terça-feira, junho 10, 2014

Galo que gosta de cajú

Marcos Juma, presidente do Partido Nacional dos Moçambicanos, PANAMO, apresentou à Comissão Nacional de Eleições, CNE, para as eleições de 15 de Outubro deste ano de 2014, como símbolo do seu partido um galo muito semelhante ao do Movimento Democrático de Moçambique, MDM. Ao invés de rejeitar, de imediato, que é para não confundir os potenciais eleitores dos dois partidos, a CNE acolheu e aconselhou os dois partidos para se entenderem lá fora, o que demonstra a má-fé deste órgão. A lei não permite que sempre um galo, que pode ser alto, baixo, com muita ou pouca penas, é sempre um galo.

Com quem o MDM se aliou? Vejamos o que escreve o jornal Notícias, de 11 de Setembro de 2001:
Marcos Juma, antigo deputado da Assembleia República pela bancada da União-Democrática, foi ontem condenado a dois anos de prisão, com pena suspensa por cinco anos, juntamente com a sua esposa, Delfina Juma, por se ter provado o seu envolvimento no crime de falsificação de moeda estrangeira, nomeadamente, o dólar americano, no primeiro trimestre de 1999, altura em que ainda era deputado. (...) No entanto, para além da pena de dois anos de prisão suspensa por cinco anos, Marcos Juma terá que pagar 800 mil meticais de imposto de justiça (...) Entretanto, durante a leitura da sentença, o tribunal disse haver evidências de que o casal, juntamente com os dois estrangeiros congoleses, forjaram, na residência dos primeiros, a moeda estrangeira – in Notícias, 11 de Setembro de 2001.

PANAMO-MDM-04-06-2014“Havia uma pequena confusão de símbolos, tentámos conversar com os dois partidos, sendo que mais tarde recebemos uma carta do PANAMO a manifestar desistência do processo eleitoral”, disse Paulo Cuinica, porta-voz da CNE. 

Feito o acordo de “cavalheiros”, não resta mais nada ao MDM senão carregar Marcos Juma e sua companhia às eleições para as assembleias provinciais e Assembleia da República. Marcos Juma é visto, pelo público, como um falsificador de moeda estrangeira, portanto, um cadastrado. Este “casamento circunstancial” pode minar o MDM aos olhos dos seus militantes e simpatizantes.Pessoas que ouvimos, sobre este caso, dizem não acreditar que a CNE teria acolhido um símbolo parecido com batuque e maçaroca apresentado por concorrente qualquer. Ao aceitar que o PANAMO entregasse uma imitação de um galo, fica claro que este órgão pretende favorecer o partido Frelimo, baralhando os potenciais apoiantes do MDM. Marcos Juma das poucas aparições que tem feito, sempre aparece ao lado da Frelimo, dando vivas ao Presidente Armando Guebuza, logo, ele não pode trazer qualquer mais-valia à aliança.

Refira-se que na primeira legislatura multipartidária, o PANAMO tinha como símbolo um caju, mas, admiravelmente, agora aparece com um galo, algo que nunca tinha antes usado em público nem em privado. Recorde-se, também, que, nas eleições autárquicas de 2008, aconteceu algo semelhante, na Beira, com o GDB, uma verdadeira criação da Frelimo, que imitou um pássaro para se parecer com a perdiz da Renamo, tendo, para o feito, conseguido sete assentos na assembleia municipal da Beira. Durante todo o mandato, o GDB tomava posições semelhantes às da bancada da Frelimo na inviabilização dos planos da edilidade.

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