O Observatório do Meio Rural (OMR), uma
organização da sociedade civil, defende que é um equívoco pensar que as
receitas resultantes da exploração dos recursos naturais poderão ser
suficientes para cobrir a dívida externa do país.“Estamos a ter muito endividamento
pensando que os recursos naturais vão nos proporcionar grandes riquezas no
futuro”, disse o economista moçambicano, João Mosca, falando hoje, em Maputo,
durante uma conferência nacional intitulada “Mega-Projetcos: Políticas e
Governação”. Mosca explica que durante a elaboração de um programa de longo prazo é
necessário fazer uma provisão para todo o tipo de eventualidades que poderão
afectar negativamente determinado projecto.“Temos que contar também que há
muitos riscos”, disse o economista, para de seguida acrescentar “é complicado
quando se faz um programa de longo prazo contando-se com os recursos que vão
entrar na economia. Ao longo do programa podem acontecer diversos factores
capazes de contribuir negativamente para o programa, como situações de
instabilidade, as empresas decidirem investir noutro país, entre outras.”Assim
sendo, explicou Mosca, toda a economia entra a em crise. Também “entra em crise
o orçamento de Estado, as famílias, e acabamos mais endividados”.Refira-se que actualmente a dívida externa moçambicana está estimada em 5,8 mil
milhões de dólares.O economista disse ainda que a incapacidade da economia
moçambicana em gerir a riqueza, contribui para o aumento do número de cidadãos
pobres no país.“A nossa economia não está tendo capacidade para gerar,
negócios, emprego para que o crescimento da população seja acompanhado em maior
ritmo com actividades económicas que o país tem”, disse. Explicou que como
resultado do crescimento da população moçambicana, o número de pobres, nos
últimos 10 anos aumentou 1,6 milhões. Por isso, introduzindo o factor
crescimento da população pode-se concluir que actualmente existem mais pobres
do que há sete e cinco anos atrás.“As taxas de pobreza numa primeira fase
decresceram. A solução deste problema é a criação de emprego, negócio que acompanhe
o ritmo das actividades económicas do país, disse.
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