Homens armados
não identificados atacaram, na noite de terça-feira (1), duas composições
ferroviárias, na Linha de Sena, na zona de Semacueza, entre Muanza e Dondo, na
província de Sofala, na Região Centro do país. Ambas faziam o percurso descendente
Moatize (Tete)-Beira (Sofala). Uma das composições era da companhia mineradora brasileira Vale
de Moçambique e outra dos CFM. Um dos casos já foi assumido oficialmente, o
outro foi-nos referido apenas por fontes militares.Dos ataques resultaram dois feridos, os respectivos maquinistas. Foram
assistidos na Clínica Avicena, na Beira. O da Vale de Moçambique, ontem mesmo
teve alta. Sofreu apenas ferimentos numa perna, atingido por tiros. O outro
maquinista, cerca das 20h30 de ontem (3) ainda permanecia internado, nos cuidados
intensivos. Este foi atingido em várias partes do corpo, designadamente no
tórax, conforme aquele centro privado de saúde. A identidade das vítimas tem
estado a ser escondida.O vice ministro do Interior, José Mandra, veio a público
ainda ontem de manhã acusar a Renamo de ser autora do ataque a um dos comboios.
Referiu apenas o ataque ao comboio da Vale de que, segundo ele, resultou “um
ferido”. Mandra afirmou que o maquinista da Vale conseguiu largar “30 vagões” e conduzir
ele próprio as “duas locomotivas para o Dondo”.De várias fontes, designadamente militares, o Canalmoz apurou que houve
ataques, na mesma zona – Semacuza – a dois comboios e deles resultaram dois
maquinistas feridos.Depois de fontes militares nos terem informado que não foi apenas um comboio
atacado mas, sim, dois, na Clínica Avicena confirmámos que houve realmente dois
maquinistas feridos, tendo um deles tido alta ainda ontem e o outro permanecia
nos cuidados intensivos. O vice-ministro do Interior, José Mandra, disse que o ataque ao comboio da Vale
aconteceu por volta das 21h quando alegados homens armados, segundo ele da
Renamo, dispararam contra uma composição, com vagões de carvão, tendo sido
atingido um maquinista, “na perna”.Mandra afirmou que as “Forças Policiais, Forças Armadas de Defesa de Moçambique
e outras forças de Defesa e Segurança” estão no terreno desde ontem(3), a
vasculhar a zona para se poder responsabilizar os autores do ataque que diz ter
sido levado a cabo por “homens da Renamo”.“A Polícia da República de Moçambique e as restantes Forças de Defesa e
Segurança na província de Sofala têm a missão de garantir que a livre
circulação de pessoas e bens continue, para que estejam empenhadas no
desenvolvimento do País”, disse Mandra em declarações a jornalistas.
Outras
informaçõesNo entanto,
ainda na noite de ontem (3) fontes seguras na Clínica Avicena, na Beira, disseram
que contrariamente ao que disse o ministro foram duas as pessoas que ficaram
feridas nos ataques. Sem avançar identidades, a fonte do hospital privado – “Clínica Avicena” –
confirmou a entrada de dois homens, um que sofreu na perna direita e que já
teve alta hospitalar e outro que sofreu na parte da caixa toráxica e no
pescoço, e que ainda se encontra internado nos cuidados intensivos. A fonte diz que um dos feridos, um maquinista, se encontra sob fortes medidas
de segurança, ao ponto de não ser permitido, “nem visitas de familiares”.
Entretanto a
multinacional brasileira Vale Moçambique já reagiu ao sucedido, ao princípio da
noite de ontem, através de uma nota de imprensa. Segundo o comunicado, a
locomotiva atacada fazia o percurso Moatize–Beira, e foi atacada entre Semacueza
e Savane, na Linha de Sena.“A locomotiva foi atingida por diversos tiros, por
volta das 21 horas, tendo o maquinista sido atingido na perna. O maquinista foi
socorrido e o seu estado de saúde é estável. As operações da Vale na Linha
estão temporariamente suspensas para permitir o melhor andamento das
investigações”, lê-se no comunicado da Vale que remete qualquer explicação
adicional “às autoridades moçambicanas”.
“A Renamo não tem nenhuma informação sobre
essa ocorrência. Sempre que acontece algo, o Governo notifica a Renamo, o que
não aconteceu", afirmou Saimon Macuiane a jornalistas ontem no Centro de
Conferências Joaquim Chissano, onde decorrem conversações para se poder atingir
um acordo de paz entre o Governo da Frelimo e o partido liderado por Afonso
Dhlakama, que se têm estado a combater desde 03 de Abril de 2013 quando a
Policia atacou a sede da Renamo, em Muxúnguè.“Desde que o conflito começou,
Renamo nunca atacou a via Sena. Por que faríamos isso hoje, quando chegamos a
um acordo?”, questionou Antonio Muchunga, porta-voz de Dhlakama, citado pela
AFP.
Oficialmente o governo e a Vale falam apenas de um comboio atacado e de um
ferido. De fonte militar governamental fala-se realmente de atacadas duas composições. Fonte
no terreno indica que um dos comboios transportava armamento( blend new * ).Observadores no
terreno admitem que os ataques possam ter sido efectuados por uma força de
contra-intiligência “para comprometer a Renamo”, tendo em conta que circulavam
informações segundo as quais a Vale estaria a financiar a Renamo para que os
seus comboios não sejam atacados. (J. Jeco,Beira).
* armas oriundas do Zimbabwé, descarregadas em Tete.
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