Moscow Times
(MT), numa edição de 20 de Novembro passado, Yevgeny Prigozhin (na foto), o dono do restaurante preferido de Putin, em São Petersburgo, emergiu
como um homem improvável no impulso tardio da Rússia para reforçar seu poder
geopolítico ao reacender os laços da Guerra Fria numa região subdesenvolvida,
repleta de riquezas minerais inexploradas.
MT escreve que, sem a força
financeira de seus principais rivais (os EUA, a Europa e a China), a Rússia
está conquistando um nicho ao apoiar os homens fortes em estados instáveis, mas
potencialmente ricos, que apreciam armamento russo. Prigozhin com seu grupo de
mercenários e agentes políticos estão oferecendo segurança, treinamento de
armas e serviços de campanha eleitoral em troca de direitos de mineração e
outras oportunidades. “Ele já está ativo ou entrando em 10 países com os quais
as forças armadas da Rússia já se relacionam: República Democrática do Congo,
Sudão, Líbia, Madagáscar, Angola, Guiné, Guiné-Bissau, Moçambique, Zimbábue e
República Centro-Africana”.
A escalada de mercenários
russos para África ocorre quando Putin se prepara para receber mais de 50
líderes na primeira cimeira entre a Rússia e a África em 2019. Será um evento
que consolidará a "presença ativa da Rússia na região", disse o
ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, antes da passagem pelo
continente. no início deste ano. De acordo com o MT, a natureza discreta dos
negócios da Prigozhin garante alguma negação do Kremlin. Putin, que deu
Prigozhin um prémio por seu serviço ao Estado em 2014, comparou o trabalho de
seu antigo aliado ao de George Soros, o filantropo bilionário americano de
origem húngara, que há muito é acusado pelo Kremlin de subverter governos a
pedido de Washington.
Prigozhin está ligado ao Grupo
Wagner, um exército de mercenários russos que lutam ao lado de Bashar al-Assada
na Síria, uma face visível do emprego de grupos militares privados para atingir
objetivos geopolíticos e geoestratégicos por parte da Rússia. Em Moçambique,
diferentemente de Erick Prince, que já caiu nas graças de uma empresa estatal
de segurança e pescas (a Ematum) e outra de hidrocarbonetos (a ENH), ainda não
há indicações concretas da presença de russos. Mas a incapacidade do Estado em
pôr termo aos violentos ataques a populares em Cabo Delgado está a aguçar o
apetite de contingentes de mercenários que lucram com a violência. Analistas
acreditam que Moçambique é um dos alvos do Grupo Wagner. (Carta)
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