O governo de Moçambique vai mesmo avançar com o projecto
de Gás Natural Liquefeito com o qual quer transformar a península de Cabo
Delgado numa das maiores produtores mundiais de gás.Numa altura em que as
notícias que chegam daquele território dão conta de ataques de
jihadistas que
pretendem criar um Estado governado pela lei corânica no Norte de Moçambique, o
estado moçambicano vai mesmo avançar com o projecto e a construtora Mota-Engil
acaba de anunciar ter sido umas das escolhidas para assegurar uma primeira fase
dos trabalhos.
Gonçalo Moura Martins, presidente executivo e Antonio Mota, presidente da Mota-Engil
De acordo com o comunicado enviado esta tarde à Comissão de Mercado de Valores
Mobiliários (CMVM), a Mota-Engil integra uma parceria 50/50 com a empresa belga
Besix, especializada em trabalhos marítimos, e que vai assegurar a construção
de uma ponte cais e de uma plataforma de descarga de material, que implicam um
investimento de 350 milhões de dólares (323 milhões de euros ao câmbio
actual). No total, o projecto GNL implica um investimento de 50 mil
milhões de dólares (46,17 mil milhões de euros), e estão já dois consórcios
formados para o seu desenvolvimento.
A Área 1, explorado pela Total Moçambique, após adquirir
em 2019 à norte-americana Anadarko, e a Área 4, explorado por um consórcio com
a Exxon Mobile, ENI e Galp. No caso da Área 4, a Exxon anunciou no início deste
mês o adiamento da decisão final de investimento, como parte de um programa de
poupanças para fazer face aos efeitos económicos da pandemia do novo coronavírus. O empreiteiro de engenharia, aquisições e
construção onshore do desenvolvimento da Área 1 Moçambique GNL
da Total Moçambique é a CCS JV. Foi a CCS JV quem entregou este primeiro
contrato à Mota-Engil, com os parceiros da Besix. A CCS JV participou em mais de 40% dos
projectos de LNG a nível mundial, e esta é a primeira vez que entregou uma
empreitada à Mota-Engil Moçambique, presente naquele país desde 1991. O
objectivo da construtora portuguesa é ser seleccionada para futuros contratos
relacionados com o projecto de LNG.
Dos 50 mil milhões de dólares anunciados como
investimento necessário para este mega projecto, estima-se que cerca de 15%
estejam relacionados com trabalhos de construção civil, terraplanagens,
construção de estaleiros, construção e melhora de acessos, novos cais e
plataformas. Ou seja, as empresas de construção têm aqui um potencial de
investimento de 7,5 mil milhões de dólares até 2024-2025.
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