O atropelo
feroz das leis e desrespeito por tudo quanto é senso comum move alguns
políticos do nosso país. Compreende-se que não queiram perder o poder mas daí a
enveredarem por uma via de destruição do que foi conseguido a muito custo não é
razoável e é até de se recusar e denunciar.
Mesmo que a máquina de comunicação social pública não se atreva a
contrariar a estratégia montada pelo partido no poder (Frelimo), não se pode
dar descanso a quem não abandona a via do aniquilamento do edifício democrático
nacional. A fanfarra e vista grossa que
as hostes do PR fazem a tudo o que é crítica à sua pré-campanha eleitoral de
todo ilícita porque é feita com meios do Estado denota um estado de espírito
preocupante.
Denota que há um temor desmedido sobre a possibilidade de perderem
o poder, o que até é compreensível. Estiveram todos estes últimos anos
navegando numa onda falsa, semeando ou criando uma situação que os colocaria
acima de todos. Não esperavam contrariedades nem capacidade por parte dos que
se lhe opunham. Tendo estendido o
seu poder e influência a todas as esferas e controlando efectivamente os
diferentes poderes democráticos, exibiam uma confiança à prova de qualquer
golpe. Só que a dinâmica política e
social cedo começou a demonstrar que não era bem assim que as coisas estavam.
Os moçambicanos não estavam domesticados ou anestesiados a ponto de abandonar
as suas pretensões de viverem numa sociedade democrática, justa e de justiça. Ideólogos ou estrategas do regime foram fazendo leituras medíocres da situação
e interpretando as convulsões sociais como obra de mão-externa, reportando ao
líder Guebuza que tudo estava bem. Repetidamente o PR foi a Assembleia da
República dizer que o “Estado da Nação” era bom. Mentira esfarrapada como todos
sabem. Quando os velhos e idosos
não tem tratamento condigno e vivem abandonados e à sua sorte, quando milhares
de crianças são obrigadas a sentarem-se no chão nas escolas do país, quando
centenas de escolas estão mal apetrechadas e as crianças estão condenadas a
precariedade não se pode dizer que algo esteja bem, mas insistiam em dizer que
“o estado da Nação é bom!”. As falcatruas de funcionários públicos em todos os sectores, os desvios inúmeros
de recursos públicos para alimentar circuitos sinuosos de corrupção, continuam
mas fingia-se e finge-se que nada está a acontecer. Quem devia zelar pelo
interesse público está entregue a múltiplas agendas criminosas. Por parte das assessorias dos governantes
montou-se um esquema de produção de relatórios falsos para agradar as chefias.
Os chefes na verdade estão nos cargos e exercem suas funções apenas com a
perspectiva de aproveitamento das possibilidades existentes e cultivadas para
impulsionar seus negócios privados. Isto tudo que digo são meras
constatações da realidade. É preciso
ajudar os políticos a discernirem o que convém ao país tendo em conta os reais
interesses nacionais. Temos de reconhecer que algumas das consequências
nefastas de decisões tomadas pelo governo se devem a recusa deste escutar o que
dizem os cidadãos comuns. Outro aspecto é que muitos dos nossos
políticos são medíocres e chegam a posições governamentais através de esquemas
claros de recompensa por “trabalho sujo” feito. Quando se chega a governador de
uma província ou a ministro por via de ser primeiro-secretário do partido não
admira a qualidade do trabalho efectuado por estes dignitários. Agora que o tempo aperta e se andou perdendo
o mesmo engendrando esquemas visando a manutenção do poder perde-se até o
descaramento e compostura característica de titulares de cargos públicos. É a
atrapalhação que governa ou orienta as acções de quem se diz por que se julga
político por excelência.
Não é por acaso que a impressão geral é de que o governo é demasiado arrogante
na sua actuação. Despreza os mais básicos requisitos e avança com suas agendas
de maneira unilateral. Agora que já experimentou o sabor da derrota em círculos eleitorais
importantes, os “comissários políticos” procuram a todo o custo descobrir as
causas. Mesmo com reuniões obrigatórias de funcionários do Estado, com
orientação ameaçadora de que o voto deve ter só num único sentido as derrotas
aconteceram e teme-se que o fenómeno se repita. Afinal de “comissários políticos”
tinham o nome mas não a substância. São fracos em análise ou simplesmente
distraídos pela miríade de interesses que tem. Polida
e impecavelmente vestidos, detentores de poder discricionário e senhores de
consideráveis fortunas, pensavam que estava tudo feito e garantido. Que os
outros eram uns maltrapilhos incomodando que nem moscas. Agora correm contra o
relógio e a idade de reforma os deixa sentados, gozando de suas regalias. Multiplicam-se em viagens ao serviço do partido numa tentativa de inverter a tendência
de voto dos moçambicanos mas mesmo suas convicções já sofrem de esgotamento. Gente que se desgastou num combate titânico por regalias ilícitas ainda aparece
fazendo campanha política e promovendo o novo candidato a Presidente do partido
no poder. Outros que já acumulam incontáveis derrotas eleitorais ainda rosnam e
rugem como se nada tivesse acontecido.
Que será mesmo
que se passa no campo ou partido a que pertencem estes senhores e senhoras?
Será uma táctica de queima ou corrosão política de pessoas para que no fim os
culpados sejam todos menos alguns?
Será que não há o senso de compreender de que equipa que perde troca-se?
Será que as chicotadas psicológicas tão típicas no futebol não dizem nada a
estes políticos?
Ou será tal o desespero que o suicídio político é o caminho escolhido?
O importante é os moçambicanos não se deixem enganar por políticos fossilizados
e por outros que não passam de escroques…
Queremos recuperar a dignidade de quem teima em roubar. Queremos ser
cidadãos livres da indigência e de qualquer caridade… queremos exercer a nossa
cidadania… só isso… quem já não tem argumentos que abandone o campo. (N.N.)
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