O presidente da
Renamo, Afonso Dhlakama, acusou os dirigentes religiosos baseados em Maputo de
serem “traidores, cobardes e coniventes” por, segundo ele, nas suas tomadas de
posição, estarem a favorecer o Governo da Frelimo liderado pelo presidente
Armando Guebuza. Durante uma teleconferência com os religiosos da União das
Religiões, que eram encabeçados por José Guerra, que é pastor da Igreja
Universal do Reino de Deus e presidente do Conselho de Administração da
Televisão Miramar, duas instituições que estão profundamente aliadas ao partido
Frelimo, Dhlakama disse:
“Vós sois traidores, porque, quando a Frelimo
nos ataca aqui na Gorongosa, não condenam, e quando nós tentamos travar as
incursões das tropas governamentais em Muxúnguè, aparecem a condenarem-nos”.“Avisámos
que ele [Guebuza] está a mandar contingentes, mas ninguém ligava, nem vocês, os
religiosos, e agora é que estão a chorar! Vocês também não são sérios”,
declarou Afonso Dhlakama.A Renamo ameaça dividir o país ao meio, caso o Governo não colabore com as
propostas postas em cima da mesa das negociações.O presidente da Renamo voltou
a colocar a questão da paridade nas Forças de Defesa e Segurança como assunto
que pode evitar que o país seja dividido.
“Nós estamos cansados e a Frelimo não nos quer ouvir, perguntem ao Guebuza onde
é que ele quer colocar os homens da Renamo, ou então vamos dividir isto. O
Sudão dividiu-se, a Alemanha Federal com a Alemanha Democrática estavam
divididas, Coreia do Norte e Coreia do Sul, por causa dessas brincadeiras de
regimes que maltratavam os outros”, afirmou Dhlakama.Embora a ameaça de dividir o país não seja nova, desta vez a mensagem foi
dirigida aos chefes religiosos baseados em Maputo, alguns dos quais fazem parte
do grupo de propaganda ideológica conhecido por “G40” e têm-se empenhado
publicamente em acções de culto da personalidade dirigidas à figura de Armando
Guebuza e da sua esposa Maria da Luz.
O presidente da
Renamo explicou que alargou e intensificou os ataques na zona centro do país
nos últimos dias para se defender das incursões das Forças de Defesa e
Segurança.
Apesar da tentativa dos chefes das igrejas – a Igreja Católica e o Conselho
Cristão estiveram ausentes por razões que não foram divulgadas – para
persuadirem o presidente da Renamo a parar com os ataques e a prosseguir com o
diálogo, Dhlakama foi severo ao responsabilizá-los pela actual situação de
tensão político-militar.No entanto, o presidente da Renamo declarou que está
comprometido com a paz, pediu aos dirigentes religiosos para sensibilizarem
igualmente o Governo, tal como fazem com a Renamo, de modo a que o Governo pare
com “acções visando acabar com a Renamo” e deixou um último apelo para que
sensibilizem igualmente o Governo para terminar com acções que prejudiquem o
desenvolvimento no país.
Entretanto, de
visita à Irlanda, o chefe do Estado moçambicano, Armando Guebuza, acusou o
líder da Renamo, Afonso Dhlakama, de inventar problemas para satisfazer os seus
interesses pessoais à custa dos moçambicanos.Guebuza disse que os homens
armados da oposição “acordam todos os dias para matar os seus irmãos”.A Renamo
anunciou, na semana passada, a suspensão do cessar-fogo que tinha decretado
unilateralmente com a intenção de parar os confrontos com o Governo moçambicano
num conflito que já dura há vários meses. (B. Álvaro)
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