Daviz
Simango, presidente do Conselho Municipal da Beira -CMB, é, pela segunda vez,
proposto pelo seu partido, o Movimento Democrático de Moçambique -MDM, do qual
também é o presidente, a candidato presidencial às eleições gerais de 15 de
Outubro próximo, depois de anunciadas as candidaturas de Filipe Nyussi, da
Frelimo, Afonso Dhlakama, da Renamo, e Ya-qub Sibindy, do PIMO.
Sem querer
retirar mérito ao gestor municipal do Chiveve, o que esperar agora no
desempenho das suas responsabilidades sabido das tantas e quantas vezes em que
os munícipes se viram órfãos pelas suas constantes ausências devido ao
envolvimento nas respostas ás solicitações do seu partido e, quando parece, uma
tendência crónica, os funcionários e vereadores municipais aparecerem fazendo
sempre algo a reboque do presidente?
A
disciplina urbana navega sem autoridade. O lixo e a sua deficiente recolha; as
estradas retalhadas; as vias terciárias desaparecendo engolidas pelo capim; o
desaparecimento dos espaços verdes; a cumplicidade municipal na instalação de
barracas e bancas nas estradas e passeios onde “construções” habitacionais e
comercias precárias inconcebíveis se juntam à inexistência no vocabulário do
ordenamento urbano e transformam a Beira em uma urbe rural. Uma anarquia total.
Quem se
nega a reconhecer que à problemas nesta cidade não está sendo realista. São
aspectos gritantes que os munícipes lamentam, vindas de quem iniciou de forma
exemplar na gestão municipal, onde os aplausos se faziam sentir pela chegada do
“salvador”.
Não nos
sentimos constrangidos nesta crítica aberta na medida em que andando pelas ruas
vemos um sentimento de frustração da população e um avolumar de críticas já a
nível nacional. E, essa insatisfação pelo desempenho actual do edil da Beira
serve, é usado como cavalo de batalha uma vez que este, como candidato
presidencial e a-tendendo ao crescimento, expansão me-teórica do seu partido,
ameaça os alicerces políticos do país tendo em vista as Gerais de Outubro
próximo.
A
particular situação geográfica e história política conjugam-se para tornar mais
complicado o momento difícil que a Beira vive desde sua existência.
O pântano
sempre presente, requer investimentos em tecnologias e recursos acima da média.
E uma dotação orçamental manifestamente insuficiente pode continuar a prender
as iniciativas municipais que seriam desejáveis para resolver os graves e
fundamentais problemas em vários sectores.
Não é fácil
resolver os problemas e da noite para o dia as coisas cada vez mais vão se
tornando ruins. Não admitimos que o fraco desempenho do edil da Beira possa ser
atribuído à sua inexperiência para ocupar o cargo.
Os
funcionários e vereadores municipais poderiam muito e bem fazer as intervenções
de emergência. Para tapar um buraco não é necessário que o senhor presidente se
faça ao terreno. Existe a necessidade destes fazerem um trabalho de
fiscalização dos acontecimentos diários. Impõe-se a profissionalização do CMB
nos seus diversos sectores para ter respostas no atendimento e resolução aos
problemas da cidade.
Por mais
que louvemos a existência de projectos em carteira em prol do desenvolvimento
da urbe como o Plano Director - Mastarplan, a implantar pelo município até 2035
para reestruturar a cidade desde o sistema de esgotos e drenagem (reabertura do
canal Chiveve), habitação, espaços verdes, sistema de transporte entre outros,
nada justifica o mau trato de que a urbe padece e literalmente abandonada.
Os
citadinos, obrigados, viraram malabaristas. Fica cada vez mais complicado
fazer-se aos passeios e estradas da cidade. Embora estejamos convictos,
acreditemos, aceitemos que os munícipes se vejam obrigados a abraçar todo o
tipo de esquemas e actividades para sobreviverem, isso não deve concorrer para
que não haja uma acção tendente a garantir que quem mesmo sob crassa imundice
confecciona alimentação ao ar livre e a comercializa carregando consigo
inimagináveis atentados à saúde pública, não cumpra com a postura camarária. Há
que por um travão a procedimentos completamente contrários ao que as posturas
municipais rezam. Aqui, não deixaremos de frisar que a falta de boas práticas
por parte dos munícipes ajuda, e em grande medida, para o actual descalabro.
Para tal, cabe ao município articular o necessário para realizar acções,
mostrando exemplos de como utilizar e estar, complementando e aprimorando a
gestão municipal com o envolvimento das igrejas, das escolas e mais que tais.
Por outro lado, não se deve deixar de lado o fluxo migratório de pessoas
decorrente da guerra civil e da economia do mercado no país que aumentou
sobremaneira o número de cidadãos sem que isso fosse acompanhado por um
crescimento de infraestruturas públicas e sociais, não conseguindo assim a urbe
suportar a pressão.
Portanto,
são várias as razões que transformam a Beira em desenvolvimento para o seu
actual estado rural. Sim, a urbe continua a desenvolver-se e disso ninguém
tenha dúvidas. Mas o estar melhor que ontem não significa que não existam
problemas. O município está mergulhado num mar de dificuldades reais e sem
manutenção de rotina e com qualidade não à infraestruturas que tenham
durabilidade.
Urge ao CMB
introduzir a participação social e empresarial em suas administrações.
Recuperar e promover a participação destes através de mecanismos que garantam o
seu envolvimento na formulação, execução e fiscalização das políticas públicas
municipais. Qual-quer projecto participativo será mais ou menos êxitoso se
existir uma sociedade organizada e esta for nela incorporada. -Por que não a
criação de um “movimento comunitário”?
Cabe aos
governantes desenharem cenários e estratégias que sirvam os objectivos do
desenvolvimento pro-posto. Quando os problemas surgem, são ocasiões a serem
tomados como desafios e não base para novos problemas ou origem de conflitos
entre os interlocutores. Que seja respeitada a lógica de coabitação em que os
ideias políticos ou cores partidárias promovam a facilitação.
Temos o
caso das estradas que sofreram uma acentuada degradação. Não acreditamos que o
município por si só reúna recursos suficientes para lançar-se num programa de
reabilitação de raiz como se mostra necessário. Se torna urgente trazer ao de
cima e rever o tipo de relações existentes entre o CMB, o Governo provincial, o
empresariado privado e as empresas públicas operando na cidade, como forma de
contribuírem para a conjugação de meios e recursos no sentido de atacar o que a
todos atormenta.
Quem está
se beneficiando do porto da Beira deveria colaborar com a melhoria dos acessos
a esta porta de entrada e saída de produtos. Quem opera a partir da Beira,
empresas de médio e grande porte, deveria desenhar seus programas de
responsabilidade social e corporativa tendo em conta o que a cidade necessita.
Os grandes armazéns sedia-dos na cidade, alguns dos quais com a dimensão de
portos secos, têm de reconhecer que sua intervenção se mostra necessária no
capitulo de estradas.
No fim,
olhando comparativamente para o actual estágio em que a urbe se apresenta,
chama-nos à atenção as diferenças em relação às mostras já dadas pelo Edil da
Beira.
No actual
contexto se torna imperioso o Engº Daviz Simango recuperar a confiança e repor
a legitimidade, continuando a sua primeira gestão municipal mesmo com o seu
grau de envolvimento no processo eleitoral que se avizinha. Se se afigura
pertinente atender de forma imediata aos apelos da comunidade, respondendo as
várias questões da população e assim consolidar a sua popularidade.
0 comments:
Enviar um comentário