Mais de 500
transportadores de carga decidiram bloquear, na tarde desta terça-feira(10),
por tempo indeterminado, a ponte sobre o rio Save, para impedir o trânsito de
qualquer tipo de viaturas, militares ou civis, em ambos os sentidos. Dizem que
o protesto visa pressionar as partes para alcançarem rapidamente o consenso nas
negociações. Os automobilistas, que deviam sair na segunda coluna, recusaram-se
a sair com a escolta das FADM, acusando estas de serem as instigadoras do
conflito. Segundo disseram, os homens armados da Renamo só atacam quando há
agentes das FADM e da FIR, que os andam a perseguir. “Decidimos paralisar o
trânsito até que haja consenso nas negociações que decorrem no Centro de
Conferências ‘Joaquim Chissano’. Nem hoje [terça-feira] nem amanhã nem depois,
nenhum carro vai passar daqui, na ponte do rio Save, quer no sentido Save-Muxúnguè,
como no sentido Muxúnguè-Save”, disse ao telefone um dos camionistas que
solicitou o anonimato. Dizem que as FADM e a FIR não estão a ser capazes de
garantir a segurança das colunas, por isso o trânsito vai continuar paralisado
até que haja condições.
Com a recusa dos camionistas, apenas uns 50 carros
ligeiros e machimbombos de passageiros atravessaram o Save em direcção a
Muxúnguè, escoltados pelas forças militares do Governo. “Apelamos ao Governo
para o bom senso na mesa das negociações. Ou, então, que declarem a guerra,
para nós ficarmos a saber que o país está numa situação de guerra”, acrescentou
a fonte. A primeira coluna, na manhã de terça-feira, foi atacada quando fazia o
trajecto Muxúnguè-Save, ao longo da Estrada Nacional N1, na província de Sofala.
Na sequência do ataque, duas pessoas civis ficaram feridas, um carro blindado
da Força de Intervenção Rápida e dois camiões de carga, um dos quais
pertencente à empresa TRANSAUTO, foram alvejados e, consequentemente,
imobilizados com vários furos de balas.Os feridos foram imediatamente evacuados
para o Hospital Rural de Muxúnguè.Entretanto, a reportagem do Canalmoz
estacionada em Muxúnguè testemunhou, na tarde de terça-feira, naquele ponto do
país, a chegada de mais de 100 militares zimbabweanos àquela região,
provenientes do batalhão Nhanga, treinado no Zimbabwe. Ninguém soube explicar o
propósito da presença militar zimbabweana na zona do conflito. Aqueles
militares passaram pela coluna na tarde de terça-feira transportados em
autocarros das FADM. (B.Álvaro e J.Jeco)
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